Vídeo: Marcelo Tas faz sugestões para o desenvolvimento de Ituverava

Apresentador multimídia é o entrevistado da Tribuna de Ituverava nessa Edição Especial

Considerado um dos maiores multimídias do país, o jornalista e apresentador Marcelo Tas é responsável por levar o nome de Ituverava pelo Brasil e pelo mundo. Ele é o entrevistado desta semana, no Especial de Natal da Tribuna de Ituverava, e fala sobre o futuro do município.
Ao longo da entrevista, ele defende que para Ituverava alcançar um maior desenvolvimento nos próximos anos, deve ser por questões ligadas à inovação, à educação e a novas formas, como por exemplo, de tratar a agricultura. Confira:

Apresentação
“Meu nome é Marcelo Tristão Ataíde de Souza, mas muita gente me conhece por Marcelo Tas, que é justamente as iniciais desse sobrenome grandão que tenho. O ‘Tristão’ é da família da minha mãe, que é natural de Guará. O meu avô, pai da minha mãe, o ‘Candinho’ tinha uma venda no Rio Salgado, perto de Guará na Zona Rural e junto com a Vó Geralda, criaram uma família enorme e depois se mudaram para Ituverava.
Da parte de pai, eu sou filho de Ézio Athayde de Souza, que é filho de João Athayde de Souza e Julieta Maria do Vale, esse casal muito conhecido e muito atuante na cidade. O meu avô João Athayde foi prefeito três vezes da cidade e muitas outras vezes foi vereador e presidente da Câmara Municipal. Eu tenho muito orgulho dele, que era, como ele mesmo se chamava, o ‘Baiano cansado’, que saiu lá da Bahia para chegar em São Paulo, mas se cansou e parou no meio do caminho. E a maior parte da família nasceu justamente em Ituverava e região.
Meu avô foi uma pessoa que sempre amou a nossa cidade, e que deu um exemplo lindo de amor pela civilidade. Foi ele que trouxe a Escola Normal na cidade, o saneamento básico, o calçamento da principal de Ituverava (Dr. Soares de Oliveira), enfim, fez muitas coisas.
Eu tenho muito orgulho de todos os meus parentes, mas o Vô Jão foi um grande líder, não só político, mas também da nossa família. Minha formação também vem, é claro, do meu pai e da minha mãe, Ézio Athayde de Souza e Shirley Terezinha Athayde de Souza.
Minha mãe, professora primária no Fabiano Alves de Freitas, tem muitos alunos espalhados por todo esse país, e eu os encontro por todo canto. Já meu pai foi professor de Educação Física e ainda exerce a função de advogado em Ituverava”.

Infância e juventude
“A minha infância e a minha juventude em Ituverava foram uma alegria. Nasci em 1959, completei 60 anos nesse ano e me sinto feliz e sortudo por ter vivido em um ambiente como o que eu tivi em Ituverava, em que a gente brincava na rua à noite com os amigos do bairro, com os parentes e com os vizinhos, com muita liberdade. Também tive uma infância muito ligada à zona rural, pois sempre tive muito apreço pela agricultura e pela pecuária. Aprendi muito cedo a andar a cavalo, porque eu era uma espécie de office-boy do Vô Jão. Sempre gostei muito de aprender as coisas do campo, o que fez da minha infância ainda mais divertida, sempre com a presença dos meus colegas de escola, pessoas muito importantes para minha formação.
Na infância, mudei várias vezes de escola. Estudei primeiramente no Fabiano [Grupo Escolar Fabiano Alves de Freitas], onde minha mãe lecionava. O primeiro ano eu fiz lá, eu não gostei da experiência de ser filho da professora e pedi para mudar de escola, e fui para o Instituto de Educação ‘Capitão Antônio Justino Falleiros’, só que no Instituto meu pai também dava aula de Educação Física e, apesar de não dar aula diretamente para mim, eu pedi novamente para mudar de escola e fui estudar na escola ‘Professora Rosa de Lima’, onde me dei muito bem.
Gostei muito de morar em uma parte da cidade e frequentar uma outra parte, naquela época, já que o ‘Rosa Lima’ ficava quase fora da cidade. Para vocês terem uma ideia, hoje a cidade cresceu muito para os lados da Avenida Orestes Quércia e Vila São Jorge, mas o Rosa de Lima na época ficava quase que isolado. Tinha terrenos vazios por lá, e foi muito divertido, cheio de amigos e de amizades importantes, inclusive o Valdivino, filho do pipoqueiro da época. Eu achava lindo ser amigo do filho do pipoqueiro, porque eu ia na casa dele, e via o carrinho de pipoca na sala e eu achava que aquilo era uma astronave estacionada na sala. Aquele carrinho de pipoca era justamente aquela coisa mágica que ficava em frente ao cinema, o ‘Cine Regina, que a gente frequentava em turma”.

