Da busca pela verdade ao luto, a literatura utiliza a ficção para discutir grandes temas da humanidade. Confira algumas obras que fazem isso muito bem:
Assim é (se lhe parece) (Luigi Pirandello)
Nesse clássico da dramaturgia moderna, o autor italiano traz um enredo em que sogra e genro apresentam versões diferentes de uma mesma história, o que leva os outros personagens (além de leitores e espectadores) a procurar a verdade.
Lavoura Arcaica (Raduan Nassar)
Espécie de filho pródigo às avessas, “Lavoura Arcaica”, de Raduan Nassar, é uma das mais importantes obras da literatura brasileira pós anos 70. Os capítulos, quase sempre curtos, são escritos numa linguagem própria, em que a ausência de pontuação dá à narrativa um ritmo urgente e claustrofóbico.
Nos raros momentos em que o autor recorre ao uso de diálogos, faz isso de modo elegante, lúcido e assertivo.
Fazes-me falta (Inês Pedrosa)
Profundo e delicado, o livro da autora portuguesa é uma sequência de monólogos intercalados entre uma mulher que acaba de morrer e seu melhor amigo.
A linguagem poética adotada pelos dois personagens provoca reflexões a respeito das relações, de maneira quase sempre pessimista.
O funeral da baleia (Lilian Sais)
A morte também está presente no romance de estreia de Lilian Sais. A narrativa nos apresenta pai e filha como personagens sensíveis e bem construídos, aprendendo – cada um à sua maneira – a lidar com o vazio provocado pela morte.
Laranja Mecânica (Anthony Burgess)
A inovadora e polêmica história protagonizada por Alex foi um marco na cultura, especialmente após o livro ser adaptado para o cinema por Stanley Kubrick, em 1971. O livro traz importantes reflexões sobre o livre-arbítrio, a violência e a sociedade.
Na edição da Aleph, que comemora os 50 anos do lançamento do livro, ainda há muitos materiais extras, como textos inéditos do autor, ilustrações, prefácio e nota sobre o difícil processo de tradução do texto, sobretudo por conta da linguagem própria utilizada pelo personagem-narrador e seus amigos.
Bruno da Silva Inácio é jornalista, mestre em Comunicação e pós-graduado em Literatura Contemporânea, Política e Sociedade e Cultura e Literatura. Atualmente cursa quatro especializações (Cinema, Teoria Psicanalítica, Antropologia e Gestão da Comunicação) e reside em Uberlândia, onde trabalha como assessor de imprensa da Prefeitura.
É autor dos livros “Gula, Ira e Todo o Resto” e “Devaneios e alucinações”, participante de outras quinze obras literárias e colaborador da Tribuna de Ituverava e dos sites Obvious, Provocações Filosóficas e Tenho Mais Discos que Amigos.
Também manteve, entre 2015 e 2019, a página “O mundo na minha xícara de café”, que chegou a contar com 250 mil seguidores no Facebook.