Dono de fazenda fecha estrada rural usada há 70 anos e causa impasse em Monte Azul Paulista

Caminho alternativo para estrada bloqueada passa por pomar em Monte Azul Paulista, SP (Foto: Reprodução/EPTV)

São quase quatro quilômetros entre cerca de dez propriedades rurais e Marcondésia, distrito de Monte Azul Paulista (SP). Por décadas, a estrada tem sido o caminho mais utilizado por agricultores para o escoamento de sua produção ou mesmo por veículos municipais como ônibus escolares, mas uma recente interdição mudou a rotina na região.

Embora seja uma estrada reconhecida e utilizada por muita gente no município, a via passa dentro de uma propriedade particular. Cansado do movimento e da poeira deixada pelos carros, além da insegurança, o dono da fazenda, Elyseu Del’Arco, decidiu bloquear o acesso, segundo informações do advogado de defesa Estéfano José Sacchetim Cervo.

A medida pegou de surpresa e irritou gente como Danilo Lavrado, que passou a ter que utilizar um trajeto mais longo e mais suscetível às chuvas que passa no meio de um canavial.

“Deu um meio alternativo pra gente que termina num pomar de laranja, passando por um carreador de cana que é impróprio pra uso de carros, caminhões que a gente precisa ir no sítio. A gente não está tendo como abastecer o maquinário”, reclama o agricultor, um dos que registraram boletins de ocorrência e entraram na Justiça, mas o processo foi arquivado.

A Prefeitura confirma que, embora a estrada esteja consolidada há décadas, não existe uma lei municipal que proíba ou autorize o fechamento da via, mas que o caso deve ser discutido judicialmente.

O advogado de Del’Arco reforça que seu cliente cumpriu com a obrigação de abrir um caminho alternativo para os vizinhos e diz ter laudos de que o movimento de carros dentro da propriedade causa prejuízos à saúde dos moradores.

Safra ‘isolada’

Por causa do bloqueio na estrada, o avicultor Matheus Maziero teme que tenha prejuízo com sua criação. Segundo ele, o lote de frangos deve chegar nos próximos dias à sua granja, mas ele não sabe se vai conseguir atender o pedido do frigorífico.

“Temos a palha de amendoim pra receber, a lenha pra receber e a ração desses pintinhos que não têm como chegar até o momento”, diz.

Produtor de laranja, Pedro Baldo reclama que não tem como levar sua produção para a indústria.

“Paradas, não tem estrada pra gente sair, porque fecharam a nossa saída e a gente tem contrato com indústria, tem que entregar mais de dez mil caixas de laranja até dia 30 de janeiro porque a indústria fecha e se eu não entregar vou ter que pagar multa disso tudo, vou perder a fruta na árvore, então nós estamos em uma situação difícil”, afirma.

Questão de saúde e segurança

Em nota, o advogado Estéfano José Sacchetim Cervo afirma que mudou o traçado de lugar por questões de segurança e saúde. Além da circulação de desconhecidos, ele menciona os problemas respiratórios dos moradores da fazenda em função do movimento de carros.

“A passagem é utilizada por muitas pessoas estranhas e como a passagem fica bem na frente da casa onde meu cliente reside com a esposa, o aumento da violência no campo está preocupando tanto meu cliente quanto os familiares”, diz.

Apesar disso, confirma que o novo trajeto, disponível aos seus vizinhos diretos, é melhor que o anterior.

“A passagem foi aberta para os proprietários que confrontam diretamente com a propriedade do meu cliente. Embora tenha ficado aproximadamente mil metros mais distante, a sua topografia é melhor, pois se trata de uma passagem mais plana que a anterior”, informa.

Fonte: g1.globo.com