Cinemas
“Naquela época Ituverava tinha dois cinemas, o Cine Regina, na Praça Dez de Março, e o Cine Rosário, na segunda quadra da avenida, ao lado de onde ficava a Livraria Vanguarda [hoje Magazine Luiza]. Eram dois templos para gente frequentar, assistir filmes. Enfim, o cinema é algo que faz muita falta em Ituverava nos dias de hoje, porque foi muito marcante para mim.
A gente tinha outros tipos de lazer como frequentar a Cachoeira Salto Belo, que na época era frequentável, eu, inclusive, procuro ir com meus filhos hoje na Cachoeira, que continua muito linda apesar de pouco freqüentada. Mas na época a gente tomava banho de rio, tomava aquela ducha da cachoeira, e era uma coisa muito bacana”.

Bailes
“Outra coisa marcante também na minha infância foram os bailes. Tínhamos muitos na Associação Atlética Ituveravense e também em Clubes, na Liga Operária, e na Princesa Isabel que era o clube dos negros da cidade, onde nós frequentávamos no carnaval. Tinha um bloco de homens que saía vestidos de mulher, que se chamava ‘Maria Giriza’, que era muito alegre. Também era marcante o encontro com aquela galera, que deixava a sua macheza de lado e se vestia de mulher e brincava na rua.
Também havia muitos churrascos, muita galinhada, tradições religiosas da Semana Santa, inclusive uma travessura, que era roubar galinhas na Sexta-Feira Santa, dia que marcavam o final do jejum do carnaval e ai nós comíamos as galinhas depois da meia-noite para não pecar, apesar de tê-las roubado por brincadeira. Era um roubo sim, mas as pessoas sabiam da tradição e alguns fazendeiros até separavam algumas galinhas para que fossem roubadas”.

Viver o momento
“Eu sou uma pessoa que não tenho nenhuma nostalgia, apesar de eu ter muito carinho pela minha infância e pelo meu passado. Vivo muito o que está acontecendo hoje e não tenho nostalgia nem mesmo dos programas de televisão pelos quais já passei. Eu creio que é muito importante nós vivermos plenamente o que está acontecendo agora. Temos que saber deixar o tempo cuidar da gente, saber envelhecer, ficar mais maduros, e poder curtir as coisas que hoje são mais importantes, inclusive Ituverava, onde gosto muito de andar a pé pela cidade meio sem rumo, às vezes pelos loteamentos. Também gosto de andar de bicicleta, bater papo na feira e tomar um sorvete. Gosto muito de frequentar o momento atual das coisas e, por isso, sou uma pessoa vacinada contra a saudade, apesar de respeitar e ter muito orgulho do meu passado”.

Vocação econômica
“Vejo Ituverava como uma cidade inquieta. Sempre senti que ela precisa fazer alguma coisa. Acredito que o município precise encontrar a sua vocação, e na minha opinião, sendo este ituveravense distante do dia a dia, e por isso eu faço uma ressalva, porque eu creio que quem mora em Ituverava deve ter voz para falar deste assunto, mas já que vocês me perguntam, eu creio que a vocação de Ituverava deve ser questões coisas ligadas à inovação, à educação e, por exemplo, novas formas de tratar a agricultura.
Ituverava já tem uma tradição de educação, de faculdades, faz muito tempo. Faculdades e escolas de Ituverava sempre tiveram um excelente respeito em toda região, e para mim, essa vocação de Ituverava pela educação poderia ser mais cuidada. Deveríamos, inclusive, valorizar mais a nossa história, e é por isso que estou tão feliz em dar esse depoimento, para um jornal que está completando 70 anos, pois é fundamental nós termos conhecimento da nossa história”.

