Outubro Rosa reforça a importância da luta contra o câncer de mama

O autoexame é uma forma de conhecer seu próprio corpo e também de se manter vigilante quanto a qualquer mudança que surja nas mamas

A iniciativa global da OMS visa alertar a população para a importância da prevenção e detecção precoce da doença

Outubro chegou e trouxe com ele muito mais do que a primavera, o mês abre espaço para uma das campanhas mais conhecidas do mundo, o Outubro Rosa.
A iniciativa global da Organização Mundial da Saúde (OMS) o objetivo é alertar a população sobre a importância da prevenção e detecção precoce do câncer de mama, que afeta milhões de mulheres em todo o Brasil e no mundo.
A campanha vem sendo considerada uma oportunidade para ampliar a abordagem da saúde da mulher e a prevenção do câncer, de forma mais ampla, incluindo também o câncer do colo do útero.
De acordo com o INCA, o Brasil deverá registrar cerca de 704 mil novos casos de câncer em 2025.
Esse aumento reflete tanto o envelhecimento da população quanto a persistência de fatores de risco associados ao estilo de vida, como tabagismo, consumo excessivo de álcool, sedentarismo, obesidade e alimentação deficiente.

O que é o Outubro Rosa?
O Outubro Rosa é um movimento que ocorre durante todo o mês e visa conscientizar a população sobre a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama — o tipo mais comum entre as mulheres.
A causa, que é disseminada internacionalmente, incentiva mulheres a realizarem a mamografia e o autoexame das mamas. Essas atitudes ajudam no rastreamento dos casos ainda em estágios iniciais, o que reduz as taxas de mortalidade.
Uma característica da ação é que diversos hospitais, clínicas e entidades se unem para disponibilizar os exames gratuitamente ou por preços acessíveis com o intuito de atrair mais pessoas.

Câncer de mama
O câncer de mama é o tipo de câncer que mais acomete as mulheres no Brasil.
A prevenção primária e a detecção precoce contribuem para a redução da incidência e da mortalidade por essa neoplasia.
A prevenção primária do câncer de mama consiste em reduzir os fatores de risco modificáveis e promover os fatores de proteção para a doença.
A prática de atividade física, a manutenção do peso corporal adequado, por meio de uma alimentação saudável, e evitar o consumo de bebidas alcóolicas estão associadas à redução do risco de desenvolver câncer de mama. A amamentação também é considerada um fator protetor.

Dados sobre o câncer de mama no Brasil
O câncer de mama é a doença que mais atinge as mulheres, ficando atrás apenas do câncer de pele.
Segundo previsão da Agência Internacional para Pesquisa de Câncer, Iarc na sigla em inglês, o mundo terá 3,2 milhões de novos casos de câncer de mama com 1,1 milhão de mortes todos os anos até 2050, se não houver mais ação de prevenção e tratamento por parte dos governos em todo o globo.
Dados do Painel Oncologia Brasil, analisados pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), indicam que mais de 108 mil mulheres com menos de 50 anos foram diagnosticadas com câncer de mama no Brasil no período entre 2018 e 2023 – uma média de uma em três mulheres diagnosticadas com a doença.
Para a entidade, os números reforçam a importância de ampliar o rastreamento do câncer de mama por meio da realização de mamografia em mulheres abaixo dos 50 anos e acima dos 70 anos, faixas etárias que não estão incluídas na recomendação padrão de exames preventivos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

Detalhamento
O levantamento mostra que, entre janeiro de 2018 e dezembro de 2023, o Brasil registrou mais de 319 mil diagnósticos de câncer de mama, sendo 157,4 mil em mulheres de 50 a 69 anos, faixa etária atualmente recomendada para o rastreamento.
Entre mulheres com idade entre 40 e 49 anos, foram registrados 71.204 casos de câncer de mama, enquanto 19.576 mulheres com idade entre 35 e 39 anos também receberam o diagnóstico da doença.
Juntas, as ocorrências representam 33% do total de casos diagnosticados no período.
Já entre mulheres acima de 70 anos, foram identificados 53.240 casos de câncer de mama.

Mais casos
O CBR alerta ainda para o crescimento do total de casos de câncer de mama no país – em 2018, foram registrados 40.953 diagnósticos, contra 65.283 em 2023, um aumento de 59% em seis anos.
São Paulo lidera os diagnósticos em números absolutos, com 22.014 casos no período observado, seguido por Minas Gerais (11.941 casos), pelo Paraná (8.381 casos), pelo Rio Grande do Sul (8.334 casos) e pela Bahia (7.309 casos).
Na faixa etária entre 50 e 69 anos, atualmente contemplada pelo rastreamento prioritário, São Paulo também apresenta o maior número de casos (36.452),.
Depois vem Minas Gerais (18.489 casos), pelo Rio de Janeiro (13.658 casos), pelo Rio Grande do Sul (13.451 casos) e pelo Paraná (10.766 casos).

