Cinco excelentes obras literárias que abordam o envelhecimento

O autor do livro Velhos Demais
para Morrer, Vinícius Neves Mariano

A velhice é um tema bastante rico para a ficção. Na literatura, especificamente, são muitas as obras que retratam esse tópico com sensibilidade e criatividade.
Confira cinco exemplos:

A máquina de fazer espanhóis (Valter Hugo Mãe)
Em “A máquina de fazer espanhóis”, Valter Hugo narra a história de António Jorge da Silva, um barbeiro de 84 anos que depois de perder a mulher, passa a viver num asilo.
Sozinho, mas sem sucumbir ao pessimismo, Silva se vê obrigado a investigar novas formas de conduzir sua vida.

Laços (Domenico Starnone)
Vanda e Aldo estão casados há mais de 50 anos, e seu casamento esteve sujeito a tensões e desgastes da rotina.
Ao voltarem de uma semana de férias, eles encontram o apartamento revirado.
Reorganizando seus papeis, Aldo se vê forçado a encarar lembranças dos anos em que abandonara Vanda e os filhos para viver com outra mulher. As fissuras causadas por esse trauma permanecem latentes.

Homem comum (Philip Roth)
A narrativa acompanha cuidadosamente o destino do protagonista a partir de seu primeiro confronto com a morte, nas praias idílicas dos verões da infância, passando pelos intensos conflitos e pelas realizações da idade adulta, até a velhice, quando ele fica dilacerado ao constatar a deterioração de seus contemporâneos e dele próprio.

Um, nenhum e cem mil (Luigi Pirandello)
Luigi Pirandello é um dos autores mais existencialistas de seu tempo, seja em seus romances ou em suas peças teatrais.
Em “Um, nenhum e cem mil”, um idoso passa a fazer profundas reflexões a respeito de quem ele realmente é e de como são construídas suas relações, após perceber que seu nariz é ligeiramente torto para a direita.
Direciona questões inconscientes a esse fato e, a partir dele, reflete sobre múltiplos aspectos individuais e sociais.

Velhos demais para morrer (Vinícius Neves Mariano)
“Velhos Demais para Morrer” é um romance distópico de Vinícius Neves Mariano que se passa em um futuro Brasil onde a população idosa superou a jovem, levando a um colapso social e econômico.
Para lidar com a situação, o governo implanta uma controversa e polêmica política de “morte feliz”, que obriga idosos a se entregarem voluntariamente à morte para receberem benefícios, enquanto os que se recusam vivem na clandestinidade, sendo caçados por implacáveis milícias.

BRUNO ÍNACIO

Bruno Inácio é jornalista, mestre em comunicação e autor de “Desprazeres existenciais em colapso” (Patuá), “Desemprego e outras heresias” (Sabiá Livros) e “De repente nenhum som” (Sabiá Livros).
É colaborador do Jornal Rascunho, do Le Monde Diplomatique e da São Paulo Review e tem textos publicados em veículos como Rolling Stone Brasil e Estado de Minas Gerais.