
A fisioterapia utiliza recursos de eletroestimulação, biofeedback, cones vaginais, entre outros, e exercícios specíficos
A Saúde da Mulher é uma das áreas da fisioterapia que mais cresceram nos últimos anos, devido a junção da evidência científica e a ética profissional, prevenindo e tratando desordens relacionadas ao assoalho pélvico. É considerado o tratamento de primeira linha para as disfunções deste tipo.
Segundo a fisioterapeuta Larissa Carvalho Ferreira dos Santos, o assoalho pélvico, mais conhecido como períneo, é um conjunto de músculos que recobre a pelve, formando como o próprio nome sugere o “chão da pelve”. Esta musculatura recobre desde o clitóris até o ânus realizando sustentação dos órgãos internos como útero, bexiga e intestino, promovendo o controle da saída de urina, fezes e gases, permitindo a penetração e prazer durante o ato sexual e também a passagem do bebê em parto normal.
Os músculos do assoalho pélvico (MAP) têm relação direta com os ossos da pelve, articulação do quadril e coluna vertebral, e com os músculos e nervos dessas regiões. Quando os MAP estão fracos ou apresentam alguma desordem podem gerar problemas como incontinência urinária e fecal (perda de urina e fezes), diminuição do prazer sexual e dor na penetração, sensação de frouxidão vaginal e prolapso (conhecido como “bexiga caída”).
Alguns fatores podem ser causadores destas disfunções, como obesidade, menopausa, cirurgias pélvicas, quantidade de partos, constipação intestinal, tosse crônica e gravidez.
Incontinência Urinária
A incontinência urinária (IU) é considerada qualquer perda involuntária de urina, de acordo com a Sociedade Internacional de Continência (ICS). Este problema é mais comum em mulheres, podendo acometer até 50% delas em alguma fase de suas vidas. Os tipos mais comuns de incontinência urinária são de esforço, urgência e mista.
A IU de esforço acontece quando há perda de urina quando há algum esforço, por exemplo ao tossir, espirrar ou rir. A incontinência por urgência ocorre quando à perda associada a urgência em urinar, vontade repentina mas não dá tempo de chegar ao banheiro, por exemplo. E a mista é soma da incontinência urinária de esforço com a de urgência.
O tratamento para a perda involuntária de urina é dividido entre clínico e cirúrgico, sendo que o primeiro engloba redução dos fatores agravantes da incontinência, fortalecimento e reeducação dos músculos do assoalho pélvico (MAP) e uso de medicamentos. O clínico é considerado conservador e deve ser sempre a primeira opção para iniciar o tratamento.
Tratamento
A fisioterapia utiliza recursos de eletroestimulação, biofeedback, cones vaginais e exercícios específicos para fortalecimento e conscientização do assoalho pélvico.
A prevalência de IU aumenta com a idade e afeta significativamente a qualidade de vida do paciente, comprometendo sua autoestima, gerando isolamento social e depressão, dificuldades sexuais e dependência da disponibilidade de banheiros.
Disfunções sexuais
São desordens relacionadas à sexualidade, questões que influenciam a saúde física e mental e que podem ser afetadas por fatores orgânicos, sociais e emocionais. São consideradas disfunções situações que impossibilitam uma relação sexual prazerosa e satisfatória e sintomas como incômodo, dores, diminuição do desejo sexual e da excitação.
Alguns exemplos de disfunções sexuais são: o vaginismo (contração involuntária dos MAP que impede a penetração), dispareunia (dor durante a penetração) e anorgasmia (não atingir o orgasmo). A fisioterapia é o tratamento de primeira escolha para atuar nestas disfunções, principalmente as que envolvem causas musculares, como o vaginismo e a dispareunia, pois nestes casos é necessário relaxamento e alívio das dores.
A fisioterapia emprega recursos como eletroterapia, biofeedback, técnicas manuais, dilatadores vaginais e treinamento muscular do períneo a fim de gerar consciência corporal, melhora do controle dos MAP, melhora da circulação local e alívio de dores.
Normalmente é indicado um tratamento multiprofissional para resultados efetivos, como em associação com psicoterapia, pois muitas vezes, fatores emocionais e psicológicos estão diretamente ligados às disfunções sexuais.
Gestação
Neste período o corpo da mulher sofre diversas alterações para acolher o desenvolvimento do bebê e essas mudanças podem acarretar dores, desconfortos e limitações em suas atividades do dia a dia. Na gestação o crescimento do feto comprime os órgãos pélvicos como a bexiga e o intestino, assim como o diafragma (musculatura que auxilia respiração) dificultando suas respectivas funções.
Dores na região lombar, falta de ar, perda involuntária de urina, mudanças posturais, aumento elevado do peso corporal são condições experimentadas pelas gestantes e nas quais a fisioterapia irá atuar. Os métodos que podem ser utilizados são alongamentos, fortalecimento muscular, adequação postural, exercícios respiratórios, treinamento do períneo e exercícios para melhora da circulação.
Assoalho pélvico
O assoalho pélvico também é afetado neste período pois faz a sustentação do bebê e o controle da saída de urina. A IU também pode aparecer durante a gestação, atingindo até 69% das mulheres durante a gravidez e podendo persistir até o puerpério (pós-parto).
E independente da via de parto (cesárea ou normal), o assoalho pélvico é sempre sobrecarregado na gestação e todas as gestantes deveriam procurar um fisioterapeuta e trabalhar essa musculatura.
A fisioterapeuta explica que as gestantes que irão realizar parto normal, o tratamento fisioterapêutico é de extrema importância visto que o treinamento específico do assoalho pélvico previne lesões musculares e lacerações durante o período expulsivo (saída do bebê). E a atuação do fisioterapeuta continua durante o parto, podendo estar junto com a gestante no trabalho de parto diminuindo sua dor com recursos eletroterápicos e com exercícios e posicionamentos que facilitem a saída do bebê, afirma Larissa Carvalho Ferreira dos Santos
Pós-parto
No pós-parto, a fisioterapia também atua auxiliando a mãe nos posicionamentos para amamentação e para as atividades diárias com o bebê, além de avaliar e restaurar as musculaturas abdominal e perineal que sofreram alterações durante a gestação e parto.
Percursor da fisioterapia na Saúde da Mulher
O primeiro a desenvolver técnicas de exercícios para o períneo foi Arnold Kegel em 1948. Em 1970 seu trabalho foi difundido pelo Europa e em 1980 o fisioterapeuta francês Alain Bourcier foi um grande impulsionador da reeducação perineal.
Em 1992 a Sociedade Internacional de Continência validou cientificamente as técnicas de recuperação funcional do assoalho pélvico para tratamento das frequentes disfunções perineais.
A fisioterapeuta Larissa Carvalho Ferreira dos Santos é graduada pela Universidade Estadual Paulista – UNESP de Marília e está cursando especialização em Fisioterapia em Saúde da Mulher pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR. Para agendar atendimento o telefone é (16) 98182 8811.
Ela é filha de Dóris Meiri Carvalho Ferreira dos Santos e Wilson Ferreira dos Santos, e tem os irmãos Janine Carvalho Ferreira Rokutan e Wilson Carvalho Ferreira dos Santos.