APAE de Ituverava lembra o Dia da Conscientização do Autismo

Atividades realizada pela APAE de Ituverava

Em Ituverava, a data foi marcada por ações desenvolvidas pela Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (APAE) 

Todo problema de saúde precisa ser analisado para receber um diagnóstico correto para, depois iniciar o tratamento. Da mesma forma, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) deve ser avaliado de maneira séria e criteriosa. Por isso, é necessário que os pais compreendam bem as características do TEA para ajudar os filhos, pois, segundo o neuropediatra Dr. Clay Brites, da Neuro Saber, o maior obstáculo na vida de crianças e adolescentes autistas é justamente a falta de conhecimento da própria família.
Para o especialista, a desinformação faz com que esses pacientes sejam mal interpretados, causando-lhes sofrimento e também aos responsáveis. Pais devem entender que as particularidades do transtorno são passíveis de condução no cotidiano por meio de estratégias de linguagem e de autodefesa. “É preciso melhorar as condições deles para proporcionar o máximo de autonomia na vida social e escolar e, mais tarde, na faculdade e no trabalho”, afirma.
Por esse motivo, o profissional diz que a prevenção está na constante busca por informações corretas e atualizadas. Ele explica que quando parentes e professores estão cientes de tudo o que envolve o TEA, fica mais fácil para resolver possíveis problemas como, por exemplo, no relacionamento em sala de aula e também nas formas de intervenção em casa.

Dia Mundial
Na segunda-feira, 2 de abril, foi o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, ou simplesmente Dia Mundial do Autismo. A data procura conscientizar a população sobre o autismo, que é um transtorno no desenvolvimento do cérebro que afeta cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo.

Apae
Em Ituverava, a data foi lembrada pela Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (APAE), que juntamente ao Programa de Atendimento do Transtorno do Espectro Autista (PATEA), promoveu entre os dias 2 e 6 de abril, a Semana de Conscientização do Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Segundo a diretora da Apae, Lucymara Bertinatto de Carvalho, o objetivo do evento foi trabalhar a aceitação do Transtornos de Espectro Autista pela família e também pela sociedade, e para desmistificar o estigma do autismo.
Na segunda-feira, dia 2, a instituição recebeu o médico psiquiatra, Dr. Daniel Antônio Moreira Figueiredo e a psicóloga Andréia Santarosa, que falaram aos pais e familiares dos alunos, sobre o “Uso correto da medicação”.
No dia seguinte, a programação foi dedicada aos alunos, com uma série de brincadeiras, músicas, jogos e atividades dirigidas. No dia 4, a instituição promoveu um Dia de Recreação, com a visita dos alunos ao Parque Recreio “Balduíno Nunes da Silva”.
Dando continuidade à programação, no dia 5, quinta-feira, os profissionais da APAE participaram da palestra: “A alimentação no autismo: mitos e verdades”, proferida pela nutricionista Luciana Martins Silva Nascimento.
Na sexta-feira, 6 de abril, a Praça 10 de Março foi o local escolhido para o encerramento da Semana de Conscientização Sobre Autismo, quando alunos e familiares se reuniram para uma comemoração.

Conscientizar
No Dia Mundial do Autismo são ministradas palestras e realizados eventos públicos com o objetivo de conscientizar e informar as pessoas sobre o que é o autismo e como lidar com a doença.
O autismo pertence a um grupo de doenças do desenvolvimento cerebral, conhecido por “Transtornos de Espectro Autista” – TEA. Os sintomas do autismo são: fobias, agressividade, dificuldades de aprendizagem, dificuldades de relacionamento, etc., por exemplo. No entanto, vale ressaltar que o autismo é único para cada pessoa. Existem vários níveis diferentes de autismo, até mesmo pessoas que apresentam o transtorno, mas sem nenhum tipo de atraso mental.

Diagnóstico do autismo
Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) já começam a demonstrar sinais nos primeiros meses de vida: elas não mantêm contato visual efetivo e não olham quando a pessoa chama. A partir dos 12 meses, por exemplo, elas também não apontam com o dedinho. No primeiro ano de vida, demonstram mais interesse nos objetos do que nas pessoas e, quando os pais fazem brincadeiras de esconder, sorrir, podem não demonstrar muita reação.
O diagnóstico do autismo é clínico, feito através de observação direta do comportamento e de uma entrevista com os pais ou responsáveis. Os sintomas costumam estar presentes antes dos 3 anos de idade, sendo possível fazer o diagnóstico por volta dos 18 meses de idade.
Os Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) referem-se a um grupo de transtornos caracterizados por um espectro compartilhado de prejuízos qualitativos na interação social, associados a comportamentos repetitivos e interesses restritos pronunciados.
Os TEAs apresentam uma ampla gama de severidade e prejuízos, sendo frequentemente a causa de deficiência grave, representando um grande problema de saúde pública.
Há uma grande heterogeneidade na apresentação fenotípica do TEA, tanto com relação à configuração e severidade dos sintomas comportamentais.