Centro de cultura
“Uma coisa que eu sinto falta na cidade, por exemplo, é de um centro de cultura para que possamos conhecer a história de Ituverava. Lembro que já houve uma casa no Largo do Rosário que funcionou uma época como um Museu, a qual creio que já não exista mais. Eu vejo muitas casas lindas e antigas que estão sendo demolidas. Tenho certeza que uma dessas casas pode vir a ser um excelente centro cultural. Eu amo, por exemplo, aquele edifício da Estação Ferroviária, ali poderia ser um lindo espaço cultural para nossa cidade e, eu, com muito carinho, deixo aqui a minha sugestão”.

Polo de turismo
“As áreas social, comercial, industrial e agropecuária da cidade eu vejo com uma certa preocupação, porque a agricultura de Ituverava deixou de ser diversa, com algodão, milho, soja e café, para uma monocultura que é da cana de açúcar. Eu entendo as razões de isso ter acontecido, mas creio que não é um bom caminho. Para mim um bom caminho para nossa cidade é a diversidade de agricultura, já que temos os solos mais perfeitos do mundo para o cultivo.
Então eu vejo com muito bons olhos toda vez que vejo alguma coisa nova em relação à agricultura, como recentemente, eu soube e pude comprovar o cultivo de uva, onde há até a produção de um vinho em Ituverava, com muito sucesso, inclusive. É um vinho de excelente qualidade que eu pude provar.
Eu acho isso uma ideia fantástica, pois acho a gastronomia um caminho muito legal para Ituverava, o turismo, o turismo rural, as pousadas, enfim, todas as pessoas dos grandes centros que hoje gostam muito de ter um momento de sossego.
Aliás, as próprias pessoas de Ituverava às vezes buscam sossego em represas, em Rifaina, ou mesmo em lugares longes, como praias. Ao invés disso, a gente poderia começar a criar esses polos de turismo rural em Ituverava, o que pode ser muito bacana para nossa cidade”.

Área cultural
“Na área cultural é a mesma coisa, pois creio que temos muito espaço para avançar. Nós, por exemplo, consumimos muito uma música de fora e, a maioria das vezes, música mecânica, muitas vezes que não é feita na cidade, e eu acho que Ituverava tem tradição de música. Estou falando da música caipira evidentemente, da música sertaneja, mas estou falando também de bandas, sempre teve tradição em Ituverava, bandas de rock, de música clássica, entre outros gêneros.
Eu fiz piano clássico em Ituverava no Conservatório Musical Santa Cecília, então Ituverava tem uma tradição musical e muito antiga e creio que teatral também, pois Ituverava tem pessoas ligadas ao teatro fazendo grande sucesso em vários lugares. Ituverava tem tradição ligada às artes, e essa tradição deve ser mais cuidada, porque tenho certeza que temos muito espaço para isso”.

Saúde
“As instituições de saúde em Ituverava são muito conhecidas e os profissionais também, pois os médicos de Ituverava são muito respeitados na nossa região, e creio que devemos olhar com muito carinho, apoiar esses profissionais e essas instituições.
A Santa Casa, por exemplo, foi onde nasci, e tenho muito orgulho de lembrar que meu Avô João participou dos esforços da construção da Santa Casa, junto com o Monsenhor João Ruli. Hoje a Santa Casa de Ituverava é um centro de excelência, que precisa de mais apoio e de recursos”.

Clubes de serviços
“Nós temos o Abrigo de Idosos, que é uma instituição muito conhecida, que tem o apoio fantástico do Lions Clube. O Rotary de Ituverava, que muito atuante nessa missão de olhar para o bem público, de doação de recursos, de tempo de cidadãos de Ituverava, para o bem público. Os meus pais, Ézio e Shirley, são leões, atuantes no Lions Clube da cidade, então eu posso acompanhar muitos dos companheiros deles que fazem esse tipo de trabalho”.

