Irmã Alice relembra momentos mais marcantes de sua vida

Missionária viajou o mundo levando conhecimento e amor aos mais necessitados

A entrevistada Irmã Alice Garcia de Morais

Fechando com chave de ouro o especial em comemoração dos 70 anos da Tribuna de Ituverava: “Ituverava: 70 anos de desenvolvimento Sustentável”, a entrevistada é a Irmã Alice Garcia de Morais. Confira.
Com uma trajetória marcada por caridade, conhecimento e amor, a irmã Alice Garcia de Morais, Apóstola do Sagrado Coração de Jesus, que residiu em Ituverava, é um grande exemplo de humanidade e altruísmo. Ela concedeu entrevista à Tribuna de Ituverava e falou sobre sua vida, suas viagens e seus aprendizados. Confira:

Apresentação
“Eu sou irmã Alice Garcia de Morais, filha de Joaquim Garcia de Morais e Luzia Maria de Morais; nasci em 16 de setembro de 1944 e a minha infância foi toda vivida em Miguelópolis, minha cidade natal, onde, juntamente com a minha família, cresci na fé e construí amizades inesquecíveis.
Em julho de 1958, minha família mudou-se para Ituverava, para que meus irmãos e eu continuássemos os estudos e também porque minha mãe sempre teve um carinho muito grande pela cidade, sendo de Ituverava as raízes de sua família. Seus pais eram donos de uma fazenda em Sete Lagoas, que pertencia a Ituverava.
Aqui, rapidamente, conquistei novas amizades, pois Ituverava é uma cidade muito acolhedora. Quando eu tinha 13 anos, minha mãe morreu e, naquele momento, os meus vizinhos me acolheram e me deram muito apoio. Continuei estudando, mas sempre pensando em me tornar religiosa. O período que vivi em Ituverava foi muito bom e marcante. Na falta de minha mãe, tive a oportunidade de encontrar outras mães nas gentis pessoas de Ituverava”.

Família
“Hoje tenho muitos familiares que moram em Ituverava e região, como meu sobrinho Ademir Moraes Barros (filho de minha saudosa irmã, Sialda), que reside em Ribeirão Preto; Aparecida e Iracema Ribeiro de Moraes (filhas do meu saudoso irmão Artires), que moram em Franca e Alcina Moraes Zanella que mora em Ituverava, assim como minha sobrinha-neta Maria Claudionora de Moraes Ornelas (filha de Luzia Maria e Sérgio). Tenho o sobrinho Auro Marcos Moraes Zanella, pai do Rômulo que lidera um serviço muito importante para a sociedade, pois como educadora que sou, aprecio muito. Auro e Imaculada também são pais de Giovana que mora em Campinas.
Eneida Mara e Maria Cristina moram em Campinas e São Paulo respectivamente, são filhas da Alcina, de quem sou muito próxima porque foi a única irmã que me restou. Éramos sete irmãos… Minha irmã Luzia Maria faleceu em 2018, irmã duas vezes porque também foi Apóstola do Sagrado Coração de Jesus, por mais de 50 anos. Confesso que nunca recebi influência dela, e sempre brincava, dizendo-lhe que a minha vocação era a anterior à dela, porque ela descobriu a sua vocação quando minha mãe ficou doente e foi internada na Santa Casa de Ribeirão Preto em dezembro/1957. Já a minha vocação havia se manifestado aos 8 anos de idade, quando eu senti vontade de trabalhar para Deus.
Em Miguelópolis vive o sobrinho Claudio Artires, enquanto Arilson Moraes, o sobrinho mais novo, de quem eu quero falar também com muita alegria. Ele é pai de Maria Vitória e da Sarah Teoro de Moraes que, nos nos últimos anos, vem se destacando como tenista. Arilson é filho do meu irmão Ari Garcia de Morais que faleceu com apenas 33 anos, num acidente, em Miguelópolis. Em minha família, tivemos experiências de morte muito fortes.
Um pouco acima de mim, estava o meu irmão Ademar, muito inteligente, advogado, porém escolheu a vida que ele quis; por alguns anos, infelizmente, teve problemas com o alcoolismo. Depois dele, sou eu, a filha ‘rapinha do tacho’, mas essa rapinha já viveu tantos anos, e é engraçado porque nós tínhamos uma diferença de quatro anos, e minha mãe contava que, quando eu nasci, muita gente vinha visitá-la para ver se eu tinha nascido perfeita”.

