Bons livros costumam ter protagonistas bem construídos e, por vezes, até mesmo bastante inusitados. Esse é o caso dos cinco livros abaixo. Confira:
Tudo pode ser roubado (Giovana Madalosso)
Ambientada na cidade de São Paulo, a história de “Tudo pode ser roubado” é repleta de mistérios, reviravoltas e personagens cativantes, responsáveis por estabelecer seus próprios limites entre o que é certo e o que é errado.
A protagonista trabalha como garçonete em um conhecido restaurante na região da Avenida Paulista.
É nas horas vagas que ela acumula boa parte das suas economias, aproveitando encontros fortuitos nas casas de homens e mulheres aleatórios para roubar roupas de grife e objetos de valor.
Até que um desconhecido a aborda no restaurante lhe oferecendo uma bolada para roubar um livro. Não um livro qualquer: a primeira edição de O Guarani, de 1857, arrematada em leilão por um professor universitário que se recusa a vendê-la.
Meu coração de pedra-pome (Juliana Frank)
Com uma escrita envolvente e uma personagem-narradora muito bem construída, a autora Juliana Frank apresenta uma narrativa repleta de conflitos, devaneios e bom humor.
De um jeito próprio e atrapalhado, a protagonista é capaz de nos conquistar com suas próprias filosofias de vida – ainda que não seja exatamente um exemplo de ética.
Laranja Mecânica (Anthony Burgess)
A inovadora e polêmica história protagonizada por Alex foi um marco na cultura, especialmente após o livro ser adaptado para o cinema por Stanley Kubrick, em 1971. O livro traz importantes reflexões sobre o livre-arbítrio, a violência e a sociedade.
Na edição da Aleph, que comemora os 50 anos do lançamento do livro, ainda há muitos materiais extras, como textos inéditos do autor, ilustrações, prefácio e nota sobre o difícil processo de tradução do texto, sobretudo por conta da linguagem própria utilizada pelo personagem-narrador e seus amigos.
As sobras de ontem (Marcelo Vicintin)
O finalista do Jabuti faz um retrato crítico e autêntico da elite econômica do país de maneira bastante original. Apresenta personagens obcecados pelo poder, violentos, exploradores e defensores da meritocracia, ainda que já tenham nascidos ricos.
Também é bastante realista ao demonstrar que as pessoas da elite não são punidas e simplesmente não enxergam nenhuma contradição entre defender a moral e os bons costumes e trair suas esposas, consumir drogas e cometer violência doméstica.
Um, nenhum e cem mil (Luigi Pirandello)
Luigi Pirandello é um dos autores mais existencialistas de seu tempo, seja em seus romances ou em suas peças teatrais.
Em “Um, nenhum e cem mil”, o personagem-narrador passa a fazer várias reflexões a respeito de quem ele realmente é e de como são construídas suas relações, após perceber que seu nariz é torto para a direita.
Direciona questões inconscientes a esse fato e, a partir dele, reflete sobre múltiplos aspectos individuais e sociais.
Bruno da Silva Inácio é jornalista, mestre em Comunicação e pós-graduado em Literatura Contemporânea, Política e Sociedade e Cultura e Literatura. Atualmente cursa quatro especializações (Cinema, Teoria Psicanalítica, Antropologia e Gestão da Comunicação) e reside em Uberlândia, onde trabalha como assessor de imprensa da Prefeitura.
É autor dos livros “Gula, Ira e Todo o Resto” e “Devaneios e alucinações”, participante de outras quinze obras literárias e colaborador da Tribuna de Ituverava e dos sites Obvious, Provocações Filosóficas e Tenho Mais Discos que Amigos.
Também manteve, entre 2015 e 2019, a página “O mundo na minha xícara de café”, que chegou a contar com 250 mil seguidores no Facebook.