Polícia encontra presença de dietilenoglicol em um dos tanques da Backer em BH

Cervejaria nega que utiliza a substância no processo de fabricação. Exames de sangue de quatro pacientes deram positivo para a presença de dietilenoglicol.

A Polícia Civil disse em entrevista coletiva nesta segunda-feira (13) que a substância dietilenoglicol foi encontrada em um dos tanques da cervejaria Backer, em Belo Horizonte. Ela seria a responsável pela síndrome nefroneural que afetou dez pessoas em Minas Gerais.

A empresa nega que usa a substância no processo de fabricação. No mesmo tanque foi encontrada a presença de monoetilenoglicol, que é usada pela Backer como anticongelante de serpentinas e tem baixa toxicidade. Porém, não deveria estar presente na cerveja. O G1 ainda aguarda posicionamento da empresa em relação à coletiva desta segunda.

De acordo com as investigações, exames de sangue de quatro vítimas deram positivo para a presença de dietilenoglicol, substância que pode ter provocado os sintomas de insuficiência renal e alterações neurológicas. As amostras de sangue, no entanto, não detectaram a presença de monoetilenoglicol.

A substância e o dietilenoglicol foram encontradas nas garrafas recolhidas nas casas destas pessoas, do lote 1348, das linhas L1 e L2 e também em garrafas recolhidas dentro da Backer.

Ainda segundo a polícia, as amostras recolhidas na fábrica foram levadas para Brasília, para a realização de estudo de carbonatação, que avalia se houve violação da embalagem. O resultado, de acordo com a polícia, deu negativo.

De acordo com o superintendente da Polícia Técnico Científica da Polícia Civil, Tales Bittencourt, a contaminação por dietilenoglicol pode ser letal com a dosagem entre 0,014mg por quilo a 0,17 mg por quilo.

“Isso significa que a dose letal para um homem de 70 quilos pode ser entre 1 grama a 12 gramas.”

Apesar de não ter sido constatada a presença de monoetilenoglicol no sangue dos pacientes internados, a substância foi encontrada nas garrafas recolhidas nas casas destas pessoas, do lote 1348, das linhas L1 e L2 e também em garrafas recolhidas dentro da Backer. O dietilenoglicol foi encontrado nas amostras de cerveja analisadas.

Ainda segundo a polícia, as amostras recolhidas na fábrica foram levadas para Brasília, para a realização de estudo de carbonatação, que avalia se houve violação da embalagem. O resultado, de acordo com a polícia, deu negativo.

A Polícia Civil confirmou que mais um lote da cerveja Belorizontina, da Backer, está contaminado por dietilenoglicol e monoetilenoglicol. Trata-se do L2 1354, segundo o delegado Flávio Grossi.

“É importante ressaltar a existência de mais este lote, que não era de conhecimento. E ao contrário do que imaginávamos, o lote não estava concentrado só no Buritis”, afirmou.

Segundo a Polícia Civil, este é o terceiro lote analisado. Mas, segundo a fabricante, os dois primeiros itens, L1 e L2, pertencem um único lote, 1348.

A corporação investiga se um ex-funcionário participou de suposta sabotagem na contaminação da cerveja. No fim do ano passado, um supervisor da cervejaria chegou a registrar boletim de ocorrência de contra o ex-trabalhador, que o ameaçou.

“Não posso afirmar se foi sabotagem ou se foi erro.”, disse Flávio Grossi Delegado titular do inquérito na coletiva.

Até agora, a Polícia Civil confirmou onze casos da chamada síndrome nefroneural. Um deles morreu em Juiz de Fora, onde estava internado, na semana passada. Além dos pacientes internados em Belo Horizonte, há um em São Lourenço e outro em Viçosa.

Fonte: g1.globo.com/