Educação
“Fiz o curso clássico, pois, naquele época, o sistema educacional era dividido assim: terminando o ginásio (hoje Ensino Fundamental), nós tínhamos três opções: a Escola Normal, o Ensino Médio Científico e o Ensino Médio Clássico. Como eu já pensava na área de humanas, optei pelo curso clássico e, nessa ocasião, tive a felicidade de ter como companheira de classe a Maria Aparecida Cassiano, a nossa querida Cidinha. Através dela, passei a frequentar a casa do Sr. Adhemar Cassiano e da Dona Guiomar, que também me adotaram como filha naquele tempo.
Nós formávamos um grupo em torno de dez meninas, todas de Ituverava, e estudávamos em um prédio provisório, pois tínhamos saído de perto da Associação Atlética Ituveravense. Estava sendo construída a Escola ‘Capitão Antonio Justino Falleiros’; esse foi um período muito gostoso para a gente, pois tínhamos terminado o ginásio, estávamos fazendo o colegial, e esse desabrochamento para a juventude na minha vida aconteceu em Ituverava. Era uma cidade sempre muito alegre, participei de várias festas de 10 de Março junto com minhas amigas”.

Vida acadêmica
“Naquela época, eu já pensava em ir para outra cidade a fim de cursar Línguas, hoje chamado de curso de Letras, em que estudávamos Língua Portuguesa, Inglês, Francês, Latim, Italiano, Espanhol, entre outros idiomas. Fui para São José do Rio Preto, terminei o curso clássico, mas nunca perdi de vista as minhas companheiras de Ituverava. Depois ingressei no curso de Letras na Faculdade Isolada do Estado de São Paulo, hoje Unesp.
Em São José do Rio Preto, encontrei pessoas maravilhosas, como os meus padrinhos: José Saraiva (Mineiro) e Terezinha Saraiva. Morei com eles e lhes sou muita grata pelo afeto que semore tiveram por mim. Nessa época, foquei bastante nos estudos e me lembrei de tudo que tinha aprendido até aquele momento, como as importantes lições do professor José de Assis, a quem devo todo o meu aprendizado de Língua Portuguesa. Na cidade, também fiz estágio como professora no curso técnico de contabilidade. Dessa época, uma memória importante é do Dr. Halim Atique, que ao ver minha carteira profissional exclamou: ‘Que jovem’, e eu disse ‘Não, já estou ficando velha’. Então ele respondeu: ‘A velhice é fria, minha filha’. E eu trago isso comigo até hoje”.

Carreira
“No ano seguinte, também peguei uma substituição de Francês na cidade de General Salgado. Hoje, quando olho para trás, lembro-me de minha coragem e disposição para me levantar às três e meia da manhã, pegar ônibus às quatro e chegar à cidade um pouco antes das oito, levando um pouco de conhecimento aos alunos. Também fiz algumas substituições na cidade de Palestina e, quando estive na Terra Santa no ano 2000, lembrei-me que já havia conhecido, há muitos anos, uma Palestina no Brasil.
Ao terminar o curso, tive que fazer um concurso em São Paulo, para lecionar no Ginásio Vocacional. Essa era uma iniciativa da educadora Nilde Mascelani e era uma escola diferente, de período integral. Na época, havia poucas unidades assim no Brasil e mais tarde, no final da década de 60, elas desapareceram. Fui aprovada em primeiro lugar no concurso e havia duas vagas disponíveis, sendo uma em Barretos, e outra em Batatais. Precisei rezar bastante para Deus me iluminar e acabei escolhendo a cidade de Barretos.
Passei a dar aulas de Língua Portuguesa e as literaturas correspondentes. Era uma escola muito boa em todos os sentidos e ali eu aprendi muito. Para a avaliação dos alunos usávamos conceitos A, B, C e D, no lugar de notas, e isso me valeu bastante quando eu estava fazendo pós-graduação nos Estados Unidos, porque era avaliada através de conceitos, os quais eram equivalentes aos da Escola Vocacional Embaixador Macedo Soares.
Nesse período, eu estava muito bem, sob ponto de vista financeiro, então pude pagar à vista a troca do carro e a viagem para a Europa. Paralelamente, eu tinha a minha inquietação de ser religiosa. Eu costumava ter no meu carro, além de outras coisas, um violão, que tocava em vários momentos”.

