Luís Antônio Delefrate Lopes (“Sheick”) ressalta a importância de um Distrito Industrial no município de Ituverava
A Tribuna de Ituverava em continuidade ao “Projeto: Ituverava 70 Anos de Desenvolvimento Sustentável”, entrevista esta semana o agropecuarista Luís Antônio Delefrate Lopes (“Sheick”), que fala sobre sua área de atuação e a importância da instalação de um Distrito Industrial em Ituverava. Confira:

Apresentação
“Meu nome é Luís Antônio Delefrate Lopes (“Sheick”), tenho 63 anos, sou casado há 34 anos, com Maria do Carmo Avanci Lopes e tenho três filhos: Joyce Avanci Lopes, casada como Flaviano Galdiano Bechior de Sousa; Tatiane Avanci Lopes, casada com Marcelo Sandoval Maud e o agrônomo que reside em Itumbiara, Luís Gustavo Lopes, casado com Jessika Duque Rodrigues Lopes.
São meus netos Gabriel Lopes de Souza, Manuela Lopes de Souza, Marcelo Sandoval Mauad Filho e Isadora Lopes Mauad.
Sou filho de Luís Lopes, falecido em 2003, que era muito conhecido em toda região pelos agricultores, e de Dona Cândida Delefrate Lopes, hoje com 82 anos”.
Algodão
“Antigamente plantávamos algodão, depois passamos para a soja e depois voltamos para o algodão. Em seguida, passamos para a cana-de-açúcar e estamos até hoje plantando cana e soja durante as ‘entre safras’, na reforma da cana. O algodão, nos anos 70 e 80, fez com que muita gente na região ganhasse, e também perdesse dinheiro. As pessoas falam na volta do algodão, acredito que é importante pensar muito bem antes de plantar algodão, pois ele pode dar muito lucro, mas também pode causar prejuízos. Por isso, não volto a plantar algodão, a não ser que realmente não exista outra opção.
Para exemplificar, basta dizer que no passado eu vendia o algodão em pluma a R$ 70 a arroba e, 20 anos depois, o valor era R$ 32 e, hoje está em torno de R$ 70 a R$ 100. Ou seja, o custo para produzir aumentou, mas o preço na hora de vender é praticamente o mesmo.
Além disso, o algodão exige do produtor um trabalho enorme, pois caso não se dedique em tempo integral à acultura, o produtor certamente terá prejuízo”.
Cana-de-açúcar
“A cana-de-açúcar foi muito boa para a cidade, pois veio em um momento em que o algodão retrocedeu, ficando com custo muito alto e preço muito baixo. Então surgiu a cana e deu uma alavancada na economia, pois muitos agricultores estavam prestes a perder suas fazendas. Hoje, algumas pessoas ainda insistem dizer que na época do algodão estava melhor.
Por isso, acho que a cana-de-açúcar se manterá como principal cultura da região, a não ser que tenhamos uma grande mudança nos próximos anos, o que acho bastante improvável”.
Comércio
“Nas décadas de 70 e 80, o comércio de Ituverava era melhor, pois na época havia muito algodão, exigindo maior mão de obra. Mas o que aconteceu foi que, com a reviravolta que teve o algodão, os produtores pararam de ganhar dinheiro e já não podiam continuar com a cultura, pois estavam perdendo fazendas. Se essa mudança não ocorresse, a cidade iria quebrar, então a cana-de-açúcar foi necessária.
Para desenvolver o comércio, estávamos discutindo essa questão dias atrás, e entendemos o que deveria ser feito é melhorar o preço da cana, pois aumentaria a circulação de dinheiro.
Investimentos
“Acredito que o único jeito de a cidade crescer é atrair indústrias, como aconteceu com Orlândia, por exemplo. Lá existem indústrias recentemente instaladas, enquanto Ituverava não tem nada. Com novas indústrias os benefícios seriam diversos, inclusive para o comércio.
É fundamental para isso que a o Poder Público busque apoio de algum deputado influente, para que consigamos trazer indústrias para o município. Aqui temos a Fundação Educacional de Ituverava, que tem sido fundamental na sustentação da economia da cidade, mas precisamos de indústrias. Aliás, o ideal será a instalação de um Distrito Industrial no município.
É necessário, agora, fazer algumas desapropriações de terra e tirar esse projeto do papel. Para isso, vale lembrar, é preciso também oferecer incentivos às indústrias, pois, caso contrário, elas não virão”.
Fundação Educacional de Ituverava
“A Fundação Educacional representa muito para Ituverava, pois se não fosse por ela, a cidade estaria andando para trás. É uma instituição que gera muitos empregos, atrai muita gente e contribui com a economia, como pode ser exemplificado pelas pessoas de outras cidades que se mudam para cá, alugam casas e gastam seu dinheiro no comércio da cidade.
Desejo que a instituição continue crescer e que consiga instalar o curso de Medicina, algo que a FE o presidente da Santa Casa, Luiz Carlos Rodrigues (‘Busa’), têm lutado para que se torne realidade.
O curso de Agronomia é ótimo. Lembro que na época do algodão vários estudantes fizeram estágio conosco e com o Sr. Tadashi Mini. Hoje, a maior parte dos alunos termina o curso com emprego garantido, em locais como Bahia, Primavera do Leste, Mato Grosso, e constrói uma grande carreira”.
Tribuna de Ituverava
“A Tribuna de Ituverava, aliás, um excelente jornal, está de parabéns pelo aniversário de 70 anos e pelas entrevistas que têm feito. É por meio destas entrevistas é que vão surgindo ideias para o desenvolvimento.
Essas ideias vão amadurecendo até que se tornem realidade, desde que sejam apoiadas pela Prefeitura. E assim caminharemos para o futuro da cidade e da Tribuna de Ituverava”.
Saúde
“Na área da Saúde, creio que é preciso melhorar um pouco mais. A Santa Casa está muito bem montada, mas tem que melhorar algumas coisas, trazer mais médicos e mais profissionais. Hoje, não sei o que está acontecendo, mas se você precisa de um recurso melhor tem que partir para Ribeirão Preto. Então, acho que o pessoal tem que se mobilizar e fazer alguma coisa para a saúde de Ituverava melhorar.
Se trouxer o curso de Medicina para Ituverava, a saúde da cidade muda da água para o vinho, pois atrairá muita gente. Hoje sabemos sei que cidades pequenas da região procuram Ituverava por conta do atendimento na área da saúde no AME, Santa Casa e Hospital São Jorge, mas, ainda assim, acredito que temos condições de melhorar muito ainda”.