Diversas classificações 

Segundo o neuropediatra Dr. Clay Brites, poucas pessoas sabem que há diferentes classificações identificadas pela intensidade do autismo, como, por exemplo, leve, moderada e severa. Elas são definidas pelo grau de comprometimento do desenvolvimento neuropsicomotor, das questões adaptativas, nível de dependência e necessidade de intervenções para obter mínima funcionalidade.
”Também é preciso levar em conta as comorbidades, ou seja, transtornos adicionais que podem ser apresentados pelo paciente. A proposta da avaliação é sempre para identificar suas dificuldades e buscar meios para ajudá-los”, ressalta o neuropediatra.
Entre as categorias, há a chamada de Síndrome de Asperger. Trata-se de uma condição mais leve dentro do espectro. Nela, o comprometimento poupa, de certa forma, a inteligência e a linguagem. “Eles têm uma maior funcionalidade e mais autonomia para se adaptar aos desafios sociais e acadêmicos quando comparados com outros tipos”, explica.
“Mesmo assim, os portadores apresentam restrições visíveis: na forma de falar, de expressar emoções, de entender linguagem subliminar e processos de comunicação que dependem de mecanismos não-verbais, como gestos, expressões faciais e mudanças de tom da voz, com tendência a intelectualização e racionalização de tudo, além de exagerado interesse por determinados assuntos”, afirma o neuropediatra.

Atividades realizada pela APAE de Ituverava, na praça 10 de março

Amor incondicional de um pai para com o filho com autismo 

O apresentador Marcos Mion e seu filho mais velho Romeo, 11 anos, parecem comemorar todos os dias um amor “por inteiro”, como diz o apresentador. Para Mion, tudo está mais ‘claro’ do que nunca. Ele conta que ter sido escolhido para ser pai de Romeo, que está dentro do espectro autista, é a melhor coisa que aconteceu em sua vida.
“As pessoas que cresceram me assistindo na TV, hoje lembram daquele moleque maluco da MTV, mas reconhecem um pai de família dedicado, que defende a família acima de tudo”, fala Mion ao KTV.
“Agora é importante falar que se não fosse o Romeo, eu não teria evoluído dessa forma e, com certeza, não seria o homem que sou. E nem teria chegado onde cheguei”, diz o apresentador da Record TV.
Para Mion, foi Romeo que lhe apresentou de forma intensa os verdadeiros valores da vida. “Ele mae ensinou a aprender mais, a amar mais”. “Sempre levei o autismo de forma positiva, queria um filho, independentemente de como ele fosse chegar! E ele chegou diferente do que eu esperava, na verdade, rapidamente percebi que ele chegou perfeito”, conta ele.
Segundo o apresentador, Romeo é uma criança que exige o amor sempre interior e verdadeiro, exige o melhor das pessoas. “Aprendo constantemente com ele, pois é uma criança que exige o melhor de mim, pois não conhece o “meio amor”. Quem tem a sorte de viver com uma criança assim, tem que saber que é uma chance única! Uma dádiva divina!”, fala ele.
“É maluco viver com uma pessoa que seja puro amor e o Romeo é assim. E eleva todos ao seu redor a serem pessoas melhores, amorosas, tolerantes, pacientes e respeitosas”, diz Mion.
Segundo ele, o mais importante para conviver com o autismo é a informação. Ele até escreveu um livro sobre o assunto “A Escova de Dentes Azul” e faz constantemente posts nas redes sociais a fim de conscientizar as pessoas e fazer um futuro melhor para milhares de outras crianças do espectro autista , com menos preconceito e mais respeito.
“O autismo não é doença, existe um ser humano muito evoluído lá. É uma condição neurológica que afeta alguns setores como a comunicação, interação social e movimentos que acabam sendo repetitivos e restritivos”, explica Marcos Mion.
“Não precisa ter medo do autismo. É só aceitar e entender”, diz Mion.