No último sábado, 24 de fevereiro, a região viveu um momento bastante marcante para a arte. O filme #ninfabebê, totalmente produzido em Uberaba, foi exibido no Museu da Imagem e do Som de São Paulo, através do programa Cine MIS, que mensalmente abre espaço para novos talentos do cinema nacional.
O longa-metragem já arrebatou várias premiações e seleções em festivais nacionais e internacionais. Possui 38 louros, entre seleções oficiais, prêmios e indicações, com destaque aos festivais de Hollywood, Los Angeles, Nova York, Londres, Madri, Moscou, Calcutá, Porto, Singapura, Transilvânia e Caruaru.
No filme, Cibele (Dandara Adrien), codinome #ninfabebê, é o retrato de uma geração que vive para curtir e ser curtida. Assim como tantos, ela acredita que a felicidade só existe se for compartilhada.
Junto com a amiga Daiana (Giovanna Almeida), Cibele queria viver um fim de semana inesquecível e compartilhar cada minuto. Ela só não imaginava que isso poderia se tornar uma questão de vida ou morte.
A partir do estilo mokumentary/found footage e dos gêneros drama/suspense/terror, o longa acompanha o ponto de vista de vários personagens e propõe uma crítica ao voyeurismo e ao exibicionismo exacerbados na internet.
O diretor é o mineiro Aldo Pedrosa, doutor em Artes Visuais pela UNICAMP, mestre em Artes pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), especialista em Psicopedagia Institucional pela Universidade Castelo Branco do Rio de Janeiro e graduado em Artes Visuais pelo Centro de Ensino Superior de Uberaba.
Ele, que é professor de artes e cinema com experiência em diversas instituições, fala sobre a emoção de ter o seu filme exibido no MIS, um dos principais e mais conceituados museus de São Paulo. “É uma honra e um privilégio estar no espaço onde tantos importantes filmes do Brasil e do mundo já foram exibidos e debatidos”, afirma.
“Ainda, de quebra, fizemos uma exposição com artes do filme e fotografias de making of nas paredes onde já estiveram obras de Andy Warhol, Stanley Kubrick, Tim Burton, David Bowie e entre vários outros! Agradeço a todos que tornaram esse sonho possível, em especial a todos os presentes”, ressalta o diretor.
Participação de Ituveravense
Após a exibição do filme, foi realizado, também no MIS, um debate a respeito de voyeurismo e exibicionismo exacerbados na internet, com a participação do diretor Aldo Pedrosa, da atriz Giovanna Almeida, de membros da equipe de produção e do jornalista e autor ituveravense, Bruno da Silva Inácio.
Em sua fala, Bruno da Silva Inácio abordou o exibicionismo “intelectual” recorrente nas redes sociais. “É bastante comum, sobretudo no Facebook, nos depararmos com pessoas que têm uma opinião (quase sempre rasa) sobre todos os assuntos possíveis. Diariamente, elas se posicionam com compartilhamentos ou textos próprios a respeito dos mais variados assuntos, como se fossem verdadeiros especialistas em cada um deles”, ressalta o jornalista.
“Diante disso, o questionamento que faço é: como uma pessoa pode ser preparar para se posicionar sobre tantos assuntos em tão pouco tempo? E a resposta é: ela não se prepara. Ao invés de realmente buscar referências e argumentos para uma boa discussão, os exibicionistas ‘intelectuais’ escrevem textos vazios, fáceis de digerir e repletos de falhas e falácias”, ressalta.
Inácio lembra, no entanto, que discursos vazios se espalham com maior facilidade do que discursos bem estruturados. “Hoje acompanhamos o fenômeno da ‘geração manchete’, formada por pessoas que leem apenas os títulos ou aforismos de reportagens, artigos ou mesmo livros e já opinam sobre assuntos extremamente complexos com base nessas poucas palavras”, diz.
“E os exibicionistas ‘intelectuais’ sabem muito bem como isso funciona. E se aproveitam dessa situação para fazer comentários rasos e assim ganhar cada vez mais curtidas, compartilhamentos e, principalmente, apoio”, completa.

