10 milhões passaram a acessar a internet no Brasil

Números, relativos a 2017, foram divulgados pelo IBGE no final do último mês  

Ao longo do ano de 2017, 10 milhões de pessoas passaram a acessar a internet no Brasil, sendo 2,3 milhões com mais de 60 anos. Com isso, quase 7 em cada dez brasileiros utilizavam a tecnologia no último trimestre do ano retrasado, quando o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) coletou os dados suplementares sobre tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (Pnad – Contínua), divulgada no fim de dezembro de 2018.
Grupo dos 60 anos
A maior expansão no uso da internet aconteceu na faixa etária de mais de 60 anos. O aumento nesse grupo foi de 25,9% entre 2016 e 2017. De forma geral, os dados do levantamento do IBGE mostram que o crescimento do número de usuários de internet foi maior que o da população em geral. Enquanto o número de brasileiros com mais de 10 anos aumentou 0,8% entre 2016 e 2017. O número de usuários de internet nessa mesma faixa subiu 8,8%. “Esse crescimento entre os maiores de 60 anos foi o maior entre todas as faixas etárias. A população desse grupo aumentou em 1 milhão de pessoas, mas 2,3 milhões passaram a usar a tecnologia” afirma a analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento (Coren) do IBGE, Adriana Araújo Beringuy. A comparação mostra que 1,3 milhões de novos usuários já estavam na faixa dos mais idosos em 2016 e só agora aderiram à internet.

Troca mensagens

A troca de mensagens de texto e voz e de imagens é o principal uso da internet para 95,5% dos brasileiros com mais de 10 anos. As chamadas de voz e vídeo passaram a ser o segundo uso mais recorrente para a maioria dos brasileiros. 83,8% dos entrevistados disseram usar a rede para chamadas, 10 pontos percentuais acima dos 73,3% que declararam essa finalidade na pesquisa de 2016, e mais do que os 81,8% que declararam assistir vídeos da internet.
Apesar da abrangência e dos grandes números, as barreiras para uso da internet continuam grandes. Um em cada quatro domicílios brasileiros não tem nenhum morador familiarizado com a tecnologia e 75,2% das pessoas que informaram não acessar a internet alegaram não saber usá-la.
Além disso, 30% dos entrevistados consideram o serviço caro. Na área rural, 21,3% dos domicílios ainda não têm o serviço disponível, contra apenas 1,2% dos lares na área urbana. O uso de internet entre a população ocupada é 42% maior que entre os não ocupados. No Nordeste, é quase 50% maior.

Idoso é faixa etária com maior índice de aumento no acesso 

Os idosos passaram a acessar mais a internet de 2016 para 2017, segundo a pesquisa Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em 2017, 31,1% das pessoas com 60 anos ou mais utilizaram a tecnologia frente aos 24,7% do ano anterior.
Anetilde Alcântara tem 60 anos e a internet passou a fazer parte de sua rotina diária. Os aplicativos de mensagem como o WhatsApp e o Messenger, do Facebook, são os favoritos. No começo, contou com a orientação da sobrinha. “Precisei da ajuda. É um pouco difícil, mas eu estou aprendendo”, conta.
Anetilde diz que a internet a aproxima das pessoas queridas. “Eu acho que facilita muito. Quando eu quero mandar mensagem para minha irmã, que ela não mora perto de mim, fica mais fácil”, afirma.
O grupo de 20 a 24 anos é o que mais acessa a internet (88,4%). Os brasileiros entre 18 e 19 anos são o segundo grupo com maior acesso (88,1%). Houve crescimento no uso da internet por todos os grupos etários analisados, que começam nos 10 anos e seguem até mais de 60. Das 181.070 mil pessoas analisadas, 69,8% utilizaram internet no período. No ano anterior, o percentual era de 64,7%.

Como é o acesso

A maior parte dos brasileiros acessam a internet por meio do celular (97%). O uso de microcomputadores diminuiu de 63,7% em 2016 para 56,6% em 2017. A televisão (16,3%) e tablets (14,3%) também são usados, mas em escala bem menor do que os outros dois equipamentos citados.
O percentual de pessoas que usaram a banda larga fixa para acessar a internet cresceu, passando de 81% em 2016 para 82,9% em 2017. O uso de redes móveis foi de 76,9% para 78,3% e quem usa os dois tipos também aumentou (de 58,3% para 61,4%).

Celular é o equipamento mais utilizado no acesso à internet  

Celular está em 78,5% dos lares enquanto 73,5% das residências têm banda larga fixa

Os dados suplementares sobre tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), mostram a hegemonia da telefonia móvel no país.
O celular era o equipamento utilizado para acessar a internet em 98,7% dos domicílios no fim do ano retrasado e a banda larga móvel também era mais abrangente. Está em 78,5% dos lares enquanto 73,5% das residências têm banda larga fixa.
Na verdade, a presença de computadores e tablet nos domicílios caiu, da mesma forma que o uso desses equipamentos para acessar internet. Quase 835 mil lares no país deixaram de ter microcomputador e 814 mil deixaram de ter tablet em 2017, de acordo com o suplemento da PNAD Contínua.
Uso TV
A pesquisa mostra que, em 2017, o uso da TV para acessar internet nos domicílios aumentou. Passou de 11,7% para 16,1%. Já o acesso à internet por computador pessoal nos domicílios caiu quase 10%, apenas 52,3% dos lares utilizam o meio contra 57,8% em 2016. No caso dos tablet, a redução foi de 13%, de 17,8% para 15,5% das residências.
“A presença desses dois equipamentos nos domicílios vem caindo”, afirma a analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento (Coren) do IBGE, Adriana Araújo Beringuy.
Segundo ela, entre 2016 e 2017, houve uma modernização do estoque de TV, embora os aparelhos de tubo ainda estejam presentes em 38,9% dos lares brasileiros. “Houve um crescimento da tela fina”, diz. No período entre a Olimpíada de 2016 e a Copa do Mundo de 2018, o número de domicílios com esse tipo de dispositivo alcançou quase 70%.
Televisão
O número de domicílios sem televisão aumentou de 2,8%, em 2016, para 3,3%, em 2017, informou hoje o IBGE, que divulgou a nova edição da Pnad Contínua sobre tecnologia da informação e comunicação.
Nesse período, o alcance do sinal de TV aberta digital, porém, subiu. 79,8% dos domicílios brasileiros já tinham algum tipo de aparelho com conversor digital e 66% recebiam o sinal digital, mais que os 71,5% dos lares com dispositivo e que os 57,3% com acesso ao sinal verificados no levantamento de 2016.
“A queda no número de domicílios com TV é uma variação pequena, mas de fato existiu. Pode ter sido pela obsolescência de aparelhos que não foram repostos ou pela opção de não ter esse tipo de aparelho, já que a programação de TV está disponível em outros tipos de dispositivos”, explica a analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento (Coren) do IBGE, Adriana Araújo Beringuy.

Avaliação

Na avaliação da analista do IBGE, a crise econômica pode ter afetado o setor de TV por assinaturas, cuja adesão caiu de 33,7% para 32,8% em 2017.
“Isso pode ser explicado pelo custo, pela preferência dos consumidores e pelas novas alternativas que o mercado vem oferecendo, como o caso do streaming”, diz. De acordo com a analista, a pesquisa ajuda a balizar a política de desligamento do sinal analógico de TV aberta que, em muitos lares, é o único disponível. “A Pnad dá subsídios ao governo para saber onde pode desligar (o sinal analógico) e onde não pode”, completa.