
“O tempo não para e a gente ainda passa correndo”, analisou certa vez Cazuza. Para o músico, parecia que o tempo era ainda mais esmagador, já que ele sempre fez tudo de forma tão intensa, inclusive viver.
Assumidamente mimado, Cazuza queria muitas coisas ao mesmo tempo e acabou não tendo tempo suficiente para desfrutá-las. A morte em decorrência da aids, no entanto, não permitiu que ele fosse esquecido, mas o tornou ainda mais grandioso.
Além da música, Cazuza tinha uma grande paixão: a literatura. A junção dos seus dois amores acabou resultando em algumas das mais belas e inteligentes canções do rock nacional, ou melhor, da música brasileira como um todo, já que depois de deixar o Barão Vermelho, Cazuza flertou com muitos outros estilos.
Desde criança Cazuza vivia pelos cantos rabiscando algo em papéis. Assim surgiam, de uma hora para outra, as suas letras. Algumas delas se tornaram músicas em sua voz, e algumas outras acabaram não só cantadas, mas notáveis nas vozes de outros artistas, como Malandragem (Cássia Eller) e Poema (Ney Matogrosso).
Outras, entretanto, ainda nem receberam melodia. A quantidade de letras escritas por Cazuza, com o mesmo lirismo de sempre, e nunca musicadas seria suficiente para preencher vários discos, ou quem sabe um livro de poesia.
Em meio a tantos versos ainda não cantados, Cazuza fala sobre amor, saudade, obsessão e tristeza. Para os fãs do músico, é possível encontrar todas as suas letras, mesmo as não musicadas, no livro Preciso Dizer Que Te Amo, da Editora Globo.
A obra mostra todas as fases da vida do cantor, fotos e até mesmo reproduções de poemas escritos com sua própria caligrafia. Sem dúvidas, algo indispensável para todos aqueles que entendem a alma exagerada do poeta do rock nacional.

Bruno da Silva Inácio
Bruno da Silva Inácio cursa mestrado na Universidade Federal de Uberlândia, é especialista em Gestão Cultural, Literatura Contemporânea e em Cultura e Literatura. Ele Cursa pós-graduação em Filosofia e Direitos Humanos e em Política e Sociedade. É autor dos livros “Gula, Ira e Todo o Resto”, “Coincidências Arquitetadas” e “Devaneios e alucinações”, além de ter participado de diversas obras impressas e digitais. É colaborador dos sites Obvious e Superela e responsável pela página “O mundo na minha xícara de café”.
