A nova linguagem que o Covid-19 estabeleceu durante a pandemia

Sociolinguístico diz que a velocidade das mudanças de linguística causada pela Covid-19 é sem precedentes

Home office: um dos termos bastante utilizados durante a pandemia

A linguagem é como um organismo vivo, está em constante processo de reformulação aderindo a novas palavras ou conduzindo ao esquecimento as que estão em desuso. Em situações inusitadas, especialmente como a pandemia de Covid-19, há uma tendência muito forte de que novos termos sejam criados ou adaptados de outras línguas e palavras para explicar essa nova realidade.
Robert Lawson, professor sociolinguístico na Universidade de Birmingham, na Inglaterra, diz que a velocidade das mudanças de linguística que estamos presenciando com a Covid-19 é sem precedentes. Ele atribui ainda essa velocidade a alguns fatores como: a rapidez com que o vírus se espalhou e sua predominância na mídia global, em um tempo no qual o contato remoto e as redes sociais são extremamente importantes.
Assim, presenciamos e aderimos aos nossos vocabulários vários termos que nos ajudam a entender o momento atual e as novas condutas necessárias, como “lockdown”, “quarentena”, “pandemia” ou palavras que se tornaram comuns nas novas maneiras de trabalho e lazer, como “streaming”, “live”, “home office”. A entrada de algumas delas na língua portuguesa divide opiniões, mas, desde que seus significados estejam claros, elas podem, sim, ser positivas.
As inovações, diz Lawson, “nos permitem nomear o que quer que esteja acontecendo no mundo. E uma vez que você pode nomear as práticas, os eventos, as condições sociais em torno de um evento específico, isso dá às pessoas um vocabulário compartilhado que todas podem usar facilmente. Acho que, no final das contas, se você puder nomear algo, poderá falar sobre ele; e se você pode falar sobre isso, então pode ajudar pessoas a enfrentar e lidar com situações realmente difíceis”.
Ao mesmo tempo em que a internet e as redes sociais disponibilizam um volume altíssimo de informação – o que permite o acesso instantâneo às novas descobertas científicas e medidas relacionadas à pandemia – circulam notícias falsas e desinformação, que prejudicam a prevenção e o combate ao vírus.
Por isso, compreender bem as novas palavras que fazem parte do vocabulário atual é, também, ter clareza sobre a realidade que estamos vivendo. Ou, pelo menos, sobre a parte que se sabe dela.

Saúde Mental

De acordo com o Instituto de Psicologia Aplicada (INPA), atividades que estimulam a mente são muito importantes para distrair a cabeça do excesso de informações que recebemos nesse cenário de caos e nos ajudam a superar a dificuldade de passar por essa pandemia. Algumas sugestões do INPA, são fazer alongamento simples, cozinhar, ler um livro, assistir a filmes e séries e escrever sobre sentimentos.
Pensando nessas recomendações, as palavras finais do glossário são as que merecem ser relembradas para a manutenção da esperança e do respeito, e assim, o período de isolamento seja vivenciado de uma forma melhor.
Empatia: é a habilidade de imaginar-se no lugar de outra pessoa, de compreender seus sentimentos e ações. A pessoa empática é capaz de se envolver emocionalmente com pessoas, grupos e culturas. Ela também tem a capacidade de interpretar padrões não verbais de comunicação.
Diálogo: mais do que uma simples conversa, é caminhar na compreensão mútua rumo a um destino desconhecido.
Esperança: Esperança é uma crença emocional na possibilidade de resultados positivos relacionados com eventos e circunstâncias da vida pessoal.
Responsabilidade: Dever de se responsabilizar pelo próprio comportamento ou pelas ações de outrem; obrigação. Comportamento da pessoa sensata; sensatez.

Glossário: Saúde e proteção (fontes: accamargo.org.br e G1)

Infodemia: Um dos novos termos adotados nessa fase pela qual estamos passando é “Infodemia”, termo cunhado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para categorizar o excesso de informações – verdadeiras ou não – que dificultam o acesso a orientações confiáveis sobre o coronavírus. Ele, como primeiro do glossário, ilustra a importância de buscar fontes confiáveis para obter informação e orientação sobre a Covid-19.

Pandemia: disseminação mundial de uma nova doença contagiosa, que se espalha por diversos continentes e tem transmissão sustentada entre pessoas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou pandemia da Covid-19 em 11 de março de 2020.

