Outubro Verde ressalta a importância da conscientização sobre sífilis congênita

Dia Nacional de Enfrentamento à Sífilis foi instituído pela Lei Federal 13.430/2017

O terceiro sábado do mês de outubro é anualmente dedicado para mobilizações do Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita.
A Campanha Outubro Verde ressalta visibilidade e conscientização sobre a sífilis congênita, doença infectocontagiosa que é caracterizada pela transmissão da sífilis da mãe para o feto ou para o recém-nascido.
O Dia Nacional de Enfrentamento à Sífilis foi instituído pela Lei Federal 13.430/2017, e tem como objetivo ressaltar a importância do diagnóstico e tratamento adequados da sífilis, especialmente na gestante, durante o pré-natal. Além disso, é uma forma de incentivar o engajamento dos profissionais e gestores de saúde da rede municipal em ações de prevenção e acompanhamento dos casos da doença.
Nos primeiros quatro meses de 2021, de acordo com dados do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), foi registrado um aumento no número de diagnósticos positivos de Sífilis.
Os dados foram comparados com os registros do primeiro quadrimestre de 2020 e revelam o crescimento de 10% da doença. Em 2020, foram 94 pessoas com diagnóstico positivo e 104 neste ano. A maioria dos infectados também é de homens, sendo jovens entre 20 e 39 anos.

Origem do Outubro Verde
Como o objetivo de chamar a atenção da população sobre a importância do diagnóstico precoce e do tratamento da doença na gestante, a campanha Outubro Verde foi lançada em 2016 para discutir a situação da doença no Estado de São Paulo (e no Brasil) que, devido ao aumento progressivo das taxas de transmissão vertical, representa um enorme desafio aos pediatras.
A iniciativa foi coordenada pelo Grupo de Trabalho Prevenção e Tratamento da Sífilis Congênita da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) em conjunto com a Coordenação Estadual de DST/Aids de São Paulo e Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo (Sogesp).
“Se previamente diagnosticada e adequadamente tratada, a sífilis congênita não leva a qualquer alteração ou disfunção. Mas, se ignorada, pode levar a sequelas irreversíveis no bebê e até causar a morte. Por isso, é fundamental que se discuta essa moléstia tão antiga, mas que, nos dias atuais, continua tão presente”, disse Cláudio Barsanti, coordenador das Campanhas da SPSP.

Redução da transmissão vertical

“A legislação, tecnologia e insumos para a redução da transmissão vertical da sífilis já existem e são disponibilizados pelos governos Federal, Estadual e Municipal, desencadeando ações dos órgãos públicos na estruturação de uma rede integral de prevenção da transmissão vertical da doença. Porém, os dados epidemiológicos continuam detectando elevação da incidência de SC no Brasil, com diferenças regionais”, destaca.
“Isso reforça a importância da campanha Outubro Verde para mobilizarmos os profissionais da saúde e a população no combate a esse grande problema de saúde pública”, conclui Cláudio Barsanti.

Em silêncio, sífilis avança: IST foi a que mais cresceu na última década

Alimentada pelo desconhecimento de profissionais da saúde e pela dificuldade na interpretação do diagnóstico, a sífilis reemergiu com força e se tornou a infecção sexualmente transmissível (IST) que mais se expandiu na última década.
De acordo com o Boletim do Ministério da Saúde (MS) de outubro de 2020, o número de casos registrados da chamada sífilis adquirida (transmitida por meio do contato sexual) passou de 3.925 em 2010 para 152.915 em 2019, principalmente na faixa de idade entre 20 e 39 anos.
Os das outras duas formas também aumentaram – em gestantes (uma das formas de sífilis adquirida, tratada separadamente), passou de 10.070 para 61.127 e a congênita (transmitida da mulher para o feto), de 2.313 para 6.354, nesses 10 anos.
A sífilis congênita é de notificação obrigatória desde 1986 e a de gestantes desde 2005. A adquirida, porém, apenas desde 2010.

A doença
Causada pela bactéria Treponema pallidum, a sífilis é uma doença infectocontagiosa que pode ser transmitida em qualquer momento da gravidez; a probabilidade de contágio varia de acordo com o tempo de exposição ao feto e do estágio clínico da doença materna. Quanto antes confirmar o diagnóstico, melhor o prognóstico e menor o risco para o bebê.
Quando a gestante, com diagnóstico de sífilis, porém não faz o tratamento corretamente durante o pré-natal, o recém-nascido deverá fazer exames de sangue (sorologia (VDRL) e hemograma), coleta de líquor por punção lombar e Raio-x de ossos longos para identificar se houve contaminação. Caso a criança tenha o diagnóstico, ficará internada por 10 dias para receber um tratamento com antibióticos corretamente.

Complicações
Entre as complicações da sífilis estão aborto espontâneo, natimorto, parto prematuro, má-formação do feto, surdez, cegueira, deficiência mental e óbito neonatal.
O bebê pode nascer sem nenhum sinal da doença ou apresentar: baixo peso, rinite com coriza sero-sanguinolenta, prematuridade, osteocondrite, periostite, osteíte, choro ao manuseio e obstrução nasal. Esses achados podem se manifestar no nascimento ou até os dois anos de idade.

Transmissão e tratamento

Além de poder ser transmitida de mãe para filho durante a gestação, a transmissão de uma IST, como a sífilis, também pode ocorrer por relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada.
O tratamento é feito com uso de medicamento ofertado na rede pública de saúde. O melhor remédio, porém, ainda é a prevenção, que pode ser feita com o uso correto e regular de preservativos.