O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) confirmou que a ex-prefeita de Ribeirão Preto (SP), Dárcy Vera (sem partido), passará a ser considerada como investigada em um dos processos da Operação Sevandija que trata de um esquema de corrupção na Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto (Coderp).
A advogada de defesa de Dárcy, Maria Cláudia Seixas, informou ao G1 nesta quinta-feira (28) que ainda não havia tomado ciência do assunto. A ex-prefeita sempre negou participação nesse e em outros esquemas de corrupção na cidade.
Hoje com 21 réus, a ação trata do envolvimento de vereadores da legislatura anterior, servidores municipais e dirigentes da Atmosphera na indicação de cabos eleitorais para cargos na construtora, pagamento de propina e favorecimento da empresa em licitações.
De todas as ações resultantes da força-tarefa, até agora Dárcy somente é mencionada como ré no processo que trata de desvios nos honorários advocatícios pagos em função do ‘Acordo dos 28%’, obtido em favor dos servidores municipais.
Presa desde maio, ela já é acusada de receber R$ 7 milhões em propina para liberar pagamentos indevidos e responde por corrupção passiva, organização criminosa e peculato – crime em que o agente público se beneficia do cargo que exerce.
De acordo com o promotor Leonardo Romanelli, as novas investigações foram solicitadas pela Procuradoria-Geral de Justiça, que chegou a apurar os atos de Dárcy quando ela ainda era prefeita e tinha foro privilegiado. O objetivo é apurar se a ex-prefeita tirou proveito político e financeiro das fraudes entre 2009 e 2016.
“A Procuradoria-Geral de Justiça de São Paulo, quando ainda ela tinha mandato de prefeita, abriu uma investigação com relação a ela por esses fatos. Essa investigação hoje está a nosso cargo. Ela não é mais prefeita, então nós continuamos. Vamos aproveitar os elementos que foram colhidos já na instrução do processo da Coderp que está agora em fase final”, disse.

Operação Sevandija
Deflagrada em setembro de 2017, a Operação Sevandija apontou que a Atmosphera era usada como cabide de empregos por nove vereadores da base aliada de Dárcy Vera. Eles indicavam apadrinhados políticos para cargos terceirizados pela Coderp na Atmosphera e, em troca, aprovavam projetos de interesse do Executivo.
De acordo com os promotores de Justiça, os parlamentares recebiam propina em encontros chamados por Plastino de “café”.
Responsável pelos sistemas de informática da administração municipal e pela manutenção de quase 14 mil equipamentos eletrônicos, a Coderp é uma empresa de economia mista, cujo principal acionista é a própria Prefeitura, também responsável por serviços terceirizados.
Foi justamente em contratos desse tipo que a PF e o Gaeco identificaram fraudes que resultaram em desvio de verbas dos cofres municipais. Membros do alto escalão do governo Dárcy Vera e funcionários da Coderp atuaram nas fraudes. Todos negam participação no esquema.
Fonte: g1.globo.com