Vida familiar
“Logo que entrei na faculdade, meu pai teve as segundas núpcias. Então, ele começou a construir sua segunda família, o que foi uma fase muito gostosa, principalmente quando eu vinha visitar os familiares. É engraçado lembrar que muitas amigas, primas, inclusive a minha irmã Alcina, buscavam me apresentar pretendentes, sem realmente acreditar na minha vocação religiosa.
Outro momento marcante em família foi quando voltei da Europa (janeiro/1971) e encontrei minha irmã Alcina com meu cunhado Imo Zanella e os filhos em São Paulo, e de lá, fomos para a praia do Guarujá, local em que vivi um momento muito importante e fundamental para decidir a minha vida. Fui à Igreja para rezar e perguntar a Deus o que eu deveria fazer e então percebi que eu deveria pedir exoneração da minha cadeira em Barretos”.

Viagem à Europa
“O itinerário foi assim: Era o dia 18.12.1970, quando voei de São Paulo para o Rio de Janeiro e de lá, pela TAP, parti para Lisboa. Estava sozinha porque a minha amiga Adélia tinha medo de voar. Na tarde do dia 19, encontramo-nos no Navio Eugenio C, rumo ao sudeste da França (Côte D’Azur). Depois de dois dias e meio no navio e após um pernoite em Cannes, Ariadne Rodrigues de Moraes (atualmente em Piracicaba), que lá nos esperava, viajamos de trem para Roma. Aí, conhecemos vários pontos turísticos e religiosos. Fomos visitar a Casa Geral do Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus. Eu quis ficar naquele local para iniciar a minha vida religiosa, mas de modo muito sério, enquanto conversávamos, a Superiora Geral, Madre Roselia Sosso, me disse ‘se tem vocação, então volte para o Brasil e entre lá mesmo’.
Depois disso, fomos para Londres, onde pretendia fazer um curso de aperfeiçoamento e conhecer alguns pontos interessantes. Passamos por Paris, e na volta, paramos aí, para ver as maravilhas da capital francesa; com o mesmo objetivo, visitamos Madrid e depois Lisboa. Foi uma experiência muito rica culturalmente falando, além das amizades feitas. Lembro-me de ter conhecido o português Joaquim Valadas, que estagiou na Volkswagen, em São Paulo, tendo em vista o início de uma agência em Lisboa. Apresentada à sua família, senti-me muito bem acolhida. Assim acontecia com tantas outras pessoas durante o período da viagem”.

Vida religiosa
“Retornando da Europa, sabia que fevereiro era o mês em que o Instituto das Apóstolas acolhia as vocacionadas interessadas na formação para a vida religiosa. O tempo era curto para tantas despedidas em muitas cidades. Tudo correu muito discretamente, porque, de um modo geral, as pessoas não acreditavam na minha vocação; até mesmo Irmã Luzia Maria.
Entrei no Postulado (1ª. fase da formação), no Espírito Santo do Pinhal, no dia 10 de fevereiro de 1971. Lembro-me que não foi fácil, porque muita gente, inclusive a família, ficou chateada comigo por conta dessa decisão. Recordo-me que, num dos momentos, a sobrinha Eneida disse à minha irmã Alcina: ‘Mamãe, a senhora não vai dar nada para tia Alice que vai embora para ser religiosa?’ Eu nunca me esqueci daquela resposta: ‘se fosse para se casar, eu daria um bom presente, mas para ser freira, não’.
Senti muita saudade de todas as pessoas amigas e familiares deixados em Ituverava, Miguelópolis, Ribeirão Preto, Franca, São Joaquim da Barra, Guará, Barretos e em S. J. do Rio Preto, incluindo as cidades da minha turma de faculdade: Pindorama, Catanduva, Nova Granada, Mirassol, Monte Aprazível, Tanabi, Nhandeara, Votuporanga dentre outras. Foi um momento muito significativo da minha vida. Primeira fase de formação – o Postulado, mesmo sendo a mais velha da turma, com 26 anos de idade, integrei-me muito bem; éramos um grupo de 12, sendo que a mais jovem tinha 16 anos. Algumas delas estavam concluindo o ensino médio, por isso naquele ano, pude contribuir com o Colégio, ensinando Português e Inglês. Isto foi muito bom”.

