O curta sobre o amor na concepção de Sarah Kane

Não sou o maior fã de aforismos. Não gosto de frases e trechos soltos, fora do contexto e fora de toda uma história, que engloba visões, sentimentos e posicionamentos. No entanto, dentro da obra de Sarah Kane há uma ressalva.
Na peça Crave, de 1998, quatro personagens ocupam o palco, dizendo frases que ora beiram o lirismo e ora beiram a loucura. No início, parecem frases soltas, dramas pessoais e insanidades. Contudo, à medida que a peça avança, é possível perceber que há uma relação entre todos os personagens, e que todas as frases ditas – por mais malucas que soem – têm sentido pleno.
O ponto alto da peça é o momento em que as frases simbolizam tudo aquilo que representa um relacionamento amoroso, das rotinas às preocupações; do romantismo aos desentendimentos; dos costumes às intimidades; do amor à raiva.

Sentimentos retratados
Todos esses sentimentos foram muito bem retratados por um curta-metragem inglês, intitulado Reflections of a Skyline, que foi gravado em um telhado de Londres, durante apenas um dia. Dirigido por Michael Tamman e Richard Jakes, o curta traz um casal de atores, Christopher Dunlop e Fiona Pearce, interpretando o trecho da peça.
Embora as falas se complementem, em nenhum momento os dois atores contracenam, o que torna o vídeo ainda mais interessante, além de fazer com que suas emoções transpareçam com ainda mais nitidez, sobretudo, pelo olhar.

Interpretações brilhantes
O que Sarah Kane fez – e os atores interpretaram brilhantemente – foi conceituar o que é amor, sentimento tão difícil e, ao mesmo tempo, tão simples de entender.
O vídeo está disponível no YouTube, com legendas em português.

Bruno da Silva Inácio cursa mestrado na Universidade Federal de Uberlândia, é especialista em Gestão Cultural, Literatura Contemporânea e em Cultura e Literatura.
Ele Cursa pós-graduação em Filosofia e Direitos Humanos e em Política e Sociedade. É autor dos livros “Gula, Ira e Todo o Resto”, “Coincidências Arquitetadas” e “Devaneios e alucinações”, além de ter participado de diversas obras impressas e digitais.
É colaborador dos sites Obvious e Superela e responsável pela página “O mundo na minha xícara de café”.