Relembre todos os filmes de Star Wars, do pior para o melhor

Neste mês de dezembro chegamos ao fim de uma era: com a estreia de Star Wars: A Ascensão Skywalker, a “Saga Skywalker”, que se iniciou lá no primeiro Star Wars de 1977, finalmente ganhará um “ponto final”. E ainda que tudo aconteça em uma galáxia muito, muito distante, os fãs aqui na Terra estão morrendo de curiosidade para saber se a Disney conseguirá dar um fim digno para Leia, Finn, Poe, Rey, Kylo, R2D2, C3PO, BB8 e todos aqueles personagens que aprendemos a amar ao longo dos anos.
Mas, enquanto o dia 19 de dezembro não chega, o que nos resta é lembrar das emoções que a saga nos proporcionou nesses 42 anos de existência. Por isso, o Canaltech fez um ranking com todos os filmes da franquia já lançados, listando-os na ordem do pior para o melhor na opinião deste redator fã da saga.
Para isso, foram considerados os dez filmes canônicos e mais um que, apesar de não fazer parte do cânone da saga, introduziu alguns elementos que se tornaram cânone. E é justamente com essa “exceção” que a lista começa:

Star Wars Holiday Special (1978)
Lançado um ano depois do primeiro filme, o especial de fim de ano de Star Wars não foi uma produção da Lucasfilm, mas da rede de TV CBS, que licenciou a marca da saga para atrair mais atenção ao seu tradicional programa especial de Natal.
O filme é definitivamente o ponto mais baixo não apenas de toda a franquia Star Wars, mas também da TV americana como um todo. O resultado final – uma mistura de imagens de arquivo não usadas por George Lucas no primeiro filme com aparições de celebridades da TV e números musicais – foi tão ruim que o criador de Star Wars simplesmente proibiu que o canal passasse reprises do especial ou mesmo o lançasse em formato VHS. Apesar de claramente não ser uma obra considerada cânone desde antes da Disney assumir, o filme possui um lugarzinho neste ranking (mesmo que seja no fim dele) por introduzir dois elementos que se tornariam importantes cânones para a série: a celebração do Dia da Vida (uma festa originária da cultura wookie no planeta Kashyyyk que parece uma mistura de Dia de Ação de Graças com o Natal que foi adotada por praticamente toda a galáxia) e o caçador de recompensas Boba Fett, que anos depois apareceria capturando Han Solo em O Império Contra-Ataca.

Star Wars: O Ataque dos Clones (2002)
Enquanto o especial de fim de ano é o pior filme de Star Wars disparado, O Ataque dos Clones também é disparado o pior entre todos aqueles que são considerados cânone. A segunda parte da conhecida “trilogia prequel” (os três filmes que contam a história da criação de Darth Vader e do Império e da queda da Ordem Jedi) é talvez o ponto mais baixo que um filme da saga tenha chegado, e não à toa não agradou nem à crítica e nem ao público.
No longa, vemos pela primeira vez o Anakin Skywalker de Hayden Christensen, que está sendo treinado por Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor) na filosofia Jedi e no manejo do sabre de luz. Apesar de ele mostrar alguns momentos muito importantes para a série, como o retorno oficial dos Sith na figura do Conde Dooku (Christopher Lee), o início das Guerras Clônicas e o primeiro passo de Anakin em direção ao Lado Negro da Força (quando o então Jedi chacina toda uma tribo do Povo da Areia – mulheres e crianças incluso – em vingança pela morte de sua mãe), o filme em si é mais lembrado pelas suas tramas sem nexo e pelo penteado horrível de Christensen, que combina demais com a falta de carisma que o ator traz para a figura de Anakin e do filme em si, que deixa a desejar como um todo.
E mesmo a cena mais legal da época do lançamento – a luta de Mestre Yoda contra o Conde Dooku – acabou envelhecendo mal, e reassisti-la hoje é um enorme fardo devido à qualidade do CG utilizado, que faz com que o filme pareça muitas vezes usar efeitos piores do que os da trilogia original da década de 1980.