Distrito industrial
“Tenho uma pergunta aqui: um Distrito Industrial favoreceria a instalação de indústrias na cidade? Desde criança existe essa questão de que Ituverava precisa ter indústrias e, para mim, isso fazia sentido naquela época. Mas hoje nós precisamos ter muito cuidado em associar indústria com o progresso, e vou dizer o porquê: o mundo sofre uma transformação gigantesca e o grande vetor das mudanças do mundo é a inovação, não é só a tecnologia, mas a inovação. Ou seja, a capacidade criativa de resolver problemas. E inovação nem sempre significa indústria.
Nós temos em Ituverava indústrias importantes que já estão atuando há muito tempo na região, mas não creio ser a busca de indústrias da forma tradicional um vetor que possa funcionar para a prosperidade, para gerar empregos para Ituverava. Para mim, o grande vetor da mudança que vivemos atualmente é inovação, educação e a capacidade que nós temos que ter de olhar para os problemas atuais e termos a criatividade para resolvê-los de uma forma sustentável.
Não adianta nós ficarmos buscando soluções mirabolantes se não termos os recursos para resolvermos os problemas daquela forma, daí vem a inovação e aí a tecnologia pode ter um aspecto muito importante. Às vezes com uma boa ideia e com poucos recursos, você consegue um avanço. Nós vemos isso no comércio de Ituverava, que é muito inovador. Ele foi se transformando ao longo do tempo, e foi gerando novos tipos de negócio, de lojas, novamente de gastronomia, pois a cidade tem uma tradição de excelente gastronomia, lojas de comidas prontas, de produtos orgânicos, ou de novas formas de acesso à moda. Eu creio que há muitas formas de sermos inovadores, sem precisar de ir para o lance da indústria, com aquela cabeça da indústria à moda antiga, aquela indústria que sai fumacinha”.

Oportunidade perdida
“Mas não posso de deixar a minha palavra sobre uma oportunidade perdida que eu testemunhei, que foi quando o Busa, que é um grande inovador da nossa cidade, um mecânico, um cara que consertava automóveis, caminhões, e tudo mais, com inovação, vejam aí o que eu estava falando antes, ele foi começando a criação de novas ferramentas para a agricultura, e aos poucos foi construindo uma indústria.
Ele foi crescendo a sua oficina e foi virando um verdadeiro laboratório de novas ferramentas, e quando ele quis crescer realmente, e fazer uma fábrica em Ituverava, ele não teve o apoio necessário e, por isso abriu a sua indústria em Guará, na cidade vizinha. Essa é uma lição que nós precisamos aprender em nossa cidade: apoiar inovadores como o Busa, que tem muito a contribuir para a nossa cidade. Aliás, um abraço para ele”.

Complexidade do mundo
“Eu creio que sou um comunicador em busca de entender a complexidade do mundo e traduzir em uma linguagem mais acessível, mais democrática, para que todos nós possamos aprender juntos. Então eu me sinto muito hoje com a vocação de professor, como os professores que já interpretei: o professor Tibúrcio e o TeleKid, do ‘Porque sim não é resposta’”.
Já fiz muitas coisas na área da educação ligadas à pedagogia, como o Telecurso na Rede Globo, na Fundação Roberto Marinho, com as redes de TVs educativas. Esses talvez sejam os maiores projetos que eu já participei na televisão, junto com outros que vocês conhecem que são mais de entretenimento, e, eles me mostram que a minha missão é traduzir, eu me sinto muito um tradutor de conteúdo e, portanto, um comunicador que tenta traduzir em uma linguagem para todos nós possamos participar da conversa”.

Jornalismo
“Na faculdade de Engenharia, eu conheci um jornal, que era feito por engenheiros, gostei da coisa, era um jornal de humor, e vibrei com aquilo. Fui aceito na equipe e consegui publicar o meu primeiro artigo, que na verdade era uma poesia, uma poesia metida à besta, e gostei daquilo. Aos poucos fui participando cada vez mais, virei editor desse jornal, da escola politécnica da USP onde eu estudei Engenharia Civil, e tomei gosto pelo jornalismo, então curiosamente dentro da faculdade de engenharia eu encontrei o caminho da comunicação, e encontrei até o caminho para perceber que a duas quadras da escoa de engenharia, tinha uma escola de comunicação e artes.
Lá cursei e conheci lá uma série de outras pessoas com quem eu acabei fazendo televisão, e quando comecei a fazer televisão foi quando a ficha caiu. Para quem é jovem, a ficha cair significa a ficha que a gente botava no telefone público, é você ter certeza de que é aquilo mesmo que você quer fazer, e é o que eu gosto mesmo de fazer, a televisão e suas várias formas como essa aqui agora, nós aqui conversando no YouTube, no canal da Tribuna de Ituverava.
A televisão continua encontrando novas formas, até porque ela tem que se reinventar para não ficar parada. A televisão ficou muito parada uma época ela está sofrendo muito com essa crise que vivemos hoje, com a revolução digital”.