FAFIL
“No início de 1973, após o ano canônico do Noviciado, fui para o ano prático, na comunidade de Bauru, onde em passei a lecionar na antiga FAFIL, Português e Literatura Norte-Americana. Claro que tive que estudar muito sobre o assunto antes de começarem as aulas, mas foi um ótimo período, inclusive para o meu aprendizado. A diretora geral da FAFIL era a irmã Maria Elvira Milani, que hoje vive em São Paulo, e a quem devo muito em relação a minha formação de Apóstola.
Depois de um ano, voltei a Pinhal, para fazer os meus primeiros votos, ou votos temporários, o que aconteceu no dia 11 de fevereiro de 1974, com presença dos meus familiares mais próximos. A partir de então, através dos votos de pobreza, castidade e obediência, assumi o compromisso com Deus, no Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus, cujo objetivo é fazê-Lo conhecido, amado e servido, conforme o Carisma deixado pela fundadora, a Bem-Aventurada Clélia Merloni”.
Fatos marcantes
“Nesse ano, permaneci em Pinhal, porque havia necessidade de professora de Português e Inglês. No dia 8 de julho de 1974, aconteceu o acidente que resultou no falecimento do meu pai, de sua segunda esposa Gina Moreira de Moraes, e das duas filhinhas (Angélica e Angelina). O acidente ocorreu entre Guará e Ituverava e todos foram sepultados em Ituverava.
Lecionei bastante, o que gostei muito. No ano seguinte, fui para São Paulo a fim de fazer a última fase de formação, que se cham de juniorato, antes dos votos perpétuos. Esse é o tempo em que a jovem professa se prepara mais intensamente para emitir os votos perpétuos. É avaliada para sentir se realmente tem a vocação para seguir a vida religiosa, pois ‘muitos são chamados, mas poucos são escolhidos’.
No ano de 1978, fiz os votos perpétuos na cidade de Marília. Sendo a vocação um mistério, esse é um momento decisivo, porque há casos em que a pessoa acredita que tem vocação, mas as avaliações podem demonstrar o contrário. Então são muitas as pessoas com vontade de seguir a vida religiosa, porém são poucas as escolhidas”.

Oportunidades
“Trabalhando no ensino superior, a minha congregação religiosa me ofereceu duas grandes oportunidades que não posso deixar de mencionar. Fazer as duas etapas de pós-graduação no exterior. A primeira foi em 1979, quando iniciei o mestrado na área administrativa educacional. Embora tenha me formado em Letras, eu gostava muito da área administrativa, o que me lembra, inclusive, o quanto o Sr. Adhemar Cassiano era um grande administrador, característica, que acredito, é bem marcante nos seus filhos.
Então fui estudar Fordham University, em Manhattan (Nova Iorque) USA. Obtive muito êxito e passei a compreender melhor diversos assuntos, como administração financeira, de pessoal, entre outros, o que acabou sendo muito útil em minha vida apostólica. Eu me dedicava integralmente ao mestrado, então o concluí em apenas nove meses, o que permitiu que eu continuasse nos Estados Unidos por mais algum tempo. Aproveitei esse período para fazer estágio em três universidades americanas, experiências que também me somaram muito”.

Entre o Brasil e os EUA
“Voltei ao Brasil em dezembro de 1980. Naquele momento, trabalhava-se bastante para que as faculdades desenvolvessem programas em todas as áreas do conhecimento, a fim de conseguir o status de universidade. Houve muito esforço até que, em 1986, a instituição recebeu o devido credenciamento. Pouco depois, veio o convite para eu retornar aos Estados Unidos e fazer o doutorado. Optei pela Saint Louis University, no estado de Missouri. O programa tinha duração de quatro anos, mas consegui concluí-lo em apenas dois anos e meio, e sou muito grata a Deus por isso.
Estando no Brasil, senti o desejo de ser missionária ad extra. Mas antes de acontecer este envio, morei em São Paulo, entre 1993 e 1998, quando fui administradora da Província de São Paulo. Em 1999, voltei à Universidade e trabalhei mais três anos. Em 2002, fui para Brasília, participar do governo da Vice-Província Centro-Norte do Brasil. Em equipe, realizamos importantes missões no Norte e no Nordeste do país. Permaneci ali por seis anos, até quando recebi com muita alegria a transferência de missionária para as terras africanas”.

Moçambique
“A primeira experiência missionária ad-extra, foi em Moçambique, onde me deparei com uma realidade totalmente diferente da nossa. Fui lá, pela primeira vez, em setembro de 1994. Era um cenário totalmente devastado pela guerra, com hospitais sem camas, crianças sem escolas, e muita fome. Então, retornei para o biênio 2008/9, quando fui convidada para lecionar no Instituto Superior de Mãe de África (ISMMA), que tem como missão, oferecer o ensino superior aos nativos e garantir-lhes mais esperança num futuro melhor.
Tenho, inclusive, um aluno dessa época que em 2019 iniciou a sua pós-graduação na Universidade Federal de Porto Alegre. Ele sempre entra em contato comigo e eu continuo estimulando-o para que ele se dedique aos estudos a fim de que possa alcançar importantes conquistas”.