Star Wars: A Ameaça Fantasma (1999)
O primeiro filme da trilogia prequel foi um dos mais aguardados pelos fãs, muito pelo fato de que foi o primeiro filme de Star Wars lançado desde O Retorno de Jedi, somando-se 16 anos de espera por mais conteúdo da saga. Mesmo que o filme tenha sido um enorme sucesso de público na época, ele não se mantém como algo tão bom quando prestamos atenção nele com o distanciamento do tempo e sem aquela ânsia por qualquer coisa nova de Star Wars que nos acometia em 1999.
O filme tem o objetivo de começar a nos contar a história de quem é Anakin Skywalker, como ele se tornou o vilão Darth Vader e o que aconteceu para que o temido Império Galáctico fosse criado. Como George Lucas inspirou seu Império na ascensão de regimes fascistas reais, como os que ocorreram na Alemanha, Itália e Espanha durante o século XX, A Ameaça Fantasma nos traz o cenário que normalmente está na raiz de toda a mudança de uma democracia para uma tirania: a existência de gente rica que não quer pagar seus impostos.
Infelizmente, George Lucas dedica muito tempo para falar de reforma tributária galáctica, explicar o que são e a importância dos midichlorians e nos mostrar Jar Jar Binks sendo desastrado – três coisas que os fãs não tinham nenhum interesse de ver – e pouco tempo para realmente nos apresentar a Anakin Skywalker (Jake Lloyd) e a nos explicar a importância que Qui-Gon Jinn (Liam Neeson), tanto em vida quanto após a morte, teve na aceitação do jovem Skywalker como Padawan e na transformação de Obi-Wan Kenobi (McGregor) em um dos mais sábios Cavaleiros Jedi da Ordem. Essas eram as coisas que realmente interessavam para os fãs da saga, mas foram deixadas bem de lado.
Mesmo assim, o filme possui algumas poucas cenas que o salvam de uma posição pior, como, por exemplo, o duelo de sabres de luz entre Obi-Wan, Qui-Gon e o Sith Darth Maul (Ray Park), que é uma das melhores cenas de luta de toda a saga.

Solo: Uma História de Star Wars (2018)
O longa mais recente da franquia, Solo é um filme com um título que, pelos executivos da Disney, deveria ser triplamente importante, já que ele é uma aventura solo (um tipo de conteúdo que os fãs vinham pedindo há tempos) do personagem Han Solo (um dos mais amados pelos fãs de Star Wars). A expectativa era que ele explicasse, entre outras coisas, porque o personagem se chamava Han Solo, como ele conheceu o wookie Chewbacca e o que foi a lendária Kessel Run que Han conseguiu completar em 12 parsecs. Certeza de sucesso, não é? Só esqueceram de combinar isso com os fãs. Solo foi a grande prova de que a Disney precisava repensar toda a sua estratégia para os spin-offs da franquia. Primeiro que, apesar dos fãs pedirem alguns filmes solo, ninguém queria um filme do Han Solo em específico: o que o fandom sempre pediu foram filmes do Obi-Wan e do Boba Fett, e ninguém se interessava por saber o passado de Han Solo justamente porque parte do que fazia o personagem tão amado era ela ser um vigarista com passado desconhecido, o que permitia que qualquer um pudesse imaginar as histórias mais absurdas que transformaram Han no personagem incrível que ele é.
Outro problema foi que a Disney não apenas tentou criar uma explicação para todo o passado de Han, mas pelo fato de ter escolhido muitas vezes a pior explicação – como, por exemplo, o fato de ele ter ficado conhecido como “Han Solo” porque, ao tentar fugir de um grupo de criminosos que o perseguia, ele se recrutou no exército Imperial e o responsável pela inscrição deu ao personagem o sobrenome “Solo” porque ele estava sozinho. Junte a isso o fato de que o icônico Harrison Ford – talvez um dos mais bonitos, carismáticos e talentosos atores do século XX – foi substituído por Alden Ehrenreich, um total desconhecido do grande público e que não tem nem um décimo do carisma de Ford, e fica explicado porque Solo foi uma enorme bomba, tornando-se o único filme de toda a saga a não dar lucro para a produtora, com a bilheteria mundial basicamente apenas conseguindo pagar os custos de produção e marketing.
Não que o filme em si seja ruim — como esse ranking mostra, existem outros piores dentro da própria franquia —, mas ele entrega apenas o mínimo para ser considerado aceitável e no máximo serve para nos deixar interessados mesmo em um possível spin-off focado na relação entre o Lando Calrissian de Donald Glover e a dróide L3-37 de Phoebe Waller-Bridge, que são quem realmente roubam a cena.

