O principal causador da doença é o HPV (vírus do papiloma humano), um câncer evitável e curável
Segundo o calendário da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), o mês de janeiro é dedicado à conscientização do câncer de colo de útero. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima 16 mil casos por ano, o que já faz dele o terceiro tipo de câncer mais prevalente entre a população feminina. A doença é silenciosa e, por isso, em cerca de 35% dos casos acaba levando à morte.
O principal causador do câncer de colo do útero é o HPV (vírus do papiloma humano), um câncer evitável e curável. Mais comum tipo de infecção sexualmente transmissível em todo o mundo, o vírus HPV atinge de forma massiva a população feminina.
Segundo o Ministério da Saúde, 75% das brasileiras sexualmente ativas entrarão em contato com o HPV ao longo da vida, sendo que o ápice da transmissão do vírus se dá na faixa dos 25 anos.
Depois do contágio, ao menos 5% dessas brasileiras irá desenvolver câncer de colo do útero em um prazo de dois a dez anos, uma taxa que preocupa os especialistas. O tumor ocorre quando as células que compõem o colo uterino sofrem agressões causadas pelo HPV. Os primeiros sinais aparecem por meio de sangramento vaginal, que podem ocorrer durante a relação sexual, fora do período menstrual e em mulheres que já estão no período da menopausa, seguido de corrimento e dor na pelve.
Estado avançado
Quando a doença já está em um estágio mais avançado, a mulher pode apresentar um quadro de anemia devido à perda de sangue, além de dores nas pernas, nas costas, problemas urinários ou intestinais e até perda de peso sem intenção.
Fatores como o início precoce da atividade sexual, a multiplicidade de parceiros sexuais e a falta de higiene íntima adequada podem ampliar o risco de desenvolvimento da doença.
Prevenção
O uso de preservativo é essencial para a prevenção da doença, pois como a transmissão se dá por via sexual, o uso do preservativo funciona como importante forma de prevenção, uma vez que o HPV está diretamente ligado ao câncer de colo de útero.
Também é de extrema importância a vacina Anti-HPV. O Sistema Único de Saúde oferece gratuitamente a vacina quadrivalente, que protege contra os quatro tipos de vírus HPV mais comuns no Brasil. É oferecida para meninos e meninas dos 9 a 14 anos.
Detecção precoce
O papanicolau é o exame usado para detectar células anormais ou alterações celulares no colo do útero. As células são retiradas e processadas. Em seguida, são analisadas sob um microscópio para verificar se as células são normais ou se existe alguma alteração visível nas mesmas.
O papanicolau é um exame excelente para encontrar células cancerosas e células que poderiam se tornar um câncer. Toda mulher deve realizar o exame uma vez por ano, desde o início da vida sexual. Vale destacar que a maioria das infecções por HPV não apresenta sintomas (lesões ou verrugas). A detecção da doença em estágio inicial evita até 80% dos óbitos.
Exame de medicina nuclear ajuda na detecção precoce
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de colo de útero é o terceiro tumor mais frequente na população feminina, responsável pelo óbito de aproximadamente 230 mil pacientes por ano no Brasil.
Outro dado preocupante é que, no Brasil, 77% das pacientes são diagnosticadas com a condição já em estágios avançados, quando aparecem determinados sintomas – como sangramentos e dores pélvicas.
Além do check-up ginecológico anual, para a detecção precoce da doença, a Medicina Nuclear é uma grande aliada, além disso a especialidade também auxilia no tratamento do câncer, uma vez que identifica a localização exata do tumor, o que permite determinar o melhor procedimento, seja quimioterapia, radioterapia ou cirurgia. O exame utilizado para o diagnóstico do câncer de colo de útero é o PET/CT (Tomografia por Emissão de Pósitrons e Tomografia Computadorizada). De acordo com o médico nuclear e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear, George Barberio Coura Filho – responsável clínico da Dimen SP, o PET/CT acompanha o funcionamento do corpo e das células e permite determinar se o câncer se disseminou para os linfonodos. Raramente é usado para pacientes com câncer do colo de útero em estágio inicial, mas pode ser usado para diagnosticar a doença mais avançada.
Como funciona o exame
Uma análise do corpo inteiro é realizada com alta precisão graças ao equipamento PET/CT, tecnologia de diagnóstico por imagem mais sensível, que, com a administração de glicose por via venosa, possibilita a análise bioquímica do corpo, identificando células cancerígenas, muitas vezes, antes da manifestação visível e antes que ocorra a metástase.