Política
“Este moçambicano, que está estudando no Rio Grande do Sul, depois de muitas lutas, conseguiu uma bolsa da CAPES/MEC, para a sua pós-graduação. Mas, infelizmente, acredito que esse seja o último lote de bolsas para estrangeiros, pois estamos vivendo uma fase política bem nebulosa, difícil e muito complicada. Acredito que vai demorar um pouquinho, mas se Deus quiser o Brasil vai vencer este momento. Tenho muita esperança nisso”.

Diretora
“Após a missão em Moçambique, voltei ao Brasil para ser diretora do Colégio Cor Jesu, em Brasília. Sempre fui professora, mas em determinadas circunstâncias, assumia a direção, como foi o caso do Colégio Madre Clélia de Palmas/TO, onde estive como diretora nos anos de 2006/7. Bem, terminando o biênio em Brasília, fui para Filipinas porque foi pedido à provincial da época, Ir. Miriam Cunha, (hoje superiora geral, residindo em Roma), uma professora de português. Quando cheguei lá, no entanto, me falaram que na verdade era espanhol. Também ministrei aulas de Introdução à Teologia, mas em inglês que é a segunda língua no país.
Voltei ao Brasil em meados de 2014 e, em 2015 assumi aadministração do Colégio de Adamantina. No ano seguinte, voltei a Moçambique, onde o nosso Instituto estava construindo uma escola. A obra estava atrasada, mas felizmente passamos a contar com a ajuda de diversas pessoas, dentre as quais, destaco o engenheiro brasileiro Marcos Antônio Fernandes, de Volta Redonda, RJ.
Devido a saúde de Ir. Luzia Maria, retornei ao Brasil, permanecendo um ano em Jataí, Goiás; em 2019 fui para o Paraíso de Tocantins. Continuei fazendo trabalho de missionária, no entanto ainda não tive a oportunidade de ir para o Haiti, local que espero conhecer e contribuir da melhor forma possível”.

Futuro
“Tive a oportunidade de estudar várias línguas, como alemão, italiano, francês, espanhol, latim, e até o esperanto, além de alguns dialetos de Moçambique e Filipinas. Sempre que visitava um país, eu procurava compreender a língua usada pelo seu povo e sou muito grata a Deus por esse dom.
No final de fevereiro, vou novamente aos Estados Unidos, para fazer parte de uma equipe internacional no estado de Connecticut. Fico muito feliz em poder realizar um novo trabalho, após todas essas décadas de vida missionária. A juventude já passou, mas continuo me sentindo verdadeiramente uma Apóstola do Sagrado Coração de Jesus – Fonte de todo o Bem.
Quando passou pela Terra, Jesus fez o bem a todos e é isso que busco fazer, o que sempre me deixa muito feliz. Hoje, percebo que o mundo está todo integrado e o que precisamos é nos unir em busca da paz, que é o insistente pedido do Papa Francisco. Atualmente, mais do que nunca, nós necessitamos de diálogo”.

Mudanças
“Lembro-me que, quando fui para o exterior pela primeira vez, saiu em um jornal de Miguelópolis, porque isso era algo tão raro que até virava notícia. Mas hoje o exterior está muito mais presente e acessível. Temos o mundo tão perto e ainda assim, muitas vezes não o percebemos. Deus onipotente nos privilegia com tanta coisa de graça, como o dom da vida, da amizade, das realizações, das proezas e, ao mesmo tempo, a chance de ajudarmos no desenvolvimento da sociedade, sendo irmão e irmã um do outro”.

Conclusão

“Eu acredito na vida eterna, na comunhão dos santos, portanto, ao passarmos por este mundo, recebemos de Deus uma missão a ser cumprida. Outro dia, uma pessoa me perguntou: ‘irmã, qual o contrário de morte?’. Automaticamente, nós falamos: “vida”. E ela, com toda sabedoria simples, disse: ‘não, irmã; o contrário de morte é nascimento, a vida acontece no meio’. Por isso, quero dizer uma coisa a vocês: nós aprendemos até o último momento de nossa vida. Temos que aproveitar o tempo ao máximo”.

Minha Mensagem Final

Mês de julho – festa da Padroeira de Ituverava. Que Nossa Senhora do Carmo proteja a todos neste tempo de pandemia! Perto ou longe, Ituverava está sempre presente em minha mente, no meu coração e nas minhas orações. Que Deus abençoe a todos! Parabéns a toda equipe que dinamiza a Tribuna de Ituverava!
Ir. Alice, ascj