O MERECIDO RECONHECIMENTO A “PARASITA” NO OSCAR 2020

Em uma noite em que os favoritos levaram o Oscar na maior parte das categorias, como Melhor Ator (Joaquin Phoenix, por “Coringa”), Melhor Atriz (Renée Zellweger, por “Judy”) e Melhor Fotografia (Roger Deakins, por “1917”), a surpresa da premiação foi o filme “Parasita”, do cineasta sul-coreano Bong Joon Ho, que levou quatro prêmios: Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro Original e Melhor Filme Internacional.
Na categoria principal e na de Melhor Direção, o filme desbancou o favorito “1917” (Sam Mendes), que vinha de uma série de importantes premiações. Já na categoria de Melhor Roteiro Original, venceu nomes como Quentin Tarantino e Noah Baumbach.
Apontado, a princípio, como favorito apenas para a categoria de Melhor Filme Internacional, “Parasita” causou surpresa na premiação não por ser inferior aos demais concorrentes, mas por não ser exatamente considerado “a cara do Oscar”. Os motivos para isso vão desde a nacionalidade do longa-metragem até a sua temática. Repleto de simbolismos e críticas sociais, o filme é, sobretudo, um alerta a respeito da desigualdade social, retratada através da história de uma família pobre disposta a (quase) tudo para se tornar rica. Com uma abordagem bastante original, Bong Joon Ho discute preconceitos, falácias sobre meritocracia e os riscos de uma sociedade que considera o consumo como fator essencial para determinar quem você é. Evidencia, ainda, a desinformação (ou falta de empatia?) dos mais ricos em relação aos mais pobres, como na cena em que a dona da mansão classifica como “benção” a mesma chuva que destruiu a casa em que a família protagonista morava.
Feito em um momento bastante oportuno, “Parasita” se apresenta como um dos grandes filmes do século e uma grande prova de que quando barreiras culturais são rompidas, conhecemos novas artes, ideias e percepções.

Premiação
Outros grandes vencedores foram “1917” (Melhor Fotografia, Mixagem de Som Efeitos Visuais), “Coringa” (Melhor Ator e Trilha Sonora Original) e “Era uma vez em Hollywood” (Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Direção de Arte). Quem surpreendeu foi “O Irlandês”, de Martin Scorsese, que teve dez indicações, mas não levou nenhum prêmio.

Bruno da Silva Inácio cursa mestrado na Universidade Federal de Uberlândia, é especialista em Gestão Cultural, Literatura Contemporânea e em Cultura e Literatura.
Ele Cursa pós-graduação em Filosofia e Direitos Humanos e em Política e Sociedade. É autor dos livros “Gula, Ira e Todo o Resto”, “Coincidências Arquitetadas” e “Devaneios e alucinações”, além de ter participado de diversas obras impressas e digitais.
É colaborador dos sites Obvious e Superela e responsável pela página “O mundo na minha xícara de café”.