Goleira ituveravense brilha e leva o Brasil à disputa do ouro neste sabado

A ituveravene Lorena é a goleira com mais defesas dos Jogos Olímpicos desde 2012. Fonte: Instagram

Lorena Silva, 27 anos, brilhou em jogos decisivos e na classificação do Brasil para a final em Paris

Do trauma de não conseguir jogar uma Copa do Mundo à coletânea de boas atuações que rendeu a convocação para à Seleção Brasileira nas Olimpíadas. Esses são os pontos extremos com a camisa do Brasil da carreira da goleira Lorena Silva, nascida em Ituverava.
Agora, a ituveravense tem pela frente o maior desafio de todos: defender a Seleção Brasileira contra os Estados Unidos na disputa pela medalha de ouro.
A decisão acontece neste sábado, 10 de agosto, a partir das 12h (horário de Brasília), no Parque dos Príncipes, em Paris.
Essa será a terceira final entre Brasil e Estados Unidos na história do torneio de futebol feminino dos Jogos Olímpicos.
Nas outras duas, em Atenas -2004 e Pequim -2008, a seleção norte-americana venceu por 2 a 1, na prorrogação, e por 1 a 0, respectivamente.
O Brasil tem essas duas medalhas de prata no Futebol Feminino nas Olimpíadas. Além disso, foi vice-campeão da Copa do Mundo de 2007 e terceiro colocado no Mundial de 1999.

Convocação
Convocada por Arthur Elias e bancada como titular desde o início da fase de grupos dos Jogos Olímpicos, Lorena, que a jogadora no Grêmio de Porto Alegre, começou a ter destaque defendendo as cores verde e amarela em 2022.
Naquele ano, a Seleção Brasileira Feminina, ainda comandada pela sueca Pia Sundhage, foi campeã da Copa América sem sofrer absolutamente nenhum gol.
O feito foi associado a Lorena, que ao final da competição, vencida sobre o Paraguai pelo placar de um a zero, foi eleita a melhor goleira do torneio.
As boas atuações da ituveravense fariam com que o nome da atleta fosse presença praticamente garantida na Copa do Mundo de 2023, na Austrália, o que não aconteceu por causa de uma grave lesão: um estiramento no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo.
No campeonato internacional, o Brasil foi eliminado ainda na fase de grupos, o que rendeu a demissão de Pia.

Momento difícil
A ituveravense precisou passar por uma cirurgia e encarou longos 11 meses de recuperação até o retorno aos gramados. Pela Seleção, voltou a ser chamada em março, ainda como suplente, na SheBelieves Cup, agora por Arthur Elias.
Mas o destino queria que a goleira brilhasse, na disputa pelo terceiro lugar da competição, contra o Japão, Lorena defendeu um pênalti no tempo normal e outros três na decisão por penalidades, garantindo a condecoração ao esquadrão.

Reconhecimento
O reconhecimento derradeiro viria antes das Olimpíadas de Paris, quando a jogadora seria convocada pelo treinador do ex-Corinthians, Arthur Elias.
Com o trauma superado, viriam grandes atuações contra Nigéria, Espanha, ainda na fase de grupos (e mesmo com a derrota), França, defendendo um pênalti cobrado por Karchaoui, e, por último, Espanha, mas agora na semifinal, culminando em uma vaga na decisão olímpica que a Seleção não conquistava desde 2008.
No duelo contra as espanholas, especificamente, Lorena fez defesas importantíssimas em tentativas de Jennifer Hermoso, Salma Paralluelo e Alexia Putellas.
Em um dos chutes da camisa 10 Hermoso, no segundo tempo, a goleira precisou se esticar toda para evitar que a seleção europeia marcasse. Em outro arremate, esse de Putellas, Lorena deu um tapa na bola, jogando-a no travessão.

Medalha
Com medalha de prata garantida, a Seleção vai em busca do ouro neste sábado, às 12h, contra os Estados Unidos. Em caso de vitória, será a primeira vez em que o time feminino do Brasil se sagra campeão olímpico. Lorena, mais uma vez, deve ser a titular no gol brasileiro.

Amuleto’ de Lorena, avó vibra com atuação da goleira

Fã número 1 e amuleto da sorte de Lorena, a aposentada Vera Lúcia Lopes Leite, que também é de Ituverava, não conteve a alegria após o apito final, que garantiu vaga na final olímpica.
Responsável pela criação de Lorena, Vera acompanhou o processo da neta até ela se tornar atleta profissional e conta que ela não passava um dia sem jogar futebol na rua onde vivia com a família, em Ituverava.
“Ela ia para rua já batendo bola. Era todo dia e toda hora. Voltava suja, machucada, perdia o chinelo, era desse jeito todo dia”.
Ainda criança, antes mesmo de começar a treinar futebol, Lorena já dizia à avó aonde queria chegar. E Vera afirma que tinha certeza que a neta iria longe.
“Ela sentava no sofá, ficava assistindo e falava para mim ‘vó, um dia você vai me ver jogando lá, junto com a Marta, na Seleção’. E, graças a Deus, estou vendo. Eu tinha muito medo se não desse certo. Ia ser muito triste pra ela e pra mim também. Mas ela tem muita atitude, muita vontade e muita garra”.
Vera assistiu à partida em que a neta brilhou para o mundo junto com o marido, José, avô de Lorena, e amigos da família. E não escondeu a empolgação ao ver que, também graças à neta, a Seleção avançou nas Olimpíadas.

“Foi muito sofrido pra Lorena, mas foi ótimo. Foi maravilhoso”.