
Os equipamentos necessários para a aplicação de carvão ativado chegaram à Estação de Tratamento do Guandu, em Nova Iguaçu, às 7h30 desta sexta-feira (17).
Três carretas saíram de Mogi das Cruzes (SP) com um silo, dois tanques, uma caixa dosadora e uma bomba.
Esse maquinário será acoplado à linha de produção do Guandu nos próximos dias, para que a filtração com o carvão possa começar.
A promessa da Cedae é que na semana que vem a água chegue às torneiras sem geosmina. Liberada por microalgas, a enzima tem alterado o gosto e o cheiro da água há pelo menos 15 dias.
Um estoque de carvão ativado já tinha chegado à Cedae.
Podcast
A crise da água é o tema do podcast O Assunto desta sexta. Renata Lo Prete conversa com o repórter Ari Peixoto, que acompanha o caso desde o começo, e com o biólogo Francisco Esteves, professor da UFRJ que assinou uma nota junto com outros cinco professores afirmando que há uma ameaça à segurança hídrica do Rio.
O processo de limpeza
- Grades antes do ponto de captação impedem a entrada de detritos grandes, como pneus.
- O tratamento começa de fato com a desarenação, em que são retiradas partículas de areia presentes na água.
- Em seguida, é feita a utilização de produtos químicos: sulfato de alumínio e cloreto férrico. Essas substâncias servem para unir as partículas mais finas.
- Na terceira etapa, entra o carvão ativado pulverizado. “Todas as impurezas ficam agarradas no carvão”, explicou Julio Cesar da Silva, chefe do departamento de engenharia sanitária e de meio ambiente da UFRJ.
- A mistura vai para os tanques de decantação, onde os flocos de geosmina se sedimentam.
- A filtração é feita com areia e/ou carvão antracitoso.
- Depois, os procedimentos finais continuam com a desinfecção, com cloro e a injeção de flúor, para auxiliar na prevenção da cárie dentária.
- Por fim, a correção de pH com cal hidratada ou cal virgem, para evitar a corrosão das tubulações.
- A água é bombeada para um reservatório público e ainda recebe mais flúor antes de chegar aos consumidores.
Transposição
Adacto Ottoni, professor de Engenharia Ambiental da Uerj, sobrevoou o sistema da Cedae no Globocop nesta sexta. Ele explicou que mesmo o Rio Paraíba do Sul, de onde vem a água do Guandu, está poluído. Mas a situação é pior nos afluentes, que podem perpetuar o problema da geosmina.
“A água verde-escura é dos rios Queimados e Ipiranga, com muito esgoto, e fica parada na lagoa — o principal fator de produção de algas. Você tem que desviar a fonte de nutrientes dessas algas”, detalha.
“A minha sugestão é fazer uma transposição desses rios para além do ponto de captação. Você vai atrofiar a lagoa. Acaba o milho, acaba a pipoca”, compara.
Fonte: www.g1.globo.com