Primeiro quadrimestre tem alto índice de criminalidade

Malotes do assalto no Supermecado Liberdade que foram recuperados

Números da Secretaria Estadual de Segurança Pública mostram meses turbulentos em Ituverava 

Com casos de roubos, furtos, tráfico de drogas e estupros, o primeiro quadrimestre do ano de 2018 trouxe preocupação ao ituveravense. De acordo com estatísticas levantadas pela Secretaria Estadual de Segurança Pública, o município teve um dos índices de criminalidade mais elevados da microrregião neste período.
Foram 83 ocorrências de porte de entorpecentes; 23 ocorrências de tráfico de entorpecentes; 2 ocorrências de porte ilegal de arma; 32 flagrantes; 4 prisões com mandado; 75 prisões e 137 inquéritos policiais instaurados. Os números ainda mostram 43 lesões corporais dolosas; 6 estupros (sendo 5 deles de vulneráveis); 16 roubos; 112 furtos e 6 furtos de veículos.
No caso dos estupros, por exemplo, Ituverava tem o segundo índice mais alto da microrregião, atrás apenas de Orlândia, com 6 casos. Em seguida vêm São Joaquim da Barra (3 casos), Guará (2 casos) e Jeriquara (1). Outras cidades da região, como Aramina, Buritizal, Igarapava e Miguelópolis não tiveram casos de estupro.
O índice de furtos também é um dos mais altos da microrregião, logo atrás de São Joaquim da Barra, que teve 180 furtos, e Guará, que teve 140. Ituverava, com 112 furtos, está na frente de Orlândia (105), Igarapava (103), Miguelópolis (92), Jeriquara (35), Aramina (21) e Buritizal (19).

Porte de entorpecentes
No que se refere às ocorrências de porte de entorpecentes, Ituverava tem números bem mais altos que os das cidades vizinhas. O município teve 83 ocorrências desse tipo, contra 58 em Igarapava; 52 em São Joaquim da Barra; 40 em Miguelópolis; 37 em Guará; 25 em Orlândia; 11 em Buritizal e 6 em Aramina.
A quantidade de ocorrências de tráfico também é elevada. Foram 23 em Ituverava, contra 21 em São Joaquim da Barra; 20 em Miguelópolis; 12 em Orlândia; 10 em Igarapava; 3 em Guará e 2 em Aramina.

Comparativo com 2016

Apesar de os números causarem certa preocupação, diversos índices diminuíram em relação ao mesmo período de 2018. É o caso de ocorrências de porte de entorpecentes (que passaram de 102 para 83), lesões corporais dolosas (que passaram de 56 para 43), roubos (que passaram de 22 para 16), furtos (que caíram de 131 para 112) e furtos de veículos (que reduziram pela metade, passando de 12 para 6).
Já o aumento ocorreu em ocorrências de tráfico de entorpecentes (que passaram de 18 para 23), ocorrência de porte ilegal de arma (de 1 para 2) e estupros (que foram de 5 para 6).

Suspeitos de invadir uma república em Ituverava e estuprar uma
estudante, que foram presos

Crimes que chocaram Ituverava  não estão nas estatísticas 

Por fim, vale lembrar que dois crimes que recentemente chocaram a população não entraram nessas estatísticas, pois elas abrangem apenas os meses de janeiro a abril deste ano. Os crimes em questão são o estupro de uma jovem universitária e o homicídio de um idoso.

Estupro
Na madrugada de sexta-feira, 4 de maio, dois moradores de rua foram presos por suspeita de invadir uma república feminina e estuprar uma estudante de 24 anos. Segundo informações da Polícia Militar, horas antes do crime, a jovem havia preparado uma refeição e servido para a dupla.
Os homens arrombaram uma das janelas da residência por volta de 4h, onde a vítima estava dormindo. Sete estudantes moram na república, mas apenas o quarto de uma delas foi invadido.
Segundo o comandante do 1º Batalhão da Polícia Militar de Ituverava e Região, o capitão Helder Antônio de Paula, “um deles percebeu que havia uma moça e entrou no quarto. Ele estava com um espeto, acordou a vítima e a ameaçou antes de praticar o estupro. Ela começou chorar e gritar, até que uma das amigas que estava em outro quarto, trancou a porta e ligou para o 190”, conta.
Apenas um deles teria praticado o estupro. Os dois foram presos, e já tinham an-tecedentes criminais por furtos e outros crimes no estado de Minas Gerais.

Assalto
Na madrugada de segunda-feira, 12 de março, a Rede de Supermercados Liberdade foi alvo da ação de assaltantes. Integrantes de uma quadrilha invadiram a Loja 4 do supermercado e roubaram malotes com cerca de R$ 57 mil.
De acordo com Polícia Militar, ao menos cinco indivíduos participaram da ação, que teve início por volta das 5h30. Os suspeitos arrombaram a porta de vidro, renderam o vigia e o gerente, invadiram a loja e foram até o cofre, e na sequência fugiram com R$ 57 mil. O sistema interno de segurança filmou toda a movimentação.
Durante as diligências, um dos carros que teria sido usado na fuga foi identificado e perseguido pelos policiais militares até um canavial em Buritizal, próximo à Rodovia Anhanguera (SP-330), onde os ocupantes abandonaram o veículo e se esconderam.
Todos receberam voz de prisão em flagrante e foram encaminhados à Cadeia Pública de Franca. Um dos envolvidos reside em Ituverava, dois em Miguelópolis e os outros dois em Ribeirão Preto.

Delegacia de Polícia de Ituverava: viaturas sucateadas, falta de material humano e descaso do governo

Diversos fatores contribuem para  o aumento da criminalidade 

É importante lembrar que a localização geográfica de Ituverava favorece a ação de traficantes em Ituverava, pois a cidade está ao lado da Rodovia Anhanguera e próxima à divisa entre os Estados de São Paulo e Minas Gerais. Além disso, está perto das três maiores cidades da região: Ribeirão Preto, Franca e Uberaba.
Vale ressaltar ainda que tanto a Polícia Militar quanto a Polícia Civil têm atuado com bastante competência no combate à criminalidade. O grande problema é que o governo não investe em Segurança Pública da maneira que deveria, o que resulta na falta de policiais, viaturas e equipamentos.
Além disso, os salários recebidos pelos profissionais são incompatíveis diante da importância do trabalho e dos riscos envolvidos.
Outro fator relevante para essa situação é que a sociedade enfrenta um momento de interiorização do crime. Ou seja, práticas antes comuns apenas em cidades grandes – como assaltos, estupros e homicídios – passaram a ocorrer com frequência em pequenas cidades do interior, como Ituverava.
Só para se ter uma ideia do que está acontecendo, em 2016, o total de mortes violentas bateu recorde no Brasil, com 61.158 vítimas, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (o levantamento inclui homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte, latrocínio e mortes decorrentes de intervenção policial).

Capitais
Nas capitais, porém, houve queda acumulada de 3,5% em relação ao ano anterior, enquanto no interior os assassinatos cresceram 6% de um ano para o outro. No ano em questão (2016), 14.491 assassinatos do país ocorreram nas capitais, contra 42.933 nas demais cidades dos Estados.
Para o sociólogo Renato Sérgio de Lima, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o cenário reflete um investimento maior das capitais em segurança, devido à violência alta dos anos 1990 e 2000, o que não foi acompanhado pelo interior. “Nas regiões em que há crime organizado, quadrilhas viram espaço para crescer em cidades menores”, afirma.