Hospital onde jovem morreu após queda de monitor não apresentou alvará dos bombeiros, diz Cremesp

Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo também detectou aparelhos sem manutenção, além de alas sem equipamentos. Entidade informou que vai se pronunciar sobre o caso nos próximos dias.

Ivana Smit, 18, foi encontrada morta após cair do 20º andar de um prédio em Kuala Lumpur; a polícia tem tratado o caso como acidente (Foto: Facebook/IvanaVanaBananaxox)

Uma fiscalização do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) apontou a falta do auto de vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) na Santa Casa de Barretos (SP), onde uma jovem de 19 anos morreu em setembro depois da queda de um monitor cardíaco na UTI.

Este foi um dos problemas detectados pela equipe do conselho, que também relatou falta de equipamentos, corpo clínico sobrecarregado e ausência de manutenção em alguns tipos de aparelhos.

Os dados foram anexados a uma sindicância aberta pelo Cremesp para apurar as circunstâncias da morte de Beatriz Cardoso, que morreu em setembro. A estudante de 19 anos tinha sido internada na unidade em função de um traumatismo craniano sofrido com a queda de um cavalo. O caso também é investigado pela Polícia Civil.

Segundo o presidente do conselho, as informações que constam da apuração são sigilosos. Ele projeta que um parecer final sobre o incidente seja emitido até fevereiro  do ano que vem.

“A fiscalização vai ser um subsídio a mais dentro da sindicância, porque vamos utilizar os depoimentos dos envolvidos daquele dia, também vamos utilizar a fiscalização e outros dados, vamos ouvir médicos, enfermeiros, vamos ouvir todos ali. Aliás, já estamos fazendo isso”, afirmou o presidente do Cremesp, Lavínio Nilton Camarim.

Procurada pelo G1, a Santa Casa de Barretos informou que, nos próximos dias, o gestor da unidade vai conceder uma entrevistar coletiva sobre o assunto.

A vistoria

A fiscalização, que também passou pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas do município, foi realizada entre 19 e 20 de outubro. Segundo dados do relatório divulgados pela assessoria do Cremesp ao G1, além de não ter apresentado o alvará de funcionamento, a Santa Casa demonstrou deficiências na estrutura dos consultórios, sem ventilação adequada e quantidade insuficiente de desfibriladores.

“Também encontramos um corpo clínico altamente desmotivado, porque muitos com 20, 30 anos de casa, estavam sendo dispensados sem uma causa aparente, também com atraso em seus honorários”, acrescenta o presidente do conselho. 

Veja a relação com os principais problemas apontados:

  • falta de itens, como cardioscópios;
  • ausência de manutenção em aparelho de videocirurgia e microscópio da neurocirurgia do Centro Cirúrgico;
  • estrutura deficiente e ventilação inadequada em consultórios médicos;
  • estabelecimento não apresentou o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros quando requisitado;
  • duas Unidades de Terapias Intensivas não possuíam quantidade suficiente de desfibrilador (não apresentavam um desfibrilador para cada 5 leitos ou frações);
  • falta de desfibriladores e cardioscópios na Enfermaria Psiquiátrica e no Berçário Patológico;
  • falha nos sistemas de refrigeração no setor de UTI Neonatal;
  • serviço de exames laboratoriais foi transferido para outra unidade, resultando em atraso nos resultados, que chegam a 4h de espera.