O projeto “Arduino contra a Dengue”, coloca a Etec de Ituverava em destaque no meio científico brasileiro
De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil ultrapassou os 5 milhões de casos prováveis de dengue em 2024.
Especialistas apontam que o país enfrentará, em 2024, a pior epidemia causada pelo vírus transmitido pelo Aedes aegypti desde o registro da série histórica do ministério, em 2000.
Embora uma certa estagnação e diminuição na quantidade de novos casos venham sendo observados, a tendência é que os casos voltem a aumentar no início do verão, em meados de novembro de 2024 – destacando a necessidade de medidas preventivas e combativas a essa doença.
Com o objetivo de reforçar o combate à dengue, alunos da Etec “Professor José Ignácio de Azevedo Filho” desenvolveram o projeto “Arduino contra a Dengue”.
Criado pelos alunos Laura de Paula Peres, Otávio Moreno Mira e Miguel Anderson Azevedo Souza sob a orientação do professor Argeli Pedro de Lima, a iniciativa é uma resposta criativa e tecnológica a um dos maiores desafios de saúde pública do Brasil: o combate à dengue.
Como funciona
O dispositivo utiliza a tecnologia Arduino para detectar e eliminar as larvas do mosquito Aedes aegypti antes que elas se tornem adultas, reduzindo assim a incidência da doença em áreas afetadas.
Em outas palavras, a proposta consiste em uma armadilha portátil, equipada com um espaço controlado para atrair o mosquito transmissor da doença e eliminar suas larvas.
Quando o sensor detecta movimento na água, ele envia um sinal para um sistema que ativa uma descarga elétrica, eliminando as larvas de forma eficiente.
Além disso, a armadilha é capaz de gerar estatísticas precisas sobre os focos de infestação, auxiliando na prevenção e controle da doença.
Projeto inovador
O “Arduino contra a Dengue” não apenas demonstra o potencial da tecnologia para solucionar problemas reais, mas também exemplifica a importância da inovação no desenvolvimento de soluções para questões de saúde pública.
“Ao integrar conceitos de tecnologia e empreendedorismo, o projeto reforça a missão do Centro Paula Souza de formar profissionais capazes de contribuir significativamente para o desenvolvimento social e econômico do país”, destaca a direção da Etec de Ituverava.
Criação do projeto
O orientador do projeto, professor Argeli Pedro de Lima fala sobre como a ideia surgiu.
“É preciso sempre buscar inovar, ainda mais na área de informática, e pensando em um tema que poderia ter uma boa repercussão, então chegamos a dengue, um problema de saúde pública que está sempre em alta”, afirma.
“Ano após ano, observamos que número de casos da doença aumenta cada vez mais e o que a gente poderia fazer para resolver isso?”
“Pensei em todos os métodos de prevenção que a gente faz, e, infelizmente, não têm funcionado de forma satisfatória e a dengue está vencendo”, observa.
“Então, procurei uma forma de fazer o mosquito vir até a gente”.
“Como trabalhamos com peças de arduíno, robótica e um pouco de eletrônica, estudei algumas coisas e vi que tinha uma solução simples, mas era complexa para colocar em prática”.
“Criar uma armadilha com as peças do arduino, que não matasse apenas um pernilongo, mas toda a ninhada, até mesmo 400 mosquitos, de acordo com a nossa pesquisa”.
“Fizemos, testamos e a armadilha funcionou muito bem. Então, podemos associar essa ideia à vontade de inovar e transmitir essa iniciativa para os alunos”, diz.
Desafio
O aluno Miguel Anderson Azevedo Souza, um dos idealizadores do projeto, explica destaca que tudo começou como uma proposta de tema para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) do grupo.
“No entanto, queríamos desenvolver algo que pudesse transcender o campo pedagógico”, afirma.
“O projeto ainda não está concluído, está na fase de protótipo, por ser tratar de uma iniciativa de maior complexidade, que futuramente almejamos apresentar para algum órgão público ou empresa privada que possa viabilizar a sua expansão, uma vez que além de inovadora, tem muito potencial para mostrar bons resultados no combate à dengue”, observa.
Importância
O aluno da Etec, Otávio Moreno Mira, reforça a relevância do projeto para o combate à dengue nos dias atuais.
“Uma vez que os métodos utilizados atualmente para mapeamento da dengue não têm agido de forma tão assertiva, o nosso projeto desponta como uma importante ferramenta para auxiliar de forma significativa no número de casos da doença”, afirma.
“Claro que não iremos acabar definitivamente com a dengue, mas a ideia é atrair o mosquito, deixar que ele coloque os ovos e, através da armadilha, exterminar de uma vez só, todas as larvas”.
“Então, a expectativa é que o projeto cause um impacto muito grande, se for usado e colocado em prática da maneira certa”.
“Apresentamos a ideia na Feira Tecnológica do Centro Paula Souza (Feteps) e todos ficaram impressionados com a simplicidade e inovação”.
“Uma proposta que apesar de parecer simples, é muito eficiente e que nunca foi pensada antes”.
“Muitos também questionaram quando pretendemos lançar a armadilha no mercado, no entanto para isso é necessário um investimento inicial, um dos motivos que nos levaram até a feira”.
“A ideia era apresentar o projeto e atrair os olhares do público a fim de conseguir um bom investidor, para que assim possamos desenvolver e aprimorar ainda mais a armadilha para disponibilizá-la futuramente no mercado”.
Experiência
Laura de Paula Peres deu detalhes sobre a primeira experiência do grupo na Fetesp.
“Foi muito boa e de muito de aprendizado. Só de termos conseguido chegar até a Fetesp já foi um grande avanço para o projeto, visto que conseguimos dar visibilidade a nossa ideia e ter feedbacks distintos”, destaca.
“Também foi muito importante pelo incentivo que recebemos para prosseguir com o projeto, podendo ver de perto a proporção gigante que ele alcançou. Uma ideia que começou como um simples tema de TCC”.
“Foi uma experiência muito enriquecedora que nos permitiu amadurecer, ter contato com outros projetos e conhecer pessoas até mesmo de outros países com ideias tão inovadoras quanto a nossa”, disse a aluna Laura de Paula Peres.
Ineditismo
Para os estudantes, o ineditismo foi um dos fatores que contribuíram para que o projeto fosse selecionado para a feira.
“A ideia não é só inédita, mas que pode e deve tomar uma proporção muito grande, até porque 2024 está sendo o ano em que mais estão sendo registrados casos de Dengue na história do Brasil”, enfatizam.
“Precisávamos de algo para demonstrar os resultados, pois as pessoas só acreditam nos números quando se apresentam resultados concretos, e o nosso projeto possui essa premissa”.
Com a iniciativa, os alunos da escola, juntos com o professor Argeli Pedro de Lima podem colocar a ETC de Ituverava em destaque no meio científico brasileiro.
o que é Arduino
Arduíno consiste em uma plataforma que possibilita o desenvolvimento de projetos eletrônicos.
Em outras palavras, é uma plataforma de prototipagem eletrônica. O Arduino é constituído de hardware e software, tornando assim possível a realização de diversos projetos tecnológicos.