Coronavírus: um grupo de vírus capaz de causar doenças em humanos e animais. São da mesma família o SARS-CoV e o MERS-CoV, além de outros coronavírus que causam normalmente resfriados comuns. Sua estrutura é formada por microespinhos quando vista ao microscópio eletrônico, que se parecem muito com uma coroa. É daí vem o nome de “corona”.

Covid-19: é o nome da doença causada pelo vírus SARS-CoV-2 e é uma abreviação de Corona Virus Disease (“doença causada pelo vírus Corona”, em tradução literal do inglês).

Quarentena: a prática de isolar pessoas que parecem saudáveis, mas que podem ter sido expostas a uma doença, como a Covid-19. As quarentenas podem ser autoimpostas ou impostas pelo governo.

Distância social: recomendações a fim de reduzir a propagação da doença, como manter pelo menos um metro de distância das pessoas, evitar aglomerações e cancelar viagens desnecessárias a fim de reduzir a propagação da doença.

Lockdown: é uma medida de bloqueio total que, em geral, inclui também o fechamento de vias e proíbe deslocamentos e viagens não essenciais.

EPI: equipamento de proteção individual que é usado para diminuir a exposição a riscos que podem causar doenças ou ferimentos (como o uso de máscaras, luvas, escudo de proteção à face, avental, etc).

Média móvel: Para conseguir entender a tendência da pandemia além dessas oscilações entre dias de semana e fins de semana, os pesquisadores calculam a média móvel de casos. Em vez de contabilizar apenas os casos registrados nas últimas 24 horas, a média móvel soma os dados mais recentes com os dos seis dias anteriores, dividindo o resultado por sete.
O resultado desse cálculo leva em conta a influência de todos os dias da semana, evitando análises precipitadas como a de que a pandemia pode ter freado num domingo e acelerado em uma terça-feira. Ao considerar sempre todos os dias da semana, a média móvel de casos em sete dias equilibra a diminuição de notificações que ocorre nos fins de semana.

Cotidiano em isolamento e a internet

Quarentener: Palavra usada no Brasil, formada a partir da junção do radical “quarenten-“ ao sufixo inglês “er”, que com o significado de “apoiante”, “defensor”. O termo refere o grupo dos defensores do isolamento social como forma de combater a pandemia.

Covidiota: derivado do termo Covidiot (em inglês), esse neologismo é utilizado para se referir às pessoas que ignoram o isolamento recomendado ou que esvaziam as prateleiras dos supermercados sem se preocupar com os demais.

Home office: para as pessoas que têm o privilégio de poder desenvolver seu ofício de casa, o home office se tornou um termo ainda mais comum durante a pandemia. A tradução literal do inglês é “escritório em casa”, algumas empresas possuem este sistema de trabalho quando os funcionários não precisam ou não podem trabalhar no escritório.

Streaming : Em inglês, stream é uma corrente de água, como num rio. Adaptando para a internet, representa o fluxo de dados constante para o seu aparelho, que mostra as imagens ou toca o som enquanto ele está sendo baixado. Um dos serviços de streaming pioneiro foi o YouTube, depois seguiram vários, como Netflix, Globo Play, Prime Video, HBO Go, entre outros que vêm ocupando as televisões cada vez mais no período de isolamento.

Live: as lives são outra forma de entretenimento que invadiu as casas dos brasileiros durante a pandemia, impossibilitados de fazerem shows presencialmente, vários artistas se apresentaram ao vivo pela internet – como Ivete Sangalo, Jorge & Mateus, Gusttavo Lima, Alok, Caetano Veloso, etc. “Live” é um adjetivo, derivado do inglês, que se diz de um disco, de um sarau ou de um programa que é gravado ao vivo, perante um determinado público.

Delivery: é a palavra em inglês que significa entrega, distribuição ou remessa. O termo ganhou popularidade no Brasil com o surgimento de aplicativos de entrega que englobam todo o tipo de produtos, desde pratos de restaurantes até compras de bebidas e supermercado.
Nas fases mais críticas da Covid-19, a maioria dos serviços (principalmente bares e restaurantes) só puderam continuar funcionando estritamente por delivery.

Zoombombing: com a necessidade de isolamento social, reuniões e bate-papos são feitos de forma remota. Porém, falhas de segurança submetem esse tipo de comunicação a ataques de hackers, essa invasão de videochamadas, é tão comum que ganhou até nome – zoombombing.
O nome deriva de um dos programas para conferências virtuais, o Zoom. Apesar disso, é possível diminuir o risco de invasões exigindo senha para acesso às reuniões ou que os usuários sejam autenticados, e evitando a divulgação pública do código (ID) da reunião, por exemplo.