O caminhão Scania P 280 6 x 2 movido a gás, equipado com um coletor de lixo lateral foi desenvolvido pela empresa Busa
São Paulo está iniciando testes de uma nova tecnologia que promete revolucionar o modelo de coleta de lixo urbana.
Trata-se de um caminhão Scania P 280 6×2 movido a gás (preferencialmente com gás biometano), equipado com um coletor de lixo lateral desenvolvido pela empresa Busa Industrial e Comercial Ltda., localizada em Guará.
A grande inovação é que o sistema elimina a necessidade de garis para carregar manualmente os resíduos, trazendo ganhos em eficiência operacional, segurança e sustentabilidade.
O veículo, que já está em operação experimental em algumas regiões do estado, utiliza um braço mecânico que coleta os recipientes diretamente das calçadas (a partir de caixas configuradas para esta operação) e os despeja dentro do compactador.
Essa tecnologia, comum em países europeus, é vista como um passo importante para modernizar a coleta de lixo no Brasil, reduzindo custos e aumentando a produtividade.
Parceria
Segundo Marcelo Gallao, diretor de desenvolvimento de negócios da Scania Brasil, o projeto é fruto de uma parceria entre a montadora, a Busa – que produziu o implemento e o cliente Urbis, responsável pela operação junto à prefeitura.
“É o primeiro coletor lateral a gás que estamos colocando em teste no Brasil. O veículo foi adaptado especialmente para este tipo de coleta, onde o gari não é necessário para o carregamento”, explica Gallao.
Eficiência energética
O Scania P 280 é reconhecido por sua eficiência energética e menor emissão de poluentes.
Movido a gás natural fóssil ou biometano renovável, o modelo oferece uma redução significativa de emissões de CO₂ em comparação a caminhões movidos a diesel quando abastecido com biometano – uma preocupação cada vez mais presente nos contratos públicos de coleta de resíduos.
BUSA aposta na nacionalização dos coletores
Em entrevista, o CEO da Busa, Eduardo Rodrigues revela que os primeiros sete caminhões com o sistema side loader (coleta lateral) estão sendo implementados para as empresas EcoUrbis e Loga, responsáveis pela coleta na cidade de São Paulo.
“Hoje temos três caminhões prontos, sendo que um estará em demonstração na Agrishow, e os outros dois já seguem para operação em São Paulo. Estamos aguardando a chegada de mais quatro chassis para completar os sete primeiros veículos”, explica o empresário.
De acordo com ele, o equipamento nacionalizado representa cerca de 70% da frota de coleta mecanizada prevista inicialmente no projeto.
“É 100% nacional. Desenvolvemos um equipamento robusto e adaptado à realidade brasileira, com ganho de produtividade e redução de custos para as concessionárias”, afirma o empresário.
Vantagens
O coletor lateral é um pouco mais pesado que o coletor traseiro convencional – cerca de 300 a 400 kg a mais – devido ao braço mecânico, mas traz vantagens operacionais importantes: o lixo é compactado no sentido contrário ao tradicional, o que melhora o equilíbrio da carga e a estabilidade do caminhão.
Outro destaque é o impacto direto na operação: um caminhão de coleta lateral consegue substituir até quatro caminhões traseiros em certas rotas, reduzindo a quantidade de viagens e ampliando o intervalo entre coletas.
“O container onde o lixo fica armazenado é hermeticamente fechado, o que também ajuda na questão da higiene urbana, além de permitir que a coleta seja feita com menor frequência”, explica o CEO da indústria Busa.
Expansão e pioneirismo
O projeto piloto com sete caminhões é apenas o início.
O contrato completo de concessão prevê mais de 150 unidades ao longo dos próximos anos, com expansão gradual da frota de coletores laterais e instalação de milhares de containers automatizados.
Segundo a Busa, São Paulo se torna a primeira cidade da América Latina a operar caminhões de coleta lateral movidos a gás — uma iniciativa que deve influenciar outros municípios brasileiros.
“São Paulo é a vitrine. O sucesso aqui vai puxar novas licitações em todo o Brasil, principalmente com essa pegada sustentável do caminhão a gás”, reforça o executivo da Busa, Eduardo Rodrigues.
OUTRO PROJETO
Além dessa novidade para o setor de resíduos urbanos, a Scania também apresentou na feira Green Show, voltada ao setor sucroalcooleiro, um novo projeto de caminhão articulado para o transbordo de cana picada.
O veículo, baseado na cabine G da Scania, foi desenvolvido para operar como máquina agrícola durante a safra e como caminhão rodoviário fora dela, evitando a ociosidade comum nos períodos de entressafra.
“Ele é 40% mais econômico que o trator e pode ser usado para transporte, plantio e adubação de cana, além de emitir menos CO₂”, detalha Gallao.
A expectativa é que essas inovações impulsionem não só ganhos de produtividade, mas também avancem em direção a um transporte mais sustentável no país.