Uso noturno de telas está associado à má alimentação de adolescentes

Tela x Alimentação

Crianças e adolescentes que usam mais celulares, videogames e televisão à noite tendem a consumir menos alimentos saudáveis nas refeições noturnas.
Em vez de frutas, verduras e legumes, a dieta desses jovens pode conter mais alimentos ultraprocessados e ricos em açúcares e gorduras, como doces, hambúrguer e pizza. A conclusão está em artigo de pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) publicado no início do mês na “Revista de Nutrição”.
Segundo a pesquisa, aqueles que usam até um dispositivo costumam consumir menos frutas, verduras e legumes; o uso de até dois dispositivos resulta em maior chance de ingerir doces, e usar três ou mais dispositivos está associado ao consumo de mais ultraprocessados e lanches.
A análise envolveu 1.396 escolares com idades entre 7 e 14 anos, com e sem sobrepeso, de 19 escolas públicas e 11 instituições particulares, localizadas em regiões diversas de Florianópolis (SC).

Informações
Informações sobre seus hábitos cotidianos foram coletadas por meio do questionário Consumo Alimentar e Atividade Física de Escolares, aplicado de forma virtual, como parte do Estudo da Prevalência da Obesidade em Crianças e Adolescentes.
Conduzido desde 2002 na capital catarinense, o estudo monitora sobrepeso e obesidade entre crianças e adolescentes, buscando entender fatores associados a eles.
Suas edições anteriores apontaram para tendências de aumento do sobrepeso e obesidade neste público, que foi de 30%, em 2002, para quase 34% no levantamento mais recente.
O uso de telas se destaca como fator associado ao ganho de peso que pode ser modificado.
“A utilização das telas pode vir acompanhada de propagandas de alimentos ultraprocessados, que estimulam sua compra e consumo, e que devem ser evitados”, ressalta a pesquisadora Patrícia Hinnig, pesquisadora da UFSC e uma das autoras do estudo.

Orientação
Ela destaca a necessidade de orientação acerca do uso de telas e da alimentação saudável.
“Essas ações podem ser realizadas no ambiente escolar como parte do Programa Saúde nas Escolas ou de atividades de Educação Alimentar e Nutricional. É fundamental que alcancem também as famílias e estejam associadas a outras ações de promoção da saúde no âmbito da Atenção Primária à Saúde”, indica.
A próxima edição do estudo sobre prevalência de obesidade em crianças e adolescentes de Florianópolis está prevista para 2025, a primeira desde a pandemia de Covid-19.
“Será possível avaliar o comportamento da obesidade nos escolares após a pandemia. Com dados de consumo alimentar, atividade física e uso de telas, poderemos avaliar as tendências ao longo do tempo”, explica a pesquisadora.

EQUILÍBRIO SAUDÁVEL

Nem todo o tempo de tela é criado da mesma forma, por isso é importante incentivar um equilíbrio saudável entre o tempo de tela passivo (por exemplo, assistindo ao YouTube) e o tempo de tela ativo (por exemplo, criando conteúdo ou jogando jogos online).
Além disso, não há orientação oficial sobre o nível certo de tempo de tela. A falta de evidências significa que os especialistas acham difícil recomendar um limite para o tempo de tela em geral.
Como tal, o uso equilibrado garante que o uso da tela pelos adolescentes os deixe com uma sensação positiva sobre o tempo gasto online.
No entanto, alguns sinais de que uma criança passa muito tempo nas telas incluem: sentir-se ansioso ou estressado por não ter o dispositivo, ou sentir-se ansioso ou estressado ao usar o dispositivo, falta de sono devido a noites atrasadas em dispositivos e atividade física limitada.

5 DICAS PARA AJUDAR OS ADOLESCENTES A EQUILIBRAR O TEMPO DE TELA

  1. Ajude-os a priorizar as principais tarefas em relação às telas
  2. Mantenha-se envolvido com o que eles fazem online
  3. Equipe-os com know-how para gerenciar riscos online
  4. Incentive-os a autorregular o tempo de tela
  5. Incentive-os a serem seletivos sobre o que fazem online