Lula escolhe Gleisi como ministra de Relações Institucionais

Gleisi e Lula em assentamento do MST Fo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escolheu a presidente do Partido dos Trabalhadores, deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), para ser a ministra de Relações Institucionais no lugar de Alexandre Padilha, anunciado como próximo ministro da Saúde. A decisão de Lula é considerada uma reviravolta. Até poucos dias atrás, era dado como certo que Gleisi assumiria a Secretaria-Geral da Presidência no lugar de Márcio Macêdo.

A informação de que Gleisi será ministra do governo Lula foi confirmada em nota divulgada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom) nesta sexta-feira (28). Segundo o comunicado, Lula se reuniu com Gleisi nesta sexta pela manhã e a convidou para o cargo.

– Gleisi vai substituir o atual ministro da SRI, Alexandre Padilha, que foi recém-indicado para o Ministério da Saúde. A posse da nova ministra está marcada para o dia 10 de março – disse a Secom.

A presidente do PT passou a se posicionar para assumir a articulação política do governo há poucos dias. De acordo com o jornal O Estado de São Paulo, as especulações sobre o nome da dirigente petista apareceram pela primeira vez na última sexta-feira (21), mas ainda como uma possibilidade muito remota. O nome de Gleisi cresceu nesta semana, mesmo Lula sendo desaconselhado de indicar a aliada para o cargo.

A entrada de Gleisi Hoffmann na pasta de Relações Institucionais também era tratada com ceticismo em Brasília, porque a presidente do PT demonstrou ter perfil combativo nos últimos anos, enquanto a área exigiria um perfil de negociação mais flexível. Gleisi comanda a sigla petista desde 2017 e esteve à frente do partido em alguns de seus momentos mais críticos. A posição a fez ganhar fama de sectária.

NOVO POLO DE PODER
A ida de Gleisi Hoffmann para o Planalto também cria um novo polo de poder no Palácio do Planalto. Hoje, a principal força política no governo abaixo de Lula consiste nos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Sidônio Palmeira (Secom), ambos vindos da Bahia e aliados de longa data. Na avaliação de petistas, Gleisi tem tamanho suficiente para contrariá-los, se achar necessário.

Ao longo de todo o governo, Gleisi Hoffmann expôs divergências com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Aliados da petista costumam dizer que, como presidente do partido, ela tinha a obrigação de tentar puxar o governo para a esquerda, daí às falas que contrariavam a política de Haddad.

Há uma avaliação, porém, de que a disciplina que exige um cargo no primeiro escalão do governo fariam as divergências entre Gleisi e o ministro da Fazenda diminuírem. Um sinal nesse sentido foi dado pela própria petista no fim de semana, durante a festa de 45 anos da legenda. Na ocasião, ela chegou a parabenizar Haddad por seu trabalho na área fiscal.

– O desequilíbrio orçamentário, estamos resolvendo. Colocando um compromisso com as contas públicas. Nós estamos promovendo uma dos maiores ajustes fiscais da história desse país – disse ela, em discurso.

COMANDO DO PT
Com Gleisi no governo, o PT precisará de um novo quadro para presidir o partido até junho, quando haverá eleições. O nome mais citado para esse mandato-tampão é do líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE). Lula quer eleger Edinho Silva como presidente do partido no meio do ano.

O entorno do chefe do governo acredita que, com a ida de Gleisi para o coração do governo, a resistência de setores do PT ao nome de Edinho Silva para a direção do partido diminuirá. O grupo político de Gleisi vinha fazendo movimentos para tentar emplacar outro presidente para a legenda, possivelmente Guimarães.

Fonte : https://pleno.news/