Star Wars: O Despertar da Força (2015)
Dez anos depois de A Vingança dos Sith, a saga Star Wars volta sob nova direção e pela primeira vez um filme da franquia foi desenvolvido sem o criador George Lucas no comando. Sob as asas da Disney, a empresa contrata o conhecido diretor J.J. Abrams (que, curiosamente, também já havia sido o responsável pelo reboot cinematográfico de Star Trek, um dos maiores “rivais” de Star Wars) para cuidar desse projeto para trazer a saga dos Skywalkers para o século XXI, introduzindo uma nova geração de heróis enquanto desenvolve uma nova trilogia para finalmente dar um fim às histórias de todos aqueles personagens da original de George Lucas.
Conforme os primeiros trailers apareceram, os ânimos foram às alturas: os efeitos especiais haviam evoluído de maneira a permitir que finalmente aquele universo imaginado por Lucas pudesse ser transmitido para o público de forma fiel. A escolha de criar um novo trio de protagonistas com uma mulher Jedi e um negro (até então, os únicos negros que apareciam nos filmes eram personagens secundários, como Lando Calrissian e o Mestre Jedi Mace Windu) mostrou que a nova equipe estava pronta para introduzir fôlego novo a esse universo que, novamente, vinha sendo ignorado por seu criador na última década. Em 2015, o filme finalmente estreou nos cinemas e a recepção foi um tanto mais morna do que o esperado. Não que o filme em si fosse ruim, mas para um filme cujos trailers prometiam trazer sangue novo e mudanças para a saga, ver que o resultado final era basicamente um reboot cena a cena do primeiro Star Wars foi bastante decepcionante para muita gente.

Star Wars: A Vingança dos Sith (2005)
Muitos hoje se lembram da trilogia prequel de Star Wars como “aqueles três filmes que não prestam”, mas isso não é verdade: ainda que o Episódio I e Episódio II estejam aquém do que esperamos para a saga, é no terceiro filme que George Lucas acerta a mão e nos lembra que ele ainda é o mesmo diretor que mudou a história do cinema.
Em A Vingança dos Sith, finalmente vemos a culminação de alguns dos eventos mais importantes da saga: a criação do Império Galático pelo Senador Palpatine (que já havia se revelado como o Mestre Sith Darth Sidious); o medo de perder o amor de Amidala (Natalie Portman) que leva Anakin a abraçar de vez o Lado Negro da Força; a execução da Ordem 66, onde o exército de clones trai os Jedi e, em questão de minutos, mata praticamente todos os membros da Ordem; a batalha entre Obi-Wan e Anakin, onde Obi-Wan “mata” seu antigo discípulo, que é revivido como um ciborgue e transformado no temido Darth Vader, um dos vilões mais icônicos da história do cinema.
Todos os elementos que faltaram nos dois primeiros episódios da trilogia prequel são encontrados aqui, e A Vingança dos Sith é um filme tão bom quanto qualquer um da trilogia original. Ele se tornou quase que premonitório para o atual momento que vivemos no mundo hoje, sendo possível ver populações se deixando levar pelo medo e pelo ódio e apostando suas esperanças em líderes autoritários que lhes prometem segurança e o retorno aos “bons velhos tempos” com um punho de ferro.

Star Wars: O Retorno de Jedi (1983)
Terceiro filme da trilogia original, O Retorno de Jedi tem algumas das cenas mais icônicas de Star Wars, como o duelo entre Luke Skywalker (Mark Hamill) e Darth Vader (David Prowse/James Earl Jones). Ao mesmo tempo, também é o filme que introduz os Ewoks, uma raça de criaturinhas que se parecem com bichinhos de pelúcia que praticamente “obrigou” Lucas a criar algo pior com Jar-Jar Binks para mostrar aos fãs que eles poderiam ter coisas bem piores com papel importante na trama.
Mais do que a história de Luke, O Retorno de Jedi marca o fim de toda a trajetória de Anakin Skywalker: ele, que abraçou o Lado Negro da Força pelo medo de perder sua amada, foi salvo pelo amor de seu filho, que o ajudou a se lembrar de quem ele realmente era e, no momento de sua morte, se redimir matando Darth Sidious (Ian McDiarmid) – e, ao morrer logo em seguida, acabar de uma vez com todos os Sith existentes, cumprindo assim a profecia de que ele seria o escolhido que traria equilíbrio para a Força. O fim dos Sith também significa, como o título indica, o retorno dos Jedi para a galáxia, e como o último representante deles Luke tinha o fardo de ser o responsável por treinar toda uma nova geração de usuários da Força e restabelecer a Ordem dos Jedi – uma tarefa que, como os filmes mais recentes da franquia mostram, não seria assim tão fácil. Mas, por um breve momento, O Retorno de Jedi nos traz aquele final feliz que todos esperavam, com uma antiga profecia se cumprindo, Luke conseguindo salvar toda sua família e a galáxia com a esperança de finalmente conseguir sua liberdade de volta agora que as bases do Império foram desmanteladas.

