Especialista ensina como manter contas domésticas em dia

Ter disciplina com os gastos e identificar a destinação exata do dinheiro são hábitos essenciais para manter a saúde financeira

A taxa de desemprego diminuiu, e agora está em 9,8%. A inflação dá sinais de refresco, mas o custo da alimentação segue alto.
Dos 50 produtos que mais encareceram nos últimos 12 meses, 34 são alimentos; os principais deles são leite e feijão. Despesas com saúde e vestuário também cresceram.
Ter disciplina com os gastos e identificar a destinação exata do dinheiro são hábitos essenciais para manter a saúde financeira.
Formado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), o educador financeiro Charles Mendlowicz, conhecido nas redes sociais como Economista Sincero, compartilhou uma série de dicas para o consumidor conseguir equilibrar as contas.
A principal recomendação é ter conhecimento pleno de quanto se ganha e o quanto se gasta. Se os números não forem compatíveis, é preciso cortar o dispensável.
“Quando a pessoa organiza a planilha de gastos, ou seja, estabelece todas as despesas na ponta do lápis, é possível saber se, ao fim do mês, o que se ganha é suficiente, e identificar os gastos o que são altamente necessários e desejáveis, e aquilo que é dispensável”, ensina o influenciador que acumula 1,4 milhão de seguidores nas redes sociais.

Veja dicas para manter o equilíabrio das contas domésticas

Comece agora
Não deixe para o mês que vem, semana que vem, outro dia. É preciso começar hoje. Monte uma planilha ou utilize algum aplicativo (gratuito, é claro) para controlar todos os seus gastos, incluindo as menores despesas, porque é impossível gerenciar aquilo que não sabemos.
Muitas pessoas ficam impressionadas com alguns gastos e não fazem ideia da dimensão deles até começarem a anotá-los.

Corte despesas
Infelizmente, só é possível equilibrar as contas de duas formas: aumentando as receitas ou cortando despesas.
Agora que você já sabe para onde o dinheiro está indo, é importante cortar tudo que for possível.

Cuidado com as despesas “modernas”
Como planos de internet, celular, streamings etc. Sempre calcule quanto isso está custando por ano, para ter ideia do peso dessas contas. Aproveite a Black Friday para conseguir planos mais baratos nas operadoras.

Boa parte do orçamento doméstico vai para alimentos
Então, é hora de revisar tudo que temos selecionado: embalagens, marcas, produtos que podem ser substituídos.
Também é necessário seguir aquelas dicas básicas para ir ao supermercado: não levar os filhos, não ir com fome, fazer uma lista de compras, aproveitar embalagens promocionais etc.

Promoções e descontos
São bem-vindos quando você precisa gastar, mas só se você precisar mesmo.
Muitas pessoas acabam gastando só porque algo está “mais barato”, e não porque elas precisam.
Utilize a regra das 48 horas: ao ver uma TV, celular ou algo, no shopping ou na internet, pense por 48 horas se você realmente precisa disso. Dessa forma, a chance de arrependimento será menor.

Cuidado com as dívidas
Ainda mais com o nível de juros que estamos vivenciando no Brasil, é muito fácil se meter em uma enrascada.
Casa, carro, e outros itens com financiamento e juros mais longos devem ser exaustivamente discutidos e pensados na família para que uma decisão não comprometa anos de vida.
E se você infelizmente já está com muitas dívidas, corra para renegociar tudo, e brigue ao máximo para reduzir os juros.
O economista explica que, em âmbito doméstico, a crise afeta mais duramente as classes C, D e E; ou seja, as famílias mais pobres.
“A perspectiva dessas famílias tem sido fortemente impactada pela inflação”, pontua. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação acelerou 0,67% em junho; a alta foi de 0,47% em maio. Em 12 meses, a taxa ultrapassa 11%.

Consumo equilibrado
Com a carestia batendo na porta, segundo o Ministério do Trabalho e Previdência, houve queda de 5,6% no salário médio de contratação no país, em comparação com o mesmo período do ano passado; dessa forma, portanto, cada real fica mais expressivo.
“As famílias se veem obrigadas a apertar os cintos e puxar o freio de mão. O consumo tem que ser mais equilibrado e não pode se endividar, que é a pior coisa para esse momento”.
“A grande maioria das pessoas precisa ter disciplina com as finanças pessoais e fazer cortes”, salienta Charles Mendlowicz.
A renda média tem diminuído. Em maio deste ano, o salário médio real de contratação foi de R$ 1.898. Em abril, era de R$ 1.916.
A diferença fica ainda maior em comparação aos mesmos meses de 2021, que acumularam um salário médio de R$ 2.010.
“Normalmente, falamos que 30% da renda deve ser destinada para alimentação, moradia e transporte. Outros 30%, para educação e saúde. O restante é para lazer e investimento. Contudo, com esse cenário, as classes menores ficam muito prejudicadas”, frisa.

O economista reforça
“É preciso saber o quanto se ganha e para onde vai esse dinheiro. Definir os gastos em planilha, colocar na ponta do lápis, e entender onde o dinheiro está indo”, conclui.
Entre as dicas do educador, está o corte de supérfluos, a exemplo da assinatura de streamings, e a substituição por produtos similares com preços mais em conta. “Assim, é possível navegar com uma tranquilidade maior”, acrescenta.