Diagnóstico
O diagnóstico precoce consiste na abordagem oportuna das mulheres com sinais e sintomas suspeitos de câncer para identificação da doença em fase inicial, a fim de possibilitar tratamento efetivo e maior sobrevida.
É importante informar as mulheres e os profissionais de saúde sobre o reconhecimento dos sinais e sintomas do câncer de mama, bem como organizar a rede de atenção à saúde para garantir o acesso rápido e facilitado ao diagnóstico e tratamento da doença.

Autoexame
A orientação é que a mulher observe e apalpe suas mamas sempre que se sentir confortável para tal (seja no banho, no momento da troca de roupa ou em outra situação do cotidiano), sem técnica específica, valorizando-se a descoberta casual de pequenas alterações mamárias.
A segunda estratégia de detecção precoce do câncer de mama é o rastreamento mamográfico.
Além de estar atenta ao próprio corpo, é recomendado que mulheres de 50 a 69 anos, de risco padrão, façam uma mamografia de rastreamento a cada dois anos.
Esse exame pode ajudar a identificar o câncer antes de a pessoa ter sintomas.
A mamografia nesta faixa etária, com periodicidade bienal, é a rotina adotada na maioria dos países que implantaram o rastreamento organizado do câncer de mama e baseia-se na evidência científica do benefício desta estratégia na redução da mortalidade neste grupo.
Para mulheres com risco elevado de câncer de mama, recomenda-se que tenham acompanhamento médico individualizado, pois não há ainda uma recomendação específica para esse grupo.

Sinais
É importante que as mulheres estejam sempre atentas aos sinais e sintomas suspeitos do câncer de mama: caroço (nódulo), geralmente endurecido, fixo e indolor; pele da mama avermelhada ou parecida com casca de laranja, alterações no bico do peito (mamilo) e saída espontânea de líquido de um dos mamilos.
Também podem aparecer pequenos nódulos no pescoço ou na região embaixo dos braços (axilas).

Como surgiu o Outubro Rosa
O Outubro Rosa apareceu pela primeira vez nos Estados Unidos, quando vários estados se uniram para realizar ações sobre o câncer de mama.
Após a aprovação do Congresso Americano, o período ficou conhecido como o mês nacional de prevenção do câncer de mama.
O laço rosa, símbolo usado na campanha, foi uma iniciativa da Fundação Susan G. Komen for the Cure, que distribuiu o item aos participantes da Corrida pela Cura, em Nova York, na década de 1990.
Posteriormente, hospitais começaram a aderir aos programas de divulgação sobre a doença, distribuindo os laçosn acor rosa pelas cidades.
No Brasil, o primeiro ato relacionado à causa aconteceu em 2002, na cidade de São Paulo.
Na época, o monumento Mausoléu do Soldado Constitucionalista, conhecido popularmente como Obelisco do Ibirapuera, ficou totalmente iluminado com a cor rosa.
A coloração já se tornou característica da campanha e vários pontos turísticos mudam sua iluminação para cor rosa em prol da campanha.

Como prevenir
Segundo publicação do Inca, cerca de 30% dos casos da doença poderiam ser evitados com um estilo de vida mais saudável e pequenas mudanças no dia a dia. Entre as principais dicas estão
– Manter uma alimentação saudável e balanceada, sempre com baixa ingestão de carne vermelha e atingindo a quantidade necessária de frutas e verduras para obter todos os nutrientes
– Ter uma vida ativa com prática de esportes e exercícios físicos regulares, fugindo do sedentarismo. Segundo o Ministério da Saúde, essa medida salvaria 13% das mulheres diagnosticadas com câncer de mama
– Não fumar e reduzir o consumo de bebidas alcóolicas
– Realizar periodicamente consultas. Não ficar anos sem visitar o especialista
– A partir dos 40 anos, realizar a mamografia anualmente conforme as recomendações da Sociedade Brasileira de Mastologia
– Fazer mensalmente o autoexame das mamas

Como realizar o autoexame das mamas?

Para a prevenção, o autoexame das mamas tem que ser feito da forma correta para identificar alterações e também evitar provocar na própria mulher um alarme falso.
Aprenda como realizar o exame:
Em pé
Posicione-se em frente a um espelho e, primeiramente, observe os seios com os braços abaixados.
Após isso, coloque as mãos na cintura e aperte. Também coloque as mãos para trás da cabeça e veja como se comportam os seios e se existe alteração. Por fim, pressione levemente o mamilo para verificar se existe secreção saindo.

Durante o banho
Fazendo uma vez com cada braço, levante e o apoie sobre a cabeça.
Com a outra mão, examine a mama, buscando alterações e dividindo as áreas examinadas, sempre com a polpa dos dedos e não a unha. Sinta o seio e faça movimentos circulares também.

Deitada
Posicione uma toalha sob o ombro e comece a examinar a mama correspondente com movimentos circulares, fazendo uma leve pressão.
Apalpe a parte externa, axilas e veja se encontra alterações. Faça o procedimento para ambos os lados.