Jornal impresso
“Sobre o impacto da internet no jornalismo, principalmente no jornal impresso, é imenso, porque o que muda não é a tecnologia, o que muda é aqui ó, dentro da gente. Nós sabemos que podemos ter acesso à informação de várias formas, não apenas com papel cheio de tinta, que eu gosto inclusive, mas a qualquer momento eu posso acessar o site da Tribuna de Ituverava, e inclusive conferir as coisas que eu acabei de falar aqui, para falar inclusive do meu avô João Athayde, eu fui lá ver, quais obras que o vovô fez. Fui lá e vi que ele fez o calçamento, o saneamento, que trouxe o aeroporto, que ele trouxe a escola normal, está tudo no site da Tribuna de Ituverava, quando que a gente teria isso antes? Nunca, né? Então a transformação é justamente por uma mudança interna. Nós acessamos as informações de uma forma muito ágil, muito diferente de como a gente acessava antes que tinha que esperar ela chegar a hora do telejornal para saber o que aconteceu no Brasil e no mundo.
Agora você fica sabendo de coisas que você nem quer saber, o dia todo, e aí, novas responsabilidades surgem de como lidar com excesso de informação e também com os ruídos da informação, com as notícias falsas, as famosas Fake News, e com os contos do vigário modernos, os contos do vigário sempre existiram, mas os contos do vigário modernos, as redes de WhatsApp, que as vezes disparam um monte de mentiras, ou um monte de boatos e tudo mais. Eu lembro que quando eu era garoto em Ituverava, o pessoal fazia xerox, na época da eleição surgia boatos xerocados, criando rumores sobre os candidatos e tudo mais. Hoje é um xerox só que na velocidade da luz espalha muito mais rápido do que fogo, espalha instantaneamente, e às vezes uma mentira pode destruir a vida de uma pessoa, o que é um crime, inclusive. Então nós temos que tomar muito cuidado com a velocidade com a qual nós usamos essas ferramentas, porque nós somos responsáveis por isso.
Muita gente gosta de falar mal das ferramentas, mas quem as usa as ferramentas é que tem a responsabilidade, e uma última pesquisa que foi feita sobre as Fake News, aponta quem é o maior propagador de Fake News, sabe quem é? O grupo de WhatsApp da família. Ou seja, todos nós. Então é uma responsabilidade muito séria que nós temos com esses novos meios (que são maravilhosos) são democráticos. Eu uso bastante, estou atuando bastante em todas as redes, aliás convido todos vocês de Ituverava a nos seguir lá, @marcelotas em todas elas”.

Ataque à cultura

“Atualmente um desafio muito grave é o ataque à cultura. Eu não gosto de me posicionar, em termos de a favor ou contra ao atual governo, mas é importante dizer que eu respeito obviamente o governo legitimamente eleito do presidente Bolsonaro, mas o que está acontecendo é muito grave em relação à cultura, porque ela está sendo demonizada no Brasil de uma maneira muitas vezes estúpida.
Fernanda Montenegro é atacada por uma autoridade, pelo cargo equivalente ao ministro da Cultura, de uma forma sem nenhum argumento. Também estamos vendo censura ao teatro, às vezes censura a filmes que não podem ser lançados, e isso é muito preocupante, porque a cultura é o espelho de uma sociedade, de uma nação. Ela não é de um partido, ela não é de uma ideologia.
Então volto a dizer, eu respeito muito o cargo do presidente Bolsonaro, mas estou muito insatisfeito como a forma que ele conduz as suas próprias palavras, às vezes acusando artistas, acusando ativistas da Amazônia de crimes que eles não cometeram, e como tem muita gente que segue sem questionar as coisas que ele fala, isso acaba se proporcionado ambientes de violência.
Eu creio que para se construir um país, nós temos que fazer duas coisas: reconhecer a vitória do atual presidente, legitimamente eleito, inclusive eu reconheço as razões pelas quais ele foi eleito, uma luta contra a corrupção, eu apoio totalmente essa visão, concordo com o que havia antes era absolutamente inadmissível, mas não por isso, nós devemos apoiar cegamente, tudo que ele faz, e tudo que ele diz, até porque há graves denúncias já no atual governo que não estão sendo muito esclarecidas. O uso do cartão corporativo pelo presidente, por exemplo, não é transparente, então creio que para nós convivermos em um país novo, realmente de uma nova política, nós temos que parar de brigar com a eleição que já passou, aceitar os atuais governantes, mas manter uma postura crítica.
Porque o Brasil, Ituverava, o Estado de São Paulo, eles vão ficar e esses governos vão passar, e quem vai construir esse país somos nós, mesmo que nós pensamos de uma maneira diferente em relação à política. Eu aprendi com meu avô Jão, que isso não tem nenhum problema. Eu sempre vi adversários políticos dele, inclusive dentro de casa. Ele recebia, conversava, e é assim que devemos fazer política. Eu amo muito a política, porque entendo que ela é a arte do debate e dos argumentos, mas não da violência ou das denúncias vazias como as que eu tenho visto serem feitas contra artistas e ativistas no nosso país”.