Causas da doença
O câncer de colo do útero, também chamado de cervical, é causado pela incidência de HPV. Logo, a prevenção está relacionada à diminuição do risco de contágio pelo HPV, com a vacina e o uso de preservativos, além de fatores de risco como tabagismo e uso prolongado de pílulas anticoncepcionais. Uma vez detectada a existência câncer de colo de útero existem algumas opções de tratamento com quimio, radio e imunoterapia, além da cirurgia para retirada do tecido acometido pelo câncer.
Na cirurgia também existe a opção de retirada do colo do útero e/ou do útero todo (histerectomia simples) e também a vagina e os linfonodos da região (histerectomia radical), dependendo do grau de evolução da doença.
Esclareça as principais dúvidas sobre o câncer do colo de útero
Qual o principal fator de risco para o câncer de útero?
O principal fator de risco para a doença é a infecção por HPV. Esse risco pode ser potencializado por outras doenças sexualmente transmissíveis, que aumentam a inflamação no local, reduzindo a imunidade e, assim, elevando a chance de surgimento do câncer. O tabagismo também parece estar relacionado ao desenvolvimento desse tipo de câncer.
Tem sintomas?
No início, não tem sintomas. Quando aparecem, no caso de câncer de colo de útero (base do útero) são sangramento vaginal, dor durante a relação sexual e até um odor forte. Já no caso de câncer de corpo de útero, o principal sintoma é o sangramento vaginal em mulheres menopausadas. Algumas mulheres se queixam de dor no baixo ventre e aumento do tamanho da barriga, segundo a oncologista
É possível prevenir esse tipo de câncer?
Sim. Com uso de preservativo e vacina contra o HPV. A vacina previne que a pessoa seja infectada pelo vírus e transmita para outras pessoas, além de diminuir o risco do desenvolvimento de câncer em quem tem o vírus.
A vacina também é indicada para meninos. O HPV em homens está relacionado ao câncer de pênis, canal anal, cabeça e pescoço. Vale ressaltar que, como o câncer de corpo de útero ocorre com mais frequência em mulheres obesas e diabéticas, uma boa forma de prevenção é manter uma alimentação equilibrada e praticar atividade física regularmente
Quem teve filho tem menos risco de desenvolver câncer de útero?
Ter filho diminui o risco de câncer de corpo de útero, mas não o de colo de útero. Durante a gravidez, a mulher fica 9 meses sem menstruar e, portanto, sem a descamação do endométrio nesse período. Por isso o risco do desenvolvimento de câncer de corpo de útero na mulher que foi mãe é menor. A menopausa é uma época de atenção ao início de desenvolvimento do câncer de útero?
O câncer de corpo de útero tem maior risco na menopausa. Assim, se a mulher voltar a ter sangramento após a menopausa, deve procurar um ginecologista. Já o câncer de colo de útero tem chance de ocorrer em qualquer idade, incluindo a menopausa, daí a importância do exame anual preventivo chamado papanicolau. Segundo o Ministério da Saúde, esse exame deve ser feito entre 25 e 59 anos
Tratamentos para engravidar podem aumentar o risco desse câncer?
Tratamentos para engravidar estimulam o crescimento do endométrio, camada interna do útero, para que fique mais espesso, portanto apropriado, para receber o embrião. Esse estímulo da camada pode aumentar o risco de câncer
Em quais órgãos costuma dar metástase?
O câncer de corpo de útero costuma crescer localmente e envolver órgãos ao redor, como bexiga, intestino e vagina. As metástases costumam ser para pulmão, ossos e fígado. Já o câncer de colo de útero, ao crescer, causa obstrução intestinal e dificulta a função dos rins. A metástases desse tipo de câncer costuma ser linfonodos abdominais, pulmão e ossos.
Depois que acaba a idade reprodutiva, o útero perde sua função e deve ser retirado?
A retirada do útero não é recomendada, a não ser em casos específicos, como suspeita de câncer e mioma com muito sangramento. Ela explica que os ovários produzem hormônios em pequena quantidade, mesmo após a menopausa, e por essa razão a histerectomia (retirada do útero) é evitada.
O que uma mulher pode fazer a partir dos 40 anos para não ter esse câncer?
É possível tomar algumas medidas para diminuir o risco desse tipo de câncer como manter uma alimentação saudável, praticar atividade física e evitar o sobrepeso. E ainda: tomar a vacina contra HPV e usar preservativo.