Star Wars: Uma Nova Esperança (1977)
Se formos tentar fazer um exercício de apontar um filme que mudou o mundo, seria um erro indicar qualquer filme que não seja Uma Nova Esperança – que em 1977 foi originalmente lançado apenas com o nome de Star Wars, e recebeu o subtítulo apenas depois que o enorme sucesso garantiu que existiriam continuações para o longa.
O que George Lucas conseguiu fazer neste filme é algo que deve ser considerado como nada além de um milagre: com um orçamento de apenas US$ 4 milhões, o diretor criou toda uma odisseia espacial com efeitos especiais de ponta que ainda hoje, quando mostrados em televisões 4K, continuam sendo extremamente bem feitos e que, ironicamente, envelheceram muito melhor do que os efeitos especiais muito mais caros aplicados na trilogia prequel dos anos 2000.
Então, se o filme ainda é bonito em 2019, eu não consigo nem imaginar o efeito que foi assisti-lo numa tela de cinema em 1977 como algo que, até então, era uma experiência única em que nada nem ao menos parecido com aquilo havia sido produzido.
Uma Nova Esperança não nos traz muitas novidades no quesito de história, e nos apresenta uma clássica “jornada do herói” como conceituada pelo antropólogo Joseph Campbell: temos um personagem que se sente desconectado do ambiente onde vive e, com a chegada de um estranho, descobre ser “o escolhido” e parte em uma jornada de autodescobrimento onde o que está em jogo é o destino do mundo.
Ainda que o filme não apresente nada muito inovador na questão narrativa, é possível cravar que nenhum outro filme foi pensado da mesma forma depois de Star Wars, que é ainda hoje uma das produções mais lucrativas da história, arrecadando um total de US$ 775 milhões em bilheteria ao redor do mundo durante os dois anos em que esteve em cartaz nos cinemas – uma arrecadação sem precedentes para um filme que teve orçamento tão baixo.

Rogue One: Uma História Star Wars (2016)
Quando a Disney retornou com a franquia na segunda metade da década de 2010, a empresa havia revelado que seu plano era lançar um filme da saga por ano, intercalando os episódios principais com filmes spin-off que entrariam em mais detalhes sobre algumas histórias e eventos que eram citados durante os filmes da Saga Skywalker – e Rogue One seria o primeiro desses spin-offs.
Mas, ao contrário de Solo, que pegou as baixas expectativas dos fãs e conseguiu mesmo assim decepcionar, Rogue One é facilmente um dos melhores filmes da franquia e mostra a verdadeira força do universo criado por George Lucas. Pela primeira vez, não temos um protagonista Jedi que brande um sabre de luz, mas um grupo de protagonistas que encontram a força para enfrentar o Império não em si mesmos, mas no trabalho em equipe. Ao invés de um filme baseado no cinema de samurai de Akira Kurosawa, onde guerreiros duelam pela honra, Rogue One é um filme de assalto ao melhor estilo Uma Saída de Mestre, em que um grupo de personagens diversos precisam aprender a transformar suas diferenças na vantagem necessária para completar o serviço: roubar a planta de construção da nova arma do Império, a mortal Estrela da Morte, capaz de destruir planetas inteiros com apenas um tiro.
Apesar de nós já sabermos exatamente como o filme vai acabar (afinal, em Uma Nova Esperança já é revelado que o grupo que roubou os planos da Estrela da Morte não conseguiu sobreviver à missão), o filme é bem-sucedido em nos contar uma história de sacrifício que nos prende em frente à tela mesmo sabendo desde o começo que ninguém iria sair vivo dali, conseguindo nos apresentar alguns dos momentos mais emocionais de todo a saga com a morte de personagens que acabamos de conhecer, o que é um feito que apenas os melhores filmes conseguem alcançar.