Viagem para a Espanha

“Estou aqui falando com vocês, mas partindo para Espanha, onde vou gravar um curso online com uma plataforma de educação espanhola chamada Doméstika, e eu conto essa notícia em primeira mão aqui para a Tribuna de Ituverava. Estou agora em dezembro indo para a Espanha e sinto que estou reencontrando a minha vocação de educador. Mas também sei que sou um comunicador da televisão brasileira, e tenho muito orgulho de tudo que eu já fiz, como o CQC, o Ratimbum, o Castelo Ra-Tim-Bum, as séries que eu fiz no Discovery, o Batalha Makers Brasil, etc.
Fiz muita coisa também no Cartoon Network, que eu gosto demais, e atualmente faço o Provocações, na TV Cultura, que eu amo. Mas o que eu percebo é que em todos eles o ‘bichinho carpinteiro’ que vive dentro de mim é o da educação, e nesse sentido eu renovo o meu amor pela minha origem, de Ituverava, por ser filho não apenas de Ituverava, que é uma terra de educadores, onde tive acesso a excelentes escolas públicas, mas também por ser filho de Dr. Ézio e Dona Shirley, dois professores de escola pública”.

Família

“Meus pais, que vivem na cidade e que eu tenho maior amor e carinho, e minha família toda, a família dos Athayde, e a família dos Tristão, e agregados, nos Tristão têm os Rodrigues, que é uma família que eu amo, que é da irmã da minha mãe, a tia Marley que nos deixou, mas que deixou filhos maravilhosos, o Rodrigo, Renata, Rogéria, o tio Joaquim Rodrigues, que é uma beleza de ser humano, que é o pai delas, casado com a tia Marley.
Do lado do meu pai então, é muita gente, eu nem vou me atrever a começar a falar nomes senão nós não vamos parar aqui hoje. Mas enfim, são vários irmãos, irmãs, tios e tias e primos e primas, netos, bisnetos, uma família linda que se confunde com as todas as famílias de Ituverava que eu conheço, que são amigos, que são colegas, de escola ou de trabalho”.

Orgulho

“Enfim, o que eu quero dizer para vocês é que eu tenho enorme orgulho dessa cidade, tem gente que me cobra porque falo muito de Ituverava, mas que eu tenho aparência e sotaque de gringo. É que eu saí daí com 15 anos de idade, fui fazer a escola preparatória de cadetes do ar em Barbacena, escola da Aeronáutica, mas o meu orgulho de Ituverava é imenso, por isso que eu sempre faço questão de falar dessa minha origem. Origem é uma palavra que tem a ver com originalidade, para você ser criativo, você tem que ser fiel a sua origem, é dali que parte a sua criatividade, e para mim foi daí que partiu tudo que eu já fiz na vida, a minha origem caipira com muito orgulho de Ituverava e região, e das amizades, dos aprendizados que eu tive, com os boiadeiros, com o pessoal que pegava na enxada, com o tio Valdemar que para mim representa um tio dos mais modestos da minha família. Aprendi bastante com ele, que ele era pedreiro e tinha uma bicicleta linda.