‘Shopee do Brás’: loja no centro de SP com produtos vindos da China vira hit no TikTok, tem fila de uma hora e distribuição de senhas

‘Shopee do Brás’: loja no centro de SP com produtos vindos da China vira hit no TikTok, tem fila de uma hora e distribuição de senhas — Foto: g1

Um secador de cabelo que promete “íons negativos” e cujo design imita um dos modelos mais caros do mundo por R$ 218 (para comparação, alguns produtos da marca referência, a Dyson, podem passar de 500 dólares). Esse é um dos produtos vendidos em uma loja do Brás, no centro de SP, que viralizou no TikTok prometendo ser “mais barata que a Shopee”, em referência à plataforma de comércio eletrônico que importa produtos vindos sobretudo da Ásia.

Para o modelo “genérico” de secador ser seu, entretanto, é preciso encarar uma fila a céu aberto de mais de uma hora, pegar senha para entrar e dar sorte de o produto estar na prateleira na sua vez.

g1 visitou a loja no centro de São Paulo na manhã desta terça (16). É, ainda, uma das poucas grandes lojas focadas exclusivamente em produtos diversos na região, famosa por ser um centro de vestuário e da indústria têxtil.

O que vende lá?

É possível encontrar na loja itens simples como esponjas de rosto e copos térmicos, mas os produtos mais procurados são eletrônicos, como o fone de ouvido bluetooth que custa R$ 35, o vaporizador para passar roupas que sai por R$ 70, e o miniventilador a R$ 50.

Há, também, quinquilharias inventivas e não tão comuns, caso da lâmpada que tem pás de ventilador e serve como aromatizador de ambientes. Na loja, o produto foi encontrado por R$ 50. Na Shopee, o mesmo produto pode ser encontrado por fornecedores que o vendem por valores que vão de R$ 45,50 R$ 176,99 (mas sujeito a taxação e frete).

Há, também, uma quantidade incontável de garrafinhas de água coloridas — a maior delas sai por menos de R$ 20 — e itens de casa fofos (e bobos), como um jogo de colheres de silicone e um peso de porta em formato de cacto.

Com o sucesso da loja e a avidez do público, os produtos desaparecem das prateleiras rapidamente, mas funcionários tentam repor quase que instantaneamente. Os preços, entretanto, mudam, para cima ou para baixo, a depender da oferta (geralmente vinda da China) e da demanda.

Fila e distribuição de senhas

Desde que a loja viralizou, os vendedores precisaram limitar a entrada. Então, é preciso aguardar na fila formada do outro lado da rua, em uma viela mais tranquila, a pedido dos comerciantes vizinhos. A cada leva de clientes que sai, outra entra.

Quando a reportagem visitou o local, por volta de 9h, a fila tomava a calçada do quarteirão e os primeiros tinham um cartão com uma senha.

Um vendedor de milho ambulante disse ao g1 que o movimento na calçada começa antes de a loja abrir, às 7h. E que no fim da tarde, por volta das 16h, quando o comércio na região baixa as portas, ela é a única que segue aberta (e ainda com fila).

Aos sábados, a fila pode chegar a contornar o quarteirão, segundo o ambulante. A fama da loja é tanta que é comum ver pessoas até tirando selfies na fachada. Todos os clientes ouvidos pela reportagem disseram estar lá atraídos pelos preços e porque viram vídeos sobre o local nas redes sociais.

Divulgação viral

Inaugurada em dezembro do ano passado, às véspera do Natal, a loja tem dois andares. Em menos de um mês, estourou nas redes sociais graças ao perfil Chefe do Benefício, em que uma pessoa, com ares de dono e de influenciador, mostra os produtos “direto do importador”, como ele diz, vendidos na loja.

A reportagem encontrou com “o chefe” no dia da visita, mas ele não quis gravar entrevista. Disse apenas que a ideia era ser um “grande showroom”. Ele ajudava a organizar o espaço da fila quando foi reconhecido por alguns clientes, que se aproximavam para cumprimentá-lo e se dizerem fãs.

“Adoro seu trabalho e seus vídeos”, disse um consumidor ao apertar a mão do “chefe”, como ele é chamado na loja e nas redes sociais.

São 1,1 milhão de seguidores no TikTok e 2 milhões no Instagram. Em todas as redes, o estilo é o mesmo: vídeos caseiros, sem nenhuma produção, mostrando novidades da loja. Nas publicações mais recentes, outra pessoa tem aparecido fazendo brincadeiras e mostrando os produtos, ora sozinha, ora em esquetes com “o chefe”: um chinês que usa um boné com o mapa da China e o escrito “fala brasileiro”, mesmo @ usado nos perfis.

Nas redes sociais, o “chefe” interage alguns seguidores nos comentários e demonstra preocupação com as pessoas que aguardam na fila do lado de fora.

“A gente liberou no primeiro andar. A gente está tentando deixar as pessoas entrar e não deixar na rua, porque (sic) meu preocupação é sol e chuva”, disse ele em português praticamente perfeito, algumas vezes trocando o r pelo l. Também promete melhorias na loja. “Eu vou colocar mais ventilador, mais exaustor para puxar ar, tá? Me dá um pouco de paciência, eu faço tudo pra melhorar o quanto antes”.

Fonte: g1.globo.com