Star Wars: Os Últimos Jedi (2017)
Uma das coisas mais interessantes de Os Últimos Jedi é que o filme de Rian Johnson transcendeu a condição de cinema e se tornou uma espécie de litmus test, onde é possível praticamente acertar todas as visões políticas de uma pessoa apenas por sua opinião sobre ele. Nesse filme foi possível perceber que há muito mais na saga além de lutas com sabres de luz e batalhas espaciais.
E esse é o grande trunfo que o diretor Rian Johnson conseguiu trazer em Os Últimos Jedi: nos mostrar toda a complexidade inerente deste universo que até então era meio que deixada de lado pelos filmes da saga. Ao nos revelar a tentação de Luke quando descobriu que seu sobrinho tinha tendências ao Lado Negro, somos mais uma vez lembrados da espécie de “maldição” dos Skywalkers, que ao se deixar dominar pelo medo acabam criando o cenário que tanto temiam. Foi o medo de perder Amidala que fez com que Anakin abraçasse o Lado Negro da Força, o que acabou culminando na morte de sua amada; e foi o medo de Luke de ver seu sobrinho se tornar um “novo Vader” que o compeliu a pensar em matá-lo, e foi essa tentativa de assassinato que empurrou de vez o jovem Ben Solo (Adam Driver) a abandonar os ensinamentos Jedi e se tornar um Sith sobre o nome de Kylo Ren. Outro ponto onde vemos essa complexidade é no relacionamento entre Kylo e Rey (Daisy Ridley). Ambos começam a se aproximar quando Rey inicia seu treinamento com Luke e acabam até descobrindo vários pontos em comum – e se aliando para derrotar o Lider Supremo Snoke (Andy Serkis). Mas, ainda que eles possuam muitas similaridades, o filme mostra uma diferença vital no modo como eles enxergam o mundo e que os impede de estarem no mesmo lado: enquanto um acredita que são os mais fortes que devem ditar o destino dos mais fracos, o outro crê que todos devem ter a liberdade de escolher seu próprio caminho.
Assim como todos os grandes filmes da saga, Os Últimos Jedi se utiliza do metatexto para nos lembrar de algo importante em um mundo cada vez mais polarizado: mesmo que existam diversos pontos em comum, é impossível manter um relacionamento quando o ponto central de como uma pessoa enxerga o mundo exige que o livre arbítrio da outra seja esmagado para que se possa chegar a um consenso.
Ao mesmo tempo que nos faz pensar sobre os problemas da família Skywalker, o filme nos lembra que ela não é a única existente da galáxia, e deixa claro que há vários outros usuários da Força, vários outros possíveis Jedi, vários outros possíveis heróis, que podem surgir de qualquer lugar da galáxia.

Star Wars: O Império Contra Ataca (1980)

O Império Contra Ataca é uma prova de que é possível um raio cair duas vezes no mesmo lugar. Em 1977, George Lucas já havia mudado o que esperamos de um filme com o lançamento de Uma Nova Esperança, mas em 1980 O Império Contra-Ataca mais uma vez subverteu todas as nossas expectativas sobre as liberdades um filme pode tomar. E mesmo que não seja possível imaginar como as pessoas se sentiram ao assistirem Star Wars pela primeira vez nos cinemas em 1977, o mesmo não acontece com O Império Contra Ataca, e qualquer pessoa que assista ao filme pela primeira vez terá os mesmos sentimentos daqueles que o fizeram quando estreou nos cinemas.
Isso porque, ao contrário do primeiro filme, o que o destaca dos demais de sua época não são as inovações técnicas, mas o modo como ele conta a história. A cena da revelação de Darth Vader, que após cortar a mão de Luke diz que ele é o pai do herói, é talvez a virada de trama mais famosa de toda a história do cinema, e mesmo pessoas que nunca assistiram ao filme conhecem o significado por trás da frase “Eu sou seu pai”.
E não podemos esquecer também a forma como o filme termina: com Luke tendo de lidar com o fato de que seu maior inimigo é seu próprio pai, com o Império pronto para construir uma nova Estrela da Morte e com Han Solo preso em carbonita, capturado pelo caçador de recompensas Boba Fett (Jeremy Bulloch).