Conheça a trajetória de Frank Patrick Herbert Jr, autor de Duna

Frank Patrick Herbert Jr. é um dos autores de ficção científica mais cultuados da modernidade. Nascido no dia 8 de outubro de 1920 na cidade de Tacoma, no estado norte-americano de Washington, Herbert cresceu em uma família pobre. O que não o impediu de prosperar: ele é autor de Duna, saga de cinco livros que trata de assuntos que vão da sobrevivência humana à interação entre religião, política e poder.
Em 2021, a obra deve ganhar uma nova adaptação para o cinema, dirigida pelo franco-canadense Denis Villeneuve (Os Suspeitos, Blade Runner 2049) e estrelada por Timothée Chalamet, Rebecca Ferguson, Oscar Isaac e Zendaya. Até lá, vale a pena já conhecer mais sobre a vida e obra de Frank Herbert.

Carreira no jornalismo
Aos 18 anos, saiu da casa dos pais para morar com tios em Salem, no estado do Oregon, onde ingressou no ensino médio.
No ano seguinte, foi para o Arizona onde, depois de mentir sua idade na entrevista de emprego, passou a trabalhar no jornal Glendale Star, atuando principalmente como fotógrafo.
Com a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, em 1941, Herbert serviu durante seis meses como fotógrafo em um batalhão de construção naval da Marinha na campanha do Pacífico. Foi dispensado por motivos médicos e retornou ao país.

Flerte com a literatura
Mesmo como jornalista, Herbert tentava iniciar sua carreira na literatura e vendeu seu primeiro conto para a revista Esquire em 1945. No ano seguinte, ingressou como ouvinte na Universidade de Washington, na qual conheceu Beverly Ann Stuart em uma aula de escrita criativa.
Acabaram se casando e, em 1949, foram morar na Califórnia, onde viraram amigos do casal de psiquiatras Ralph e Irene Slattery. Foram eles que apresentaram a Herbert a obra de pensadores que mais tarde influenciaram sua obra, como Freud, Jung e Heidegger.

Ficção científica
Ao longo da década de 1950, Herbert conciliou sua carreira de jornalista com a de escritor. Seu primeiro conto de ficção científica, Looking for Something (“Procurando por algo”, em tradução livre), foi publicado em abril de 1952. Sua primeira novela, Under Pressure (“Sob pressão”, em tradução livre), foi lançada em série em uma revista e depois editada em livro.
Mas foi só a partir de 1959 que ele passou a se dedicar exclusivamente à carreira de escritor, quando sua esposa começou a trabalhar como redatora publicitária em uma loja de departamentos e passou a sustentar a família sozinha. Nos seis anos seguintes, dedicou-se principalmente à escrita de Duna.

Obra-prima
Segundo Herbert disse a Willis Everett McNelly, autor de The Dune Encyclopedia, a ideia para escrever Duna surgiu durante a apuração para um artigo de revista sobre as Dunas do Oregon, uma área recreativa próxima à cidade costeira de Florence.
Ele conta que ficou tão envolvido com a pesquisa que, ao final, tinha muito mais material do que o necessário para escrever o artigo – que acabou nunca sendo escrito.
Duna demorou seis anos para ser finalizado. No meio tempo, chegou a ser publicado em duas partes numa revista de ficção científica, em 1963 e 1965. O livro completo, porém, era muito longo para o padrão do gênero e foi rejeitado por 20 editoras.
Até que Herbert, em 1965, conseguiu fechar um contrato com adiantamento de US$ 7,5 mil, mais royalties, para a publicação de uma edição em capa dura com a Chilton Book Company.

Sucesso de crítica
Por sua temática variada e complexa, abordando filosofia, religião, política e ecologia, com muitos pontos de vista, Duna recebeu as duas maiores premiações do gênero ficção científica: o Prêmio Nebula, em 1965, e o Prêmio Hugo, em 1966.
Mesmo não obtendo grande sucesso de público inicialmente, a obra abriu a Herbert caminhos para novos trabalhos: voltou ao jornalismo como escritor num jornal de Seattle em 1969, passou a dar aulas como convidado na Universidade de Washington em 1970, trabalhou como consultor ecológico no Vietnã e no Paquistão em 1972, e foi diretor de fotografia em um programa de TV em 1973.

Adaptação para o cinema
Os frutos de sua obra literária só começaram a vir na década de 1970, quando Duna se tornou um sucesso. A essa altura, ele já havia publicado o segundo volume, O Messias de Duna, e se dedicava aos outros quatro livros da série.
Em 1975, houve uma primeira tentativa – fracassada – de filmar Duna, pelo chileno-francês Alejandro Jodorowsky. A façanha só foi realizada 10 anos depois, por David Lynch (Twin Peaks). A primeira adaptação foi um fracasso de bilheteria e bombardeada pela crítica, embora hoje tenha um status cult entre alguns fãs.

Fim de vida

Herbert continuou a trabalhar com literatura até sua morte. Em 1985, publicou o volume final da série, As Herdeiras de Duna. No ano seguinte, faleceu no dia 11 de fevereiro, vítima de complicações após uma cirurgia de remoção de câncer pancreático, aos 65 anos, em Madison, no estado de Wisconsin.

Bruno da Silva Inácio cursa mestrado na Universidade Federal de Uberlândia, é especialista em Gestão Cultural, Literatura Contemporânea e em Cultura e Literatura.
Ele Cursa pós-graduação em Filosofia e Direitos Humanos e em Política e Sociedade. É autor dos livros “Gula, Ira e Todo o Resto”, “Coincidências Arquitetadas” e “Devaneios e alucinações”, além de ter participado de diversas obras impressas e digitais.
É colaborador dos sites Obvious e Superela e responsável pela página “O mundo na minha xícara de café”.