Grupo suspeito de explodir caixas eletrônicos pode ter usado micro-ondas para eliminar manchas de cédulas, diz PM

Agência do Santander ficou destruída após explosão de caixas eletrônicos em Miguelópolis (Foto: Reprodução/EPTV)

Um grupo de Ribeirão Preto (SP) suspeito de explodir caixas eletrônicos no Centro de Cajuru (SP) e em outras seis agências bancárias da regiãopode ter utilizado um forno micro-ondas para preservar as cédulas furtadas, segundo o major da Polícia Militar Marco Aurélio Britti.

Essa teria sido a maneira encontrada pelos criminosos para secar as notas depois de remover as manchas de tinta usada no sistema de segurança dos terminais de autoatendimento. O PM não descarta eventuais falhas no dispositivo que marca o dinheiro subtraído.

Horas depois do ataque no Centro de Cajuru na terça-feira (20), oito suspeitos foram presos no Jardim Zara, zona leste de Ribeirão, onde também foram encontradas notas limpas dentro de um micro-ondas. Ao todo, foram recuperados R$ 277 mil em uma caminhonete e em uma das casas dos suspeitos. Coletes à prova de bala, munição, armamentos como um fuzil e explosivos também foram apreendidos com a ajuda de um cão farejador.

“Os marginais desenvolveram uma técnica pra lavar essa tinta. Eles lavam as notas e depois secam as notas em forno micro-ondas. Pode ser uma das explicações, mas quem vai detalhar isso é o laudo pericial que vai ser feito com base nas notas”, disse à EPTV, afiliada da TV Globo.

De todos os presos, um homem e duas mulheres foram liberados. Outro indiciado ainda é procurado pela polícia.

Adaptação dos criminosos

A atuação recorrente dos criminosos na explosão de caixas eletrônicos, para o major, foi uma forma de adaptação às medidas adotadas pelas autoridades contra assaltos aos carros-fortes, ocorrências que marcaram a região no ano passado. Além disso, Britti analisa que, na tipificação penal, os furtos nas agências motivam penas menos graves que os roubos a veículos de transporte de valores.

“Tivemos aqui ocorrências gravíssimas de roubo a carro forte, inclusive com morte de policial militar. Então, na verdade, os marginais vão se adaptando à nossa ação de combate e aí a opção em vez de roubar o carro-forte é partir pro furto de caixa eletrônico, com uma observação: roubo é uma pena maior e furto é outra pena”, diz.

Para coibir essa prática, a PM estabeleceu uma avaliação própria de cada uma das sete ocorrências registradas na região, a fim de entender o modo de ação dos criminosos.

“Todas essas informações são rigorosamente analisadas no sentido de nos fornecer elementos que mostrem o modo de atuação desses marginais. Nós não fazemos investigação. O que nós analisamos é o modo de atuação.”

Foi por meio desses estudos que os policiais detectaram a utilização de veículos e armamentos semelhantes em diferentes ataques. “O que nós apreendemos ontem [terça-feira] sugere que eles foram utilizados em ocorrências anteriores.”

Ataques na região

O Santander é o principal alvo dos suspeitos. Entre todos os ataques registrados desde o início do ano, apenas um não ocorreu em agência da instituição financeira.

Na última sexta-feira (16), homens armados explodiram caixas eletrônicos em Aramina (SP). O grupo conseguiu fugir com parte do dinheiro, mas deixou uma sacola com notas de R$ 100 em uma das gavetas de um dos equipamentos.

Em 9 de fevereiro, o alvo foi uma agência em Miguelópolis (SP). Uma banana de dinamite foi deixada no local e o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) foi acionado para desarmar o artefato.

Cinco dias antes, os ladrões furtaram uma agência do Santander em Serrana (SP). Segundo a Polícia Civil, o grupo rendeu uma vigilante, explodiu três caixas eletrônicos e fugiu levando o dinheiro. O valor furtado não foi informado.

Em 23 de janeiro, homens fortemente armados furtaram caixas eletrônicos do Itaú em Bonfim Paulista, distrito de Ribeirão. Assim como em outras ações, o grupo efetuou disparos para afastar a equipe da PM, acionada pela empresa de segurança do banco.

O Santander também foi alvo dos ladrões em 12 de janeiro, no Centro de Sertãozinho (SP). Assim como em Bonfim Paulista, os suspeitos também efetuaram disparos para afastar a PM. O grupo conseguiu fugir com o dinheiro dos equipamentos.

Dois dias antes, suspeitos armados haviam explodido dois caixas eletrônicos do Santander no Centro de Cravinhos (SP). Vizinhos do banco disseram ter ouvido três explosões, além de rajadas de metralhadora. A ação durou cerca de 10 minutos.

Na ação mais recente, quatro caixas eletrônicos do mesmo banco na Rua Sampaio Moreira, no Centro de Cajuru, foram explodidos com dinamite por volta das 4h de terça-feira. Segundo a PM, o grupo realizou disparos para intimidar os policiais, mas não houve confronto. A quadrilha fugiu em dois carros em direção a Ribeirão.

Fora da região, esse crime também chocou moradores de Caconde (SP), na região de São Carlos, onde quatro caixas foram explodidos na madrugada desta quarta-feira (21).

Fonte